Megan Thee Stallion está criando um império apoiado por grandes marcas

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Ramona Rosales para Forbes

A rapper Megan Thee Stallion está em uma briga judicial com sua ex-produtora por royalties, que junto com produtos, renderam a ela US$ 13 milhões e 2022

São 11:30 da noite em outubro e Megan Thee Stallion está ao vivo em Nova York. A sensação do hip hop anima seus fãs no palco do Saturday Night Live vestida com um tubinho preto e um corpete brilhante, com o cabelo chegando aos tornozelos.

Nesta noite, Megan irá ser tanto a apresentadora quanto a convidada musical do SNL, ao lado de artistas como Jennifer Lopez, Mick Jagger, Queen Latifah, Debbie Harry, Elton John e Ray Charles, que já fizeram esse duplo papel no programa. Ela termina sua fala de abertura e corre ao backstage para a primeira para várias mudanças de figurino. Um uniforme de médico rosa-choque para uma cena na qual ela estaria em um hospital e, depois, suéter e jeans em uma cena em uma cabana na floresta. Em seguida, a rapper vencedora do Grammy aparece em um traje de gala para cantar seu novo single “Anxiety”, que fala sobre as dificuldades e o estresse de ser uma celebridade.

“Não posso desacelerar agora”, diz Megan Thee Stallion que, segundo estimativas da Forbes, ganhou US$ 13 milhões (R$ 69,93 milhões) em 2022 vindos de uma combinação dos royalties das músicas, venda de ingressos dos shows, patrocínios e venda de produtos. Dar uma pausa na carreira? Nem pensar. “Tiro um tempo para descansar quando estiver morta”, diz a cantora. “Realmente estou tentando construir algo. Quando eu começo a descansar, sinto como se não estivesse fazendo o suficiente ou que estou dando a oportunidade para alguém se sair melhor do que eu.”

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Desde 2019, Megan esteve no topo da indústria do hip hop, indo de se apresentar por US$ 500 (R$ 2,69 mil) na sua cidade-natal em Houston para fazer parcerias com as maiores estrelas da música, como Beyoncé, Nicki Minaj, BTS e Dua Lipa. Em 2020, Cardi B chamou Megan para uma colaboração na música “WAP”, um hino sobre empoderamento sexual das mulheres – e que acabou se tornando o hit do ano, com quase dois bilhões de visualizações no Spotify e no YouTube. “Essa música foi feita para ela. Eu não acredito que faria sentido para qualquer outra artista”, disse Cardi B. “Ela deu um brilho à música.”

Megan, que foi homenageada na lista Forbes Under 30 dos Estados Unidos em 2020, é um símbolo de uma nova geração de rappers mulheres. Ela tem comportamento parecido com Cardi B, City Girls e Doja Cat, adotando um estilo atrevido sem qualquer hesitação – o qual, antes, era quase exclusivamente usado por homens. Milhões de jovens fãs mulheres, às quais Megan chama de “gostosas” (“hotties”, em inglês), não se cansam de admirar a cantora. “Ela é poderosa e tão sexy”, diz Cardi B. “Ela é a Megan mega-milhões.”

Marcas valendo bilhões de dólares – as quais, há uma década atrás, não iriam querer se associar à cantora – estão fazendo fila para parcerias com Megan. Ela recentemente assinou patrocínios com Nike, Revlon, o serviço de pagamentos Cash App e a rede de fast food Popeyes. “A influência cultural que o hip hop e seus artistas têm é inigualável”, afirma Stacy Taffet, uma top executiva de marketing na fabricante de salgadinhos Frito-Lay, que fez uma parceria com Megan para impulsionar seus cheetos apimentados. “Nossa campanha do Super Bowl foi melhor do que muitas das coisas que fizemos no passado e superou nossas expectativas.”

Esqueça patrocínios genéricos. Megan está interessada somente em campanhas de publicidade que reflitam seu poder e estilo. “Não posso fingir”, ela diz. “Se eu não estou naturalmente envolvida com o produto, eu não quero vendê-lo.”

Pegue como exemplo a propaganda da cantora com a Cheetos durante o Super Bowl, estimada em US$ 2 milhões (R$ 10,76 milhões). Durante a final do campeonato de futebol americano, Megan e a estrela do pop Charlie Puth não apareceram no comercial. Eles simplesmente emprestaram suas vozes aos personagens, que eram criaturas da floresta. Entretanto, nas semanas que antecederam o lançamento da propaganda, as celebridades postaram os vídeos com frequência, usando seu público nas redes sociais para aumentar a expectativa. A rapper tem 50 milhões de seguidores pelo Instagram, TikTok e Twitter.

Na sua campanha com o Cash App, o aplicativo de banco e trading de criptoativos do banco Block, Megan produziu um apelativo vídeo de instruções para ensinar conceitos básicos de finanças ao público jovem. Um acordo de, aproximadamente, US$ 1 milhão (R$ 5,37 milhões) com a Popeyes criou um molho em referência a Megan, o “molho gostoso” (“hottie sauce”, em inglês) e US$ 250 mil (R$ 1,34 milhões) para ela abrir seu próprio restaurante da rede de fast food. “Não vou vender coisa alguma aos gostosos [seus fãs] sem ter meu próprio espaço e negócio.”

Antes de adotar o nome artístico Megan Thee Stallion, ela era Megan Pete. Sua mãe, Holly Thomas, uma cobradora de dívidas e aspirante a rapper, que criou a filha em South Park, um bairro de população majoritariamente negra em Houston. Em 2016, Megan estava estudando para ser enfermeira na faculdade Prairie View A&M, uma instituição historicamente negra nos EUA, enquanto produzia vídeos de hip hop no YouTube.

Em 2018, ela chamou atenção do empresário de hip hop Travis Ferris, que ouviu falar de Megan, pela primeira vez, por strippers de Houston que ouviam sua música. “Eu tento prestar atenção no que as mulheres gostam na música”, afirma Farris. “Quando elas te indicarem alguém, você deve ouvir.” Naquele ano, Megan assinou um contrato com a 1501 Certified Entertainment, uma produtora independente de Houston, com um adiantamento de US$ 50 mil (R$ 268 mil). Seu primeiro projeto, o Tina Show, foi lançado em 2018 com colaborações de diversos rappers, como Ty Dolla $ign, Nicki Minaj e, em 2020, sua ídola Beyoncé – em um remix da música “Savage”, de Megan, que explodiu no TikTok.

Essas conquistas em sua carreira vieram acompanhadas de perdas pessoais devastadoras. Em 2019, sua mãe, musa e mentora, Holly, morreu após uma longa batalha contra um câncer no cérebro. Pouco tempo depois, no mesmo mês, a avó da rapper morreu. Em julho de 2020, a cantora Tory Lanez supostamente atirou em Megan após uma briga em uma festa de Hollywood. A rapper afirmou que fragmentos da bala machucaram seu pé. Entretanto, as versões da história são variadas: TMZ alega que ela teria pisado em vidro quebrado, enquanto Lanez reafirmou sua inocência. O caso será julgado no tribunal durante os próximos meses.

A atitude provocativa de Megan atraiu críticas do comentarista de fofocas Ben Shapiro e do cantor Cee Lo Green. Neste mês de novembro, ela gerou polêmica nas redes sociais ao criticar Drake por fazer uma referência à rapper, em uma música do seu novo álbum com o rapper 21 Savage – nela, o rapper sugere que Megan estaria mentindo sobre levar um tiro da cantora Tory Lanez em 2020. E, enquanto estava em Nova York se preparando para aparecer no SNL, assaltantes levaram joias estimadas em US$ 300 mil (R$ 1,6 milhões) de sua casa em Los Angeles.

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No ramo dos negócios, ela está envolvida em uma briga feia – cujos detalhes ela compartilha abertamente na sua conta do Twitter – com a empresa que produz suas músicas. Megan processou a produtora por US$ 1 milhão (R$ 5,37 milhões) em royalties. Detalhes vazados online alegam que a 1501 lucra com 60% dos royalties, 50% das receitas de publicação das músicas da cantora e mais 30% do arrecadado com os shows e parcerias dela. “É fácil se expressar por meio de memes nas redes sociais”, diz o Steve Zager, advogado da produtora, fazendo referência a Megan. “É um pouco mais difícil quando você deve jurar dizer a verdade em um tribunal.” Por outro lado, 1501 afirma que Megan deve US$ 10 milhões (R$ 53,7 milhões) à produtora pelas parcelas de lucro não pagas. A cantora, que assinou com a produtora Roc Nation de Jay Z em 2019, contesta a dívida.

Com milhões em jogo, Megan não está deixando essa briga judicial paralisá-la. “Em um curtíssimo período de tempo e com todos os problemas que encontrou no caminho, ela ainda consegue sorrir, levantar a cabeça e continuar”, afirma Desiree Perez, CEO da Roc Nation. Ela fará uma série de shows pelo mundo em 2023 e lançará outro álbum. Além disso, ela fechou um acordo com a Netflix para produzir, incluindo uma comédia baseada na sua infância. Por fim, a corporação de mídia Time Inc. pagará US$ 3 milhões (R$ 16,13 milhões) a ela para fazer um documentário sobre a vida da rapper. “Eu tenho me esforçado muito desde 2019”, diz Megan. No seu ápice, ela com certeza fará qualquer coisa para seu hater lutar para esquecê-la.

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