O canabidiol (CBD) é uma substância extraída da planta Cannabis. Relatos do uso da erva para fins medicinais datam de 2.000 anos, com descrições dos seus efeitos para o alívio de dores e inflamações. A cada dia que passa, a substância se consolida na medicina como coadjuvante no tratamento da Esquizofrenia, Parkinson, Alzheimer, isquemias, diabetes, náuseas e câncer (como analgésico e efeito anti-inflamatório).
De uns tempos pra cá, a indústria da beleza descobriu os seus benefícios. Só em 2019, o mercado global de skincare com ativos atrelados ao canabidiol movimentou US$ 580 milhões. Estima-se que esse número chegue a US$ 1,7 bilhão até 2025, de acordo com levantamento da consultoria Million Insights. Marcas, como a GreenCare e a Avon, lançaram suas linhas de cosméticos à base de canabidiol, e algumas farmácias brasileiras de manipulação já formulam produtos tópicos contendo o CBD para o tratamento da acne e rejuvenescimento da pele, prescritos obrigatoriamente diante de receita controlada (receita azul).
Antes de qualquer tipo de polêmica, vale explicar que o canabidiol é uma molécula quimicamente ativa encontrada nas plantas da família da Cannabis sativa, que inclui tanto a maconha quanto o cânhamo. Ao contrário do canabinoide mais conhecido, o THC (tetrahidrocanabinol), o CBD não é psicoativo. Ou seja, ele não oferece o efeito recreativo obtido com o fumo da maconha. Diversos estudos, tanto in vitro (feitos nos laboratórios) quanto in vivo (realizado em pessoas) demonstram o uso promissor da substância no tratamento de doenças inflamatórias da pele, como a dermatite atópica, uma vez que o canabidiol ativa o sistema endocanabinóide do indivíduo, composto por receptores e enzimas que se acredita ajudar a regular uma variedade de funções no organismo humano, como sono, humor, memória, apetite e sensação de dor.
Leia mais em: Skinimalismo: uma nova tendência de skincare
Além dos seus efeitos anti-inflamatórios, relacionados à redução de dor, coceira e vermelhidão, que despontam a substância como uma promessa para o tratamento de eritemas, edemas e rosáceas, o canabidiol vem ganhando fama por suas ações antienvelhecimento e antiacne. Segundo a empresa GreenCare, estudos que avaliaram a utilização do canabidiol para o tratamento da acne indicaram queda de 75% na produção de sebo, 20% de aumento de hidratação e 80% de melhora na aparência da pele. Já nos cosméticos anti idade, o canabidiol aparece como auxiliar no processo de revitalização da pele, combatendo os sinais do envelhecimento e reduzindo a aparência de linhas, rugas estáticas e rugas dinâmicas.
Finalizo ressaltando a necessidade de mais estudos e maiores comprovações científicas a respeito dos
efeitos do canabidiol na dermatologia. No entanto, o ativo parece mesmo mais uma opção para o rejuvenescimento.
Dra. Letícia Nanci é médica do Hospital Sírio-Libanês, médica responsável pela Clínica Dermatológica Letícia Nanci; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
Coluna publicada na edição 101 da revista Forbes, em setembro de 2022.
O post Tendência: cosméticos à base de canabidiol apareceu primeiro em Forbes Brasil.