Ju Ferraz, da Holding Clube: uma trajetória baseada em relacionamentos

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Leca Novo

Juliana Ferraz é empresária, palestrante, influencer e comunicadora – e, em breve, escritora

Juliana Ferraz é empresária, palestrante, influencer e comunicadora: múltiplas funções que ela consegue encaixar nas 24 horas do seu dia. É que a baiana, radicada em São Paulo há 20 anos, sempre esteve acostumada a provar a que veio. “Cresci ouvindo que não ia chegar onde estou. Mas eu me preparei muito com as relações que construí”.

Hoje, é sócia e comanda a divisão de negócios da Holding Clube, na qual entrou em 2018, após convite do Victor Oliva, presidente da empresa. Ela tinha acabado de sofrer um burnout, mas encontrou todo o apoio do amigo e futuro sócio para poder se curar e encontrar uma rotina de trabalho saudável. A parceria deu mais do que certo – em 2022, por exemplo, a empresa especializada em marketing de experiências faturou mais de R$ 200 milhões. 

Vinda de uma linhagem de mulheres fortes que a inspiraram, Ju iniciou sua trajetória profissional cedo, aos 15 anos, quando perdeu o pai e, assim, a estabilidade financeira. Não parou mais. Já passou por assessorias, veículos de comunicação e empresa de cenografia até tomar a posição atual na Holding Clube, empresa-mãe de oito agências distintas. Hoje, seus projetos incluem megaproduções como Camarote Nº1 na Sapucaí, ativações de grandes marcas no Rock in Rio, festivais por todo o Brasil , além de ações para grandes marcas.

Além disso, Juliana cuida com afinco da sua marca pessoal. No seu perfil do Instagram, ela conversa com mais de 110 mil seguidores sobre o movimento “corpo livre”, autoestima e consumo. Seu foco principal é elevar mulheres, já que ela mesma já se viu muito para baixo. “Todo o meu ativismo vem da minha história de vida”, explica.

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A partir da sua história surgiu também seu projeto queridinho, batizado de B.O.D.Y (Body Open Define You), uma série de painéis e experiências voltadas para a aceitação e bem-estar. “Eu tenho que usar o meu lugar de conquista como vitrine. Por ter visibilidade, quero potencializar essa história”. O B.O.D.Y teve sua primeira edição – de sucesso – em outubro passado, e deve virar um evento semestral. 

Como se não bastasse, Juliana se prepara para lançar, em março do ano que vem, um livro que, segundo ela, “é quase um manual de sobrevivência a partir dos meus erros e acertos.” O lançamento será em Salvador, onde sua vida profissional começou.  

No fim das contas, tudo que Juliana faz passa pelo que ela tem de mais precioso: suas relações e seu dom da comunicação. “Toda a minha trajetória tem a ver com como eu me relaciono com as pessoas”, conclui.  

A seguir, Juliana Ferraz responde o questionário da Mulher de Sucesso.

O sucesso para você, hoje, significa o quê?

Ter saúde, conseguir realizar os meus planos e estar ao lado das pessoas que eu amo. 

Qual pessoa, para você, traduz a ideia de sucesso atualmente? Por quê? 

Uma mulher de sucesso para mim é Dona Canô, que teve muitos filhos artistas, os criou no interior da Bahia com muito respeito pela liberdade. Ela, apesar de ter gerado ícones da música, nunca deixou a sua essência. Ela falava que “para a gente ser feliz, precisa ter coragem”. E é isso. 

Uma qualidade que todas as mulheres de sucesso têm em comum, na sua opinião?

Humildade. O sucesso é relativo. A humildade é muito importante para aprender com o outro. Já que a gente fala de sucesso no sentido de alcançar os objetivos, quanto mais humilde, mais inteligente você fica com as trocas, acolhimento e aprendizado. 

Qual o melhor conselho, pessoal ou profissional, que você já ouviu na sua vida?

Quando eu  tinha 17 anos, trabalhava num site de lifestyle da Bahia. Minha chefe tinha um jeito de liderar confuso, e um dia eu liguei para uma tia e falei que ia embora. Ela falou “minha filha, para você alcançar seus objetivos, você precisa engolir sapo”. Aí eu entendi a importância daquele conselho e muitas vezes na minha vida eu lembro dele. A gente tem que ter muita inteligência emocional no trabalho.

O que está no seu campo de visão, todos os dias, quando se senta na sua mesa de trabalho?

O meu escritório é uma bolsa da Goyard com perfume, maquiagem, fone de ouvido, computador, caderno e muitas canetas – adoro estojo! Posso trabalhar de qualquer lugar, mas tenho uma mesa no meu quarto que foi onde aprendi português com a minha avó, e ela tem um significado imenso. Todos os dias eu acordo e vejo na minha mesa meus santos, meus orixás, meus livros, meus cremes, é uma espécie de santuário. E todas as vezes que eu tenho um desafio de trabalho eu me sento ali, porque é quase uma mesa de trabalho da sorte.

Uma coisa que você mudaria sobre a sua profissão?

Eu gostaria que minha profissão fosse mais igualitária em relação ao gênero. Ainda temos um mercado muito machista, e, se eu pudesse, mudaria isso imediatamente. É sobre ter diferentes vozes decisoras. Quanto mais diversa e inclusiva for a cadeia de decisões, mais justo vai ser o mercado.

Quando foi a última vez que você teve um momento “eureka”?

Quando bolei o B.O.D.Y. No início eu tinha um sonho, mas não sabia como materializar nem como conectá-lo com a comunidade. Um dia fui pintar o cabelo no salão e encontrei uma amiga, falei isso pra ela e ela falou “eu faço com você”. Foi um despertar e bolei num dia. Era quase como se eu tivesse tomado coragem de enfrentar a minha verdade. 

Qual foi o maior desafio da sua carreira profissional?

Me curar do burnout. Eu não tinha preparo emocional para poder me manter e para ser a profissional que eu era. Eu perdi a habilidade de negociar, argumentar, e vivia isso desde que eu tinha 17 anos. Eu renasci, porque quando eu tive um burnout tive que escolher o que eu queria ser dali para frente. As pessoas diziam para eu não falar do burnout, mas eu não sabia como eu ia sair daquilo. Foi um exercício de humildade e entrega para poder me reconstruir. Eu não era uma pessoa humilde. Não deixava as pessoas falarem, não sabia ouvir, e quando eu entendi que isso só me levava para o fundo e deixava um resíduo negativo para as pessoas que conviviam comigo eu vi que não era isso que eu queria ser. Eu tinha a necessidade de ser o centro das atenções, muito por insegurança. 

Como lidar quando os planos não têm sucesso?

A minha mudança do Glamurama para empresa de cenografia não foi uma decisão acertada. Tive que ter muita paciência e muita ajuda. Quando a gente migra de carreira é um risco. Quando eu fiz essa migração, apostei todas as fichas, mas estava numa situação não confortável, e não podia quebrar as expectativas da empresa que me contratou. Eu precisei aprender a me preparar e trazer habilidade. Paciência, clareza para estudar a estratégia de mudança e pedir ajuda são necessários. 

Do que você abriu mão na vida pessoal, em nome do nome do sucesso profissional?

Muita coisa. De momentos com meu filho – passei 10 anos seguidos longe dele no Réveillon, porque era uma data em que eu trabalhava, era muito difícil. Não vi ele falar “mamãe”, não vi o primeiro dente nascer. Meu primeiro casamento acabou por causa do trabalho e vi muita coisa passar diante de mim porque eu estava trabalhando. 

Do que você jamais abrirá mão em nome do sucesso?

Estar com a família, ter saúde, ser uma mulher ética. E é inegociável ser eu. A gente veste roupas e personagens para agradar o outro, mas a Juliana de hoje sou eu, é a que tem. 

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