Ele trocou uma empresa de sucesso por uma ótica falida. E deu certo

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Gustavo Freitas, sócio do Mercadão dos Óculos

Trocar um negócio falido por um bem-sucedido é o sonho de muitos empreendedores, mas existem alguns que preferem fazer o contrário. Esse foi o caso de Gustavo Freitas.

Advogado de formação, Freitas começou a empreender em 2012, quando se juntou a um sócio e abriu a empresa Sr. Computador, que prestava serviços de manutenção e assistência para computadores.

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Em pouco tempo a companhia entrou no modelo de franquias, buscando aumentar o raio de atuação. Em dois anos, já haviam sido abertas 60 e o faturamento chegou a R$ 12 milhões. Apesar dos números parecerem animadores, Freitas decidiu mudar de rumo.

Em 2013, o empreendedor conheceu o Mercadão dos Óculos, uma ótica pequena do interior paulista, que tinha dez franqueados e dava prejuízo. A oportunidade o animou. Freitas vendeu sua participação na Sr. Computador e comprou metade da rede de óticas apostando no desafio de reconstruí-la.

“Eu sabia que o segmento ótico tem uma margem bastante interessante, que consegue remunerar a franqueadora e o franqueado de forma saudável”, diz Freitas. “Aí surgiu a oportunidade de comprar metade do Mercadão dos Óculos e eu entrei de cabeça nessa jornada.”

Ao analisar o que era necessário para melhorar o desempenho da companhia, Freitas percebeu uma grande oportunidade de expansão para cidades pequenas, onde não havia concorrência. Foi necessário reavaliar a linha de produtos, os preços e a forma como a empresa se mostrava para o mercado, mas deu certo.

Assim, em 2014, a companhia dobrou o tamanho e atingiu 20 unidades. Um ano depois, já eram 50 lojas. Hoje, o Mercadão dos Óculos tem 700 pontos espalhados pelo país.

Treinamento

Para crescer, Freitas conta que foi necessário desenvolver um método de treinamento voltado para os franqueados, gerentes e demais funcionários. Assim nasceu a Universidade Corporativa do Mercadão dos Óculos, carinhosamente apelidada de UCM.

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“Com a reestruturação, nós sentimos a necessidade de transferir a nossa cultura para todos os nossos funcionários, fazendo com que os clientes se sentissem da mesma forma em qualquer uma de nossas unidades”, conta Freitas. “Para nós, investir em gente é fundamental.”

Atualmente a plataforma tem mais de 500 horas de aulas gravadas e mais de 30 treinamentos presenciais que são realizados ao longo do ano.

Tecnologia

O sócio conta que o diferencial do Mercadão dos Óculos em relação a outras grandes redes de óticas é a tecnologia.

“Nós não acreditamos que fazer óculos pode ser uma coisa tão simples como comprar um remédio”, diz Freitas. “Não é simplesmente pegar a receita do médico e produzir a lente. É preciso saber da rotina do consumidor, da sua necessidade e adequar o produto a isso.”

Para atingir essa expectativa, a empresa desenvolveu um aplicativo que mostra ao cliente o benefício que cada tipo de lente pode trazer. Por lá, são mais de 100 lentes disponíveis, 90% de fabricação própria.

“Nossa intenção é dar opções para que o cliente tome a melhor decisão pensando em sua rotina e também no seu bolso. Hoje, as nossas lentes partem de R$ 60 e podem chegar até R$ 7 mil, então o que não falta a opção”, afirma Freitas.

Fabricação própria

A decisão por fabricar a própria matéria-prima foi embasada em dois pontos: facilidade de logística e custo mais baixo.

Freitas conta que o Mercadão dos Óculos tem 12 laboratórios homologados em todo o país, que abastecem as 700 franquias da marca. “Essa estratégia facilita nossa logística de produção e entrega para os franqueados.”

Ele ainda afirma que a opção por trazer a produção para dentro de casa reduziu muito os custos. “Nossos produtos chegam a ser até 50% mais baratos para os franqueados, o que proporciona uma margem de lucro de 30%”, diz Freitas.

Com isso, a expectativa do empreendedor é ultrapassar gigantes como a Óticas Diniz e a Óticas Carol em três anos e ocupar o primeiro o posto de maior rede de óticas do Brasil.

Até lá, Freitas espera passar de R$ 500 milhões em faturamento de 2022 para R$ 700 milhões em 2023 e, ao final de três anos, ultrapassar a barreira de R$ 1 bilhão.

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