O PIB (Produto Interno Bruto) do agro Brasil deverá crescer até 2,5% em 2023 em relação a 2022, quando a quebra de safra de soja e a alta de custos pressionaram os resultados do setor, estimou hoje (7), a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
A principal entidade representativa do setor agrícola do Brasil destacou que a projeção sinaliza uma recuperação ante 2022, que deverá fechar com queda de 4,1% no PIB do agro, depois de registrar recordes em 2020 e 2021.
A confederação avalia, contudo, que 2023 será um “ano de desafios, tanto no ambiente interno quanto no cenário externo, em que poderá haver uma margem de lucro menor”, com redução de receita para o produtor rural e alta dos custos de produção na atividade.
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Em 2022, o setor já lidou com a elevação dos preços dos defensivos e fertilizantes, que subiram mais de 100% neste ano. “Foi um dos maiores (custos) dos últimos anos. Produtores que já tinham comprado os insumos para a safra que se encerrou em 2022, de certa forma ainda foram razoáveis, como para o arroz, milho, soja e trigo. Mas o custo para essa safra, a 2022/23, com insumos comprados do início do ano, até meados do ano, que estão sendo utilizados agora, de setembro para frente, foram com valores elevadíssimos”, afirma Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA.
Para o executivo, o cenário global, que nos últimos dois anos se mostrou mais instável em função das adversidades trazidas pela pandemia, perduram. “Nesse ano, no cenário de crise energética e de alimentos, numa discussão mais sobre segurança alimentar no mundo, muitos países tiveram uma ampliação muito grande da inflação de alimentos, alguns com problema de abastecimento”, diz Lucchi.
A CNA ainda citou que incertezas sobre o controle das despesas públicas e a condução da política fiscal devem impactar os custos do setor agropecuário, sobretudo em questões tributárias, enquanto a taxa Selic elevada acarretará em mais custo para o crédito para consumo, custeio e investimento.
“Antes das eleições (presidenciais) nós fizemos um documento com o que esperávamos de um próximo governo. E mostramos que o Brasil precisa de grandes reformas”, afirma João Martins, presidente da CNA. “O governo não pode achar que precisa criar ou aumentar impostos para cobrir despesas. E mostramos que é preciso reforma tributária. Queremos a simplificação dos impostos.”
As previsões de desaceleração do PIB mundial podem influenciar o comportamento das exportações brasileiras do agro no próximo ano. A estimativa para a safra de grãos 2022/2023 é de um aumento de 15,5% (ou 42 milhões de toneladas) em relação a 2021/2022, atingindo 313 milhões de toneladas, segundo a CNA, que citou crescimento da área plantada e recuperação da produtividade da soja após a seca impactar o Sul do país em 2022.
A balança comercial do agronegócio, em 2022, cresceu. O Brasil exportou US$ 148,3 bilhões em produtos do campo, tomando os meses de janeiro a novembro, com o período praticamente encerrado. Isso equivale a 48% do total exportado pelo Brasil. “Importante destacar que houve um crescimento em valor e volume, o que não aconteceu em 2021”, diz Sueme Mori Andrade, diretora de relações internacionais da CNA.
Os principais produtos exportados foram soja em grãos, com US$ 45,4 bilhões (+21,9%); carne bovina in natura, com US$ 11,1 bilhões (+50,2%$); milho, com US$ 10,4 bilhões (+209,7%); farelo de soja, com US% 9,8 bilhões (+46,5%) e açúcar bruto, com US$ 9,1 bilhões (+23,6%). Dos produtos importados, o trigo segue soberano. O Brasil gastou US$ 1,8 bilhão, um crescimento de 21,9% em relação a 2021. (Com Reuters)
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