Na próxima sexta-feira (25) acontece a edição de 2022 da Black Friday, e é claro que muita gente já deve estar de olho nas ofertas, né? Porém, embora seja uma oportunidade de fazer boas compras, o momento também pode ser uma armadilha para quem sofre de oneomania, transtorno do consumo compulsivo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse problema atinge 8% da população mundial. O psiquiatra especialista em compulsão, Dr. Luiz Guimarães, explica que, além de trazer dívidas, o vício em compras pode ser reflexo de outras doenças, como depressão e ansiedade.
“Quadros de consumismo podem vir à tona e são normais. Contudo, é preciso distinguir uma situação episódica de uma situação repetitiva. A compulsão por compras gera vergonha, ansiedade, culpa, prejuízo no orçamento pessoal ou familiar, e é crônica. Ou seja, se repete frequentemente”, explica o psiquiatra.
O consumo compulsivo pode ocasionar prejuízos financeiros e emocionais – Foto: Shutterstock
Quando fazer compras se torna uma doença?
O especialista aponta que o principal sintoma da oneomania é o sentimento de culpa. Assim, após um episódio de consumismo, alguns compradores compulsivos escondem as sacolas de compras ou sequer tiram do porta-malas para não confrontar os objetos adquiridos. A tática também é utilizada para não causar problemas familiares e evitar discussões.
“A pessoa pensa o tempo todo naquela experiência e fica presa naquele pensamento intrusivo. Do ponto de vista biológico, ocorre a liberação de substâncias, como a dopamina, no cérebro. O indivíduo não consegue evitar. Assim como em outros comportamentos compulsivos, não existe a satisfação de uma necessidade e nem de um desejo, mas um impulso. Sem ajuda, o problema pode causar, além de dívidas cada vez maiores, depressão e isolamento social”, conta.
Como diagnosticar um comprador compulsivo?
De acordo com o psiquiatra, o diagnóstico existe, mas nem sempre é fácil de ser realizado, principalmente porque somos estimulados a comprar. No entanto, o especialista revela alguns sinais que podem indicar a presença do transtorno.
“Se você é aquela pessoa que se programa para comprar uma camiseta e volta para casa com sapatos, bolsa, cinto, outras peças que não eram necessárias, e, após a adrenalina das compras, sente uma angústia, um sentimento ruim, talvez você tenha uma compulsão. Assim como o álcool, existe uma ideia de que você tem controle sobre a situação, mas que na prática não acontece”.
Para ajudar a evitar as compras por impulso na Black Friday e nas datas ao longo do ano, como o Natal que se aproxima, o profissional elaborou uma lista de perguntas para se fazer antes de passar o cartão e finalizar as compras:
Eu estou precisando disso?Qual seria a consequência dessa compra imediatamente?Qual seria a consequência daqui a 30 ou 60 dias?Esta compra está adequada ao meu planejamento financeiro?
“De maneira geral, a pessoa não se percebe como compulsiva, ou até se percebe, mas não busca ajuda. Normalmente, o paciente chega ao tratamento por meio da família ou de pessoas próximas, por isso, é importante ficar atento a comportamentos que possam indicar compulsão. É importante procurar um psicólogo ou psiquiatra, até porque pode estar atrelado a transtornos de ansiedade e de depressão”, conclui.
Fonte: Dr. Luiz Guimarães, médico psiquiatra especialista em compulsão da clínica Holiste Psiquiatria.