Como leilão em Miami movimentou R$ 200 milhões com neoclássicos

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Foto: RM Sotheby´s / Divulgação

Ferrari F50 de 1995 foi arrematada por US$ 5.395.000

Em sua última assembleia geral, celebrada em novembro na capital da Bulgária, Sófia, a Fédération Internationale des Véhicules Anciens externou estar encantada por perceber maior presença dos jovens no antigomobilismo, o que a entidade considera essencial para assegurar o futuro do colecionismo de veículos clássicos.

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“Às vezes, atrair entusiastas mais jovens parecia uma colina difícil de escalar”, avaliou o recém-reeleito presidente da FIVA, Tiddo Bresters, que usou o próprio evento como termômetro: “entre os cerca de 200 participantes que se juntaram a nós em Sófia (120 pessoalmente e o restante online), a grande maioria dos delegados de Marrocos, Turquia, México, Índia e Europa Central e Oriental tinha menos de 50 anos, com muitos em seus anos 30 e 40”.

Explica, em parte, por que um leilão da RM Sotheby´s – realizado no último domingo (10) num prédio modernista assinado pelo escritório suíço Herzog & de Meuron e localizado em South Beach, Miami (EUA) – movimentou US$ 40 milhões (R$ 212,7 milhões na cotação atual) oferecendo majoritariamente superesportivos dos anos 1980, 1990 e 2000 – o que se convém chamar no antigomobilismo de neoclássicos. Ou youngtimers.

Foto: RM Sotheby´s / Divulgação

Exemplar é o oitavo do total de 349 produzidos e rodou apenas 1.000 km

O mais caro foi uma Ferrari F50 de 1995, arrematada por US$ 5.395.000 (R$ 28.598.895). Não se trata de qualquer F50, é verdade: das 349 produzidas é a oitava e registra no odômetro nada além de 1.000 quilômetros, divididos entre dois proprietários. Nas costas do motorista reside um 4.7 V12, de 520 cv.

Foto: RM Sotheby´s / Divulgação

Inspirado em carros da F-1, modelo tem interior espartano

Na sequência aparece um Bugatti Chiron Sport 2019, vendido por US$ 3.305.000 (R$ 17.519.805), acompanhado por outros três ícones da categoria neoclássicos: Ferrari F40 1990 (US$ 3.250.000 / R$ 17.228.250), Ferrari Enzo 2003 (US$ 3.195.000 / R$ 16.936.695) e Porsche 959 SC 1988 (US$ 2.920.000 / R$ 15.478.920).

Foto: RM Sotheby´s / Divulgação

Porsche 959 SC

O domínio dos youngtimers no leilão de Miami da RM Sotheby´s segue com superesportivos raros, como Porsche Carrera GT 2005, Bugatti EB110 GT 1994, Mercedes-Benz SLR McLaren 722 Edition 2007, Lamborghini Countach 25th Anniversary by Bertone 1989 e Bentley Turbo RT Mulliner 1999, entre outros.

Foto: RM Sotheby´s / Divulgação

Bugatti EB110 GT

Dos 58 carros ofertados, apenas cinco (Ferrari 365 GTS/4 Daytona Spider by Scaglietti, Ferrari 365 GT4 BB by Scaglietti, Ferrari 512 BB, Jaguar E-Type Series 3 V12 Roadster e BMW Alpina B6 2.8) emergiram dos anos 1970.

Corrobora, em parte, uma pesquisa divulgada em 2020 pela Hagerty que contrariava o senso comum: as gerações Y (aquela de pessoas nascidas entre 1981 e 1996) e Z (1996 a 2010) se interessam, sim, por veículos clássicos, sendo os tipos de motoristas com mais probabilidade de ter ou querer um antigo do que seus pais e avós.

Cerca de 10 mil motoristas dos EUA foram abordados pela seguradora americana. Que à época anotou: 25% dos Millennials, como também são chamados os indivíduos da geração Y, alegaram ter um carro clássico. Entre os das eras Z, X (surgidos entre 1965 e 1979) e Baby Boomers (1946 e 1964), 22%, 19% e 13% declararam o mesmo, respectivamente. No Brasil, a idade média do antigomobilista é de 52 anos.

Desde 2017 a Hagerty registra alta na procura por cotações e avaliações de apólices requisitadas por pessoas das gerações Y e Z, concentradas em modelos fabricados entre 1990 e início dos anos 2000 – os tais neoclássicos que dominaram o leilão de Miami.

De volta à assembleia da FIVA, Bresters encerrou o evento otimista: “acredito que o movimento histórico de veículos tem mais motivos para otimismo do que em qualquer outro momento do passado recente”.

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