Eu tenho um grande colega, psiquiatra como eu, que vem contribuindo muito não só para a divulgação da ciência para um público que não entende nada de ciência, mas para trazer o tema saúde mental para as conversas do dia a dia, algo essencial se o objetivo é diminuir o estigma que cerca esse assunto.
Daniel Barros acaba de publicar um livro muito bacana, que trata de um tema incrivelmente muito pouco estudado: o riso. Por que pouco estudado? Porque o riso é parte integrante da nossa humanidade e está presente em praticamente todas as nossas formas de comunicação.
Em seu livro “Rir é Preciso”, publicado pela Editora Sextante, Daniel traz amostras do que eu estou falando: basta pegar qualquer conversa de WhatsApp e notar o quanto as falas são seguidas de “kkk”, “rs” ou de “emojis de riso”. Basta ver como as comédias estão sempre entre os gêneros de filmes preferidos das pessoas.
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O riso tem um poder oculto enorme, ele nos conta. Afora o fato de que os métodos adotados pela indústria do entretenimento para nos fazer rir geram muito dinheiro, há a verdade de que o riso “desarma” e aproxima. Quando trocamos mensagens com alguém que responde com uma frase acompanhada de “kkk”, abrimos, nós mesmos, um sorriso. Fica mais fácil se comunicar com essa pessoa, porque ela nos desarmou com seu humor e com o seu riso (mesmo sendo esse riso “virtual”).
Daniel confessa que, quando pequeno, usava desse humor para “desarmar” os seus pais quando ele estava para receber um castigo por algo errado. Até hoje é uma pessoa que faz uso do humor, agora como ferramenta de aproximação e integração interpessoal.
Seu livro repercutiu muito em mim porque sou uma pessoa que busca essa aproximação com os que me cercam através do senso de humor. Procuro observar se essas pessoas sabem rir da vida. É um sinal, para mim, de leveza e de que elas aguentam ser felizes.
Em meio a tantas notícias ruins como as que nos bombardeiam todos os dias, rir tornou-se uma necessidade imperiosa.
Como diz Daniel, mais do que nunca, rir é preciso. Tenho certeza de que o livro do meu colega poderá ajudá-lo a repensar o papel que o humor tem na sua vida e, consequentemente, estimulá-lo a fazer mais uso dele para tornar a vida mais fácil.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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