Gina Kiroff era uma criança muito criativa que adorava desenhar, pintar e usar a imaginação. “Adorava ajudar minha mãe a criar pratos e o processo de cozinhar com ela, construindo sabores, transformando ingredientes, usando diferentes técnicas, tudo culminando em um prato final”, diz Gina.
Ela conta que certa vez demorou um dia inteiro para fazer uma torta que foi devorada em questão de minutos. “Isso me chateou porque eu queria que durasse mais, antes de ser devorada”, diz ela. “Mas acredite em mim, hoje já não penso mais assim.”
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Gina levou essa paixão por comida e criação para sua carreira. Depois de trabalhar em publicidade, há 16 anos, ela ingressou na Unilever, líder de marketing em diversos alimentos e outros produtos. Atualmente, ela supervisiona a marca Knorr para a América do Norte e está focada em liderar trabalhos que tenham um impacto social positivo (a Knorr, presente em 90 países, é a segunda maior no portfólio da Unilever).
Não por acaso, Gina é responsável pela estratégia de negócios de ponta a ponta da Knorr. O foco é ajudar a marca a adotar práticas regenerativas para obter as matérias primas e ingredientes usados nos produtos da marca. Sua missão é oferecer alimentos nutritivos para todos, em todos os lugares.
Com isso, a importância de criar e manter o solo saudável veio à tona. Em 2013, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu o Dia Mundial do Solo, a ser comemorado anualmente em 5 de dezembro. Segundo a FAO, (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), 95% da nossa alimentação vem dos solos. No entanto, 33% dos solos em todo o mundo estão degradados. Nas últimas sete décadas, a quantidade de nutrientes e vitaminas nos alimentos diminuiu drasticamente.
No mês passado, no Dia Mundial do Solo, e para refletir sobre o que a indústria de alimentos pode fazer para ajudar a manter práticas agrícolas saudáveis destinadas a promover a segurança alimentar, Gina se juntou ao ex-chefe da Casa Branca, Sam Kass, em um evento em Nova York, para mostrar o poder da agricultura regenerativa.
“O jantar que você está prestes a comer custa US$ 72 (R$ 385 na cotação atual) esta noite. Em 2050, essa mesma refeição custará US$ 566 (R$ 3.000), pois os ingredientes dos quais dependemos se tornarão ainda mais escassos”, disse Kass, que foi o principal chef de cozinha da família Obama. Kass também foi o primeiro consultor sênior de políticas para nutrição e diretor executivo da iniciativa Let’s Move, de Michelle Obama.
Gina e Kass explicaram como o arroz e outros ingredientes-chave podem se tornar uma raridade, marcados a um preço em alta, se as práticas agrícolas convencionais de hoje persistirem da maneira como estão hoje. “Comida é amor. A comida é como nos expressamos. E se continuarmos em nosso caminho atual, nossos filhos e netos não poderão aproveitar o que estamos comendo aqui”, disse Kass. “Esta noite é sobre duas coisas: entender o papel da alimentação e da agricultura para as mudanças climáticas e se comprometer com um futuro alimentar acessível.” Confira a seguir, o que pensa Gina Kiroff sobre o papel da agricultura e fazenda regenerativas.
Forbes: Por que você acredita que a agricultura e as fazendas regenerativas são tão importantes?
Gina Kiroff: A agricultura regenerativa descreve práticas agrícolas e de pastoreio que, entre outros benefícios, revertem a mudança climática ao reconstruir a matéria orgânica do solo e restaurar a biodiversidade degradada do solo. Isso resulta em redução de carbono, o que significa que o dióxido de carbono é capturado da atmosfera e preso no solo. E, por sua vez, melhora a água que circula e interage com o meio ambiente.
A agricultura e a fazenda regenerativas estão reabastecendo o solo e restaurando terras. Trata-se de prosperar e implementar uma maneira totalmente nova de construir nossos ecossistemas. Imagine um ar mais limpo para respirar, florestas restauradas, suprimentos de água reabastecidos, mais colheitas, suprimentos de alimentos garantidos, habitat melhorado e biodiversidade da vida selvagem.
Forbes: Então, o que poderia acontecer com os cultivos?
Gina: No futuro, as culturas (vegetais e grãos) serão menos nutritivos se o solo continuar perdendo nutrientes e minerais. Os métodos de agricultura intensiva estão causando o esgotamento do solo. Isso porque, para produzir, esse método foi retirando quantidades crescentes de nutrientes do solo para ter os alimentos que comemos (nem sempre repostos em quantidade).
Forbes: O que a Knorr está fazendo para ajudar o meio ambiente?
Gina: Em 2021, a Knorr lançou 50 projetos de agricultura regenerativa em todo o mundo, cultivando nossos ingredientes por meio de práticas que ajudam as pessoas e o planeta a prosperar, agora e no futuro. Eles estão devolvendo mais do que recebem. Nossos projetos se baseiam em mais de uma década de colaboração da Knorr com agricultores e fornecedores, o que levou 95% de seus vegetais e temperos a serem obtidos de forma sustentável, globalmente.
O roteiro de agricultura regenerativa da Knorr faz parte do Unilever Climate & Nature Fund de um bilhão de euros (R$ 5,7 trilhões), que vão acelerar o trabalho da marca em projetos de natureza e clima. O plano da Knorr contribuirá para o compromisso da Unilever de ajudar a proteger e regenerar mais de 1,5 milhão de hectares de áreas agricultáveis, florestas e oceanos, até 2030. Os principais ingredientes como vegetais, ervas, especiarias e grãos cultivados, usando princípios de agricultura regenerativa, serão utilizados no portfólio da Knorr globalmente em produtos vendidos.
Forbes: Quais seriam suas sugestões às pessoas para que elas também se engajem na missão de tornar o planeta mais sustentável?
Gina: Existem muitas maneiras pelas quais os indivíduos podem fazer a diferença. Tudo começa com educação, aprendendo sobre agricultura regenerativa e apoiando as empresas que a adotam. Compre de produtores e marcas locais que adotaram práticas agrícolas regenerativas. Além disso, apoie organizações sem fins lucrativos e organizações de pesquisa que trabalham com agricultura regenerativa. E, se puder, cultive algum alimento próprio de forma regenerativa (nem que seja um tempero, como aprendizado).
*Jeryl Brunner é colaboradora da Forbes EUA. Também escreve para Oprah Magazine, Parade, The Wall Street Journal, InStyle, Travel Leisure, entre outras mídias. É autora do livro My City, My New York: Famous New Yorkers Share Their Favorite Places.
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