Equipes corporativas precisam fazer mudanças rápidas e buscar novas estratégias regularmente. Elas têm que se ajustar às novas condições e competições. E o mesmo acontece com times esportivos.
Talvez a mudança rápida básica que confronta equipes que jogam na grama ou nas quadras seja aquela que acontece no intervalo. Seja no futebol, vôlei ou basquete, são muitas as histórias de jogos em que uma mudança no meio do caminho fez a diferença.
Enquanto é comum que reuniões de trabalho atrasem um pouco, o intervalo de jogo é extremamente curto. Não há tempo para fazer uma pausa de planejamento estratégico que leva um dia inteiro. Você pode ter 15 minutos para salvar uma temporada. Esse simples quarto de hora pode ser uma meta viável quando se olha para a capacidade de qualquer equipe de tomar decisões acertadas, mesmo em cenários que não envolvam uma bola ou o grito da torcida.
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O líder vs a equipe
Existe uma tendência do líder de uma equipe, seja um treinador ou o CEO, avaliar sozinho a situação e depois fazer ajustes. Pode haver uma nova configuração do time, substituindo um jogador ou algo parecido. Existem paralelos óbvios com uma equipe em uma empresa de software ou manufatura, por exemplo.
Estar nessa posição é supostamente o motivo pelo qual o chefe ganha um grande salário. No entanto, essa abordagem de liderar de cima para baixo significa que as outras pessoas experientes da equipe são reduzidas a testemunhas, e não a colaboradores. Esses podem ser os jogadores, treinadores adjuntos ou talvez o gerente de equipamento parado no canto. Cuidado para não pensar que o único cara de terno sabe mais sobre o trabalho do que aqueles de chuteiras e shorts – ou os que usam uniformes.
A realidade é que o conhecimento da equipe pode superar o indivíduo mais inteligente da sala – e promover mudanças mais rápidas e com mais adesão. Afinal, os jogadores de um time inevitavelmente têm uma tonelada de experiência e conhecimento agregados que um treinador não possui.
Mas como liderar a equipe e extrair a sabedoria coletiva de um grupo para que as melhores ideias e soluções possam ser postas em prática rapidamente? Aqui estão alguns exercícios de equipe colaborativa tirados de práticas eficazes de facilitação de reuniões. Eles são usados para aproveitar efetivamente o conhecimento de uma equipe em menos tempo do que a duração do intervalo.
Liderar com a equipe
Como líder geral, procure maneiras de trazer toda a experiência da equipe, em vez de agir sozinho como figura executiva. Sim, uma reorganização no intervalo não tem muito tempo, mas ainda oferece espaço para respirar e trazer outras vozes e conhecimentos. E, em reuniões de negócios que duram horas, de repente parece haver um luxo de tempo para trabalhar na contribuição dos outros.
Hora de Refletir
É verdade que um intervalo fornece apenas alguns minutos para avaliar o que está acontecendo e então reagir. Ainda assim, se você der às pessoas apenas 60 segundos, isso pode trazer benefícios reais, em vez de exigir uma resposta imediata e seguir em frente. Permitir que os membros da equipe tenham algum tempo para pensar é um instinto difícil para os gerentes quando as reuniões são mais voltadas para a ação imediata do que para a reflexão. Tente fazer uma pergunta e dizer às pessoas para pensarem calmamente por um curto período de tempo antes de pedir ideias e respostas.
Forme pares
Muitas vezes, quando um líder pede feedback de todos, a expectativa é de que todos tenham a chance de falar pelo mesmo período de tempo, mas isso raramente acontece. E deixar cada um dos jogadores de uma equipe da Copa do Mundo falar por 30 segundos esgotaria o tempo no intervalo antes que alguém pudesse sintetizar esses pensamentos. Conseguir o feedback dos jogadores em uma lista maior da NFL levaria o dobro do tempo.
Em vez disso, amplie as discussões e pensamentos que podem acontecer com o processamento paralelo. Com um método chamado Think-Pair-Share, você pedirá a cada jogador que pense em uma boa tática para mudar – isso pode levar um minuto. Em seguida, as pessoas formam pares e discutem rapidamente sobre suas ideias: isso pode durar dois minutos. E depois eles voltam para o grupo completo para decidir. Essa técnica de facilitação que traz diversas vozes é muito usada e pode ser feita no mesmo tempo que, de outra forma, levaria duas ou três pessoas para tagarelar sobre seus próprios pensamentos em um grande círculo.
Dê orientação
Quando um líder pede a opinião dos membros da equipe, muitas vezes isso não tem um foco e é feito com pouco tempo de preparação. A reunião começa e o líder pergunta: “O que você acha?” E quando isso é recebido com olhares vazios, ele acredita que perguntar à equipe não ajudou.
As pessoas podem dar um feedback valioso, mas os resultados serão melhores com alguma preparação. Primeiro, diga à equipe que você realmente quer ideias; estabeleça esse padrão em várias reuniões. Em seguida, reserve um tempo para ouvir essas ideias e definir a expectativa antes do jogo – ou da reunião trimestral – em vez de apenas pedir feedbacks improvisados em um momento de crise.
Além disso, embora ter tempo para pensar em questões amplas seja algo bom, dar orientações para as pessoas pensarem pode ser benéfico. Portanto, em vez de uma abordagem muito aberta como: “O que devemos fazer?”, faça perguntas pontuais mais no estilo de: ‘Quais são suas fraquezas? Como eles estão explorando nossa situação? Qual é o único ajuste que poderíamos fazer com o maior impacto?’
Simplesmente dar sugestões à equipe sobre o que considerar é útil, mas você também pode abrir espaço para eles realmente anotarem ideias e se prepararem para uma reunião. As pessoas não são boas em fazer malabarismos com muitas ideias em suas cabeças ao mesmo tempo. Imagine, por exemplo, os jogadores no banco fazendo anotações focadas e falando sobre estratégias com a expectativa de que suas ideias vão afetar o resultado final durante o intervalo, em vez de assistir passivamente ao desenrolar do jogo.
Visualize as informações
Você verá uma grande coleção de post-its com ideias no vestiário hoje? Normalmente, não. Mas essa é uma técnica de facilitação simples que ajuda as equipes a entender rapidamente questões complicadas e tomar decisões. Existem muitas abordagens diferentes para isso, mas cada membro da equipe pode ser chamado para colocar uma sugestão em um post-it e deixá-la na parede. As notas são então agrupadas em categorias. O processo fornece uma visão realmente rápida e valiosa sobre o que todos estão pensando e economiza um tempo de conversa desnecessário.
Se o treinador tomar uma decisão com base nessa visualização colaborativa, provavelmente ainda haverá mais adesão e coesão dentro do vestiário, sabendo que pelo menos todos foram ouvidos.
Consenso e votação ampla
Especialmente quando o tempo é curto, os grupos recorrem a uma votação rápida para escolher um caminho. Devemos fazer X ou Y? Um ganha e o outro perde. Em vez de uma escolha binária, pode fazer sentido usar votação múltipla ou uma variedade de abordagens baseadas em consenso para encontrar soluções que realmente reflitam o grupo inteiro. Isso pode significar que há quatro opções e todos têm direito a dois votos. Ou pode significar que aqueles no campo minoritário têm a oportunidade de propor uma alternativa, em vez de serem completamente excluídos.
Felizmente, a maioria das equipes não precisa realizar mudanças importantes em um intervalo de 15 minutos. Mas ser capaz de tomar boas decisões rapidamente é um divisor de águas para qualquer organização. E mesmo adicionar uma única dessas táticas pode ser uma jogada vencedora para sua equipe.
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