Após um ano de forte volatilidade para os preços de insumos agrícolas, a expectativa é de que 2023 seja um período “mais normal“ para as cotações de fertilizantes e defensivos, avaliou o presidente da Nutrien para América Latina, André Dias, hoje (12).
Em entrevista à Reuters, ele lembrou que a guerra na Ucrânia gerou preocupações sobre a falta de fertilizantes, o que fez disparar os custos de adubos que já vinham relativamente altos, especialmente para o Brasil, que importa cerca de 85% de suas necessidades.
Depois, com a dissipação dos temores de escassez, os valores caíram pela metade, um mercado volátil que atrapalha o planejamento de agricultores e também de empresas do setor.
“A guerra na Ucrânia gerou toda sorte de expectativa de falta de produtos. Após maio, começaram a cair os preços“, disse ele citando que alguns insumos tiveram os valores reduzidos pela metade.
“Tirando esse tipo de coisa, a expectativa é que 2023 seja um ano mais normal, não deveria ter razão para termos tanta volatilidade como tivemos este ano”, acrescentou Dias, que já ocupou cargos de liderança na Nidera Sementes e Monsanto, entre outras.
Segundo ele, atualmente o mercado está mais “assentado”, ainda que existam algumas preocupações a respeito de uma sobretaxação de fertilizantes pela Rússia, conforme notícias citadas pelo executivo, cujas consequências ainda são incertas.
Nos defensivos agrícolas, a lógica é a mesma, com o importante herbicida glifosato registrando queda acentuada de preços após uma disparada.
Ainda que sem revelar projetos da Nutrien para 2023, Dias afirmou que a empresa mantém os planos de seguir crescendo no Brasil por meio de aquisições e expansões orgânicas, impulsionado pela força da agricultura brasileira, mas também pelas grandes oportunidades de consolidação do setor de insumos no país, com mercado ainda bastante fragmentado.
Em 2022, a Nutrien investiu US$ 500 milhões no Brasil, incluindo recursos gastos com aquisições.
Ao longo dos últimos três anos, a Nutrien adquiriu oito empresas no Brasil, sendo sete do varejo de insumos agrícolas, enquanto o faturamento aumentou 20 vezes no período, devendo encerrar 2022 perto de R$ 8 bilhões.
Segundo Dias, a Nutrien se considera como uma das principais empresas consolidadoras do mercado de varejo de insumos agrícolas, no qual disputa com empresas como Lavoro, do fundo Pátria Investimentos, e Agrogalaxy.
“Somos os principais consolidadores desse mercado, o Brasil tem um longo caminho de consolidação desse mercado”, observou ele, acrescentando que EUA, Canadá e Austrália já têm um setor consolidado, com poucas empresas detendo fatias relevantes.
“A estratégia de crescimento não muda, temos crescido tanto organicamente quanto com aquisições”, comentou, destacando que em 2022 a companhia espera expansão orgânica de 70% sobre 2021.
A Nutrien, que vende insumos com marcas próprias e de terceiros, busca ainda ser uma plataforma de soluções e serviços para o agricultor, incluindo financiamento e consultoria agronômica.
Diferentemente da operação na América do Norte, onde a Nutrien se notabiliza também pelas suas minas de fertilizantes potássicos, no Brasil a empresa conta com quatro misturadoras de matérias-primas de adubos importados e está em processo de investir em mais duas, disse o executivo.
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