O Ibovespa está fechando preliminarmente o último pregão de 2022 com queda de 0,46%, a 109.735 pontos. Com isso, a valorização acumulada do Ibovespa neste ano é de 4,68%. Graças a uma alta nos últimos dias de dezembro, o principal indicador do mercado acionário brasileiro escapou de fechar em baixa pelo terceiro ano consecutivo.
Olhando apenas esse número, parece um desempenho fraco em um período de poucas oscilações. Porém, nada mais distante do que a realidade. Segundo Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Ideias de Investimentos, o ano que se encerra no mercado foi um divisor de águas.
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Isso começou pelos juros. “Pela primeira vez em mais de três décadas os bancos centrais optaram por contrair a política monetária em vez de simplesmente deixar que os aumentos de produtividade reduzissem os custos estruturais da economia e baixassem a inflação”, diz ele. Para Bevilacqua, esse foi o comportamento praticamente uniforme das autoridades monetárias desde os anos 1990, mas isso mudou. E o aperto da política monetária deverá prosseguir em 2023, com os banqueiros centrais se tornando muito menos complacentes com a inflação.
O segundo motivo, avalia o estrategista-chefe da Levante, foi um retrocesso na globalização. A invasão russa à Ucrânia, que começou como uma campanha relâmpago em março e agora se arrasta por quase um ano, foi a primeira ofensiva militar na Europa desde 1945. E a ofensiva russa foi acompanhada de sanções econômicas, que vão além das fronteiras da Rússia e passam pelo mercado global de petróleo. Ou seja, guerra faz preço no mercado – e vai continuar fazendo. Por tudo isso, o ano que se encerra será lembrado como um período difícil. A notícia não tão boa é que pouco desse cenário deverá mudar em 2023.
Considerando-se outros ativos, o dólar comercial fechou o pregão da quinta-feira a R$ 5,218, queda de 6,5% no ano. E a inflação também deu uma trégua. Hoje, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) acumulado de 2022. Os preços subiram 5,45%, abaixo dos 17,78% de variação em 2021. No entanto, o resultado de dezembro foi uma alta de 0,45%, após a deflação (inflação negativa) de 0,56% em novembro.
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