Em seu Outlook 2022/2031, a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO, das Nações Unidas) dá notícias de sua expectativa de produção de alimentos no mundo até 2031. Naturalmente, uma análise sobre esse trabalho contém muitos números, o que a torna um tanto cansativa, mas vale a pena uma olhada superficial nos dados, considerando que os aumentos indicados são surpreendentemente baixos.
Aqui, tratarei de soja, milho, trigo, carnes e açúcar, e dos seus cinco principais países produtores.
No caso da soja, de 2022 a 2031, o país com a maior taxa de crescimento de produção deverá sera China: 1,2%, devendo atingir 21 milhões de toneladas (Mt). Brasil e Argentina estarão quase empatados na faixa de crescimento: 0,87% (mas o Brasil produzirá 147 Mt; a Argentina, 53 Mt); os Estados Unidos em 0,74%, alcançando 129 Mt. A União Europeia, só para se ter uma ideia, deverá crescer 2,23%, mas o volume produzido pode chegar no máximo a 3,8 Mt. E o total mundial será de 411 Mt.
Para o milho, a produção global em 2031 deve ser de 1.335 Mt, sob a liderança dos Estados Unidos (crescerão 0,57%, produzindo 405 Mt), seguidos da China (com aumento de 1,09%; volume de 297 Mt); depois vem o Brasil (cerca de 123 Mt, com crescimento de 1,64%, o maior de todos). A União Europeia chegará a 68 Mt; a Argentina, a 66 Mt.
A safra mundial de trigo em 2031 chegará a 840 Mt, e o Brasil ainda será muito pequeno
produtor, com menos de 8 Mt, mas crescendo 1,52%, abaixo apenas da Rússia, que crescerá 1,55%, chegando a 92 Mt. Mas os grandes produtores serão China (136 Mt), UE (126 Mt), e Índia (124 Mt). Os EUA produzirão 52 Mt.
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Em açúcar, o Brasil terá o maior crescimento (2,57%) e continuará com o título de maior produtor mundial, com 44 Mt, seguido por Índia (32 Mt, crescendo quase zero), UE (16 Mt), China (10,5 Mt) e EUA (8,5 Mt). Cabe aqui uma observação digna de nota para esse alimento essencial: nenhum outro país crescerá mais de 1%, menos da metade do aumento do Brasil. O total mundial deverá alcançar 190 Mt.
Nas carnes, há diferentes aproximações. Em carne bovina, os EUA deverão ser os maiores produtores em 2031, com 12,5 Mt, seguidos por Brasil (9,4 Mt), China (7,2 Mt), UE (6,6 Mt) e Índia (2,7 Mt). Mas muitos outros países serão produtores, uma vez que o total mundial chegará a 76 Mt. A produção de carne de porco será liderada pela China (57 Mt), seguida por UE (22 Mt), EUA (13,2 Mt), Brasil e Rússia (4,6 Mt). Mas a carne mais consumida será a de frango, com uma produção mundial de 153,8 Mt, visto que a de porco será de 129 Mt e a bovina, de 76 Mt. A China deverá ser o maior produtor, quase empatada com Estados Unidos (ambos na casa dos 24 Mt), seguidos por Brasil (15 Mt), UE (14 Mt) e Rússia (4,8 Mt).
Como se pode observar, o Brasil estará sempre entre os cinco primeiros colocados, à exceção do trigo. Mas, mesmo nesse produto, podemos surpreender os estatísticos da FAO: vamos plantar no Cerrado e já temos excelentes resultados.
Roberto Rodrigues é engenheiro agrônomo, agricultor, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV e embaixador especial da FAO para Cooperativas. Participa de diversos conselhos empresariais, institucionais e acadêmicos.
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Artigo publicado na edição 100, de setembro de 2022.
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