O Credit Suisse espera um prejuízo antes de impostos de até 1,5 bilhão de francos suíços (R$ 8,53 bilhões) no quarto trimestre, disse o banco suíço nesta quarta-feira (23), pouco antes de seus acionistas aprovarem um aumento de capital de US$ 4 bilhões (R$ 21,6 bilhões).
O banco afirmou que o ambiente econômico e de mercado “desafiador” prejudicou a atividade dos clientes. Além disso, disse que as saídas de caixa aumentaram no início do quarto trimestre.
O alerta é o mais recente revés para o Credit Suisse, que já havia previsto anteriormente um prejuízo líquido para os últimos três meses do ano, mas sem divulgar números. O banco também fez uma avaliação preocupante da escala de seus problemas, exacerbados por clientes que retiraram poupanças e investimentos.
O Credit Suisse afirmou que houve uma saída equivalente a 6% do total dos ativos geridos pelo grupo no final do terceiro trimestre. Segundo eles, essa tendência na divisão de gestão de patrimônio, que atende a clientes ricos, melhorou, mas ainda não foi revertida.
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Como resultado, o banco foi forçado a mergulhar nos amortecedores de liquidez, ficando abaixo de certos requisitos regulatórios mínimos, embora tenha dito que as principais exigências de liquidez e financiamento foram mantidas.
O Credit Suisse realizou uma assembleia geral extraordinária, onde obteve a aprovação dos acionistas a um aumento de capital para financiar sua recuperação frente à maior crise já enfrentada em seus 166 anos de história.
O banco foi atingido por uma série de escândalos e prejuízos, incluindo uma perda de US$ 5,5 bilhões (R$ 29,7 bilhões) no caso da empresa de investimentos norte-americana Archegos. O Credit Suisse também teve que congelar US$ 10 bilhões (R$ 53,9 bilhões) em recursos financeiros relacionados à insolvente empresa britânica Greensill.
“O banco de investimento foi impactado pela desaceleração substancial em todo o setor nos mercados de capitais e atividade reduzida nos negócios de vendas e trading, exacerbando os declínios sazonais normais e o relativo baixo desempenho do grupo”, disse o Credit Suisse, o segundo maior banco da Suíça.
A atividade de clientes permaneceu moderada nas divisões de gestão de patrimônio e do Swiss Bank, uma situação que deve continuar nos próximos meses, disse o banco.
Os analistas expressaram preocupação com as saídas, estimadas pelo Bank Vontobel em cerca de 84 bilhões de francos suíços (R$ 477,5 bilhões).
“As enormes saídas líquidas em gestão de patrimônio, o principal negócio do Credit Suisse ao lado do Swiss Bank, são profundamente preocupantes – ainda mais porque ainda não foram revertidas”, disse Andreas Venditti, analista da Vontobel. “O Credit Suisse precisa restaurar a confiança o mais rápido possível – mas é mais fácil falar do que fazer.”
Por volta de 9h45 (horário de Brasília), as ações do Credit caíam 3,4%, e acumulavam perdas de quase 60% no ano.
No final de outubro, o Credit Suisse revelou um plano para cortar milhares de empregos e mudar seu foco do negócio de banco de investimento para gestão de patrimônio.
“O grupo continua a executar as ações estratégicas decisivas detalhadas em 27 de outubro de 2022, para criar um banco mais simples, mais focado e mais estável”, afirmou.
O Credit teve prejuízo antes de impostos no terceiro trimestre de 342 milhões de francos (R$ 1,84 bilhão).
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