A Starbucks Brasil, operada localmente pela SouthRock, anunciou ontem (9) uma ação junto ao BV (Banco Votorantim), para emitir uma Green Private Commercial Note no valor de R$ 20 milhões. A operação, estruturada pela BMV, empresa de tecnologia verde, é a primeira do gênero realizada no mercado financeiro global para ser utilizada como UCS (Unidades de Crédito de Sustentabilidade), commodity ambiental ESG que financia a conservação de florestas para viabilizar a transação.
Os recursos serão direcionados para ações sustentáveis no Brasil, como a compensação da pegada de carbono. A rede de cafeterias norte-americana compra café de produtores em três regiões do chamado cinturão global do grão, incluindo o Brasil, onde opera cerca de 200 cafeterias do total de 30 mil em 80 países.
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“Em 2020, a Starbucks assumiu o compromisso de se tornar uma empresa positiva em recursos, formalizando metas ambientais de redução de emissões de carbono, uso de água e resíduos até 2030”, diz Claudia Malaguerra, diretora administrativa da Starbucks Brasil.
Responsável pelo financiamento da solução, o BV se torna o primeiro banco a realizar esse tipo de operação no mercado brasileiro. “A Green Private Commercial Note é uma forma de engajar nossos clientes na identificação e redução de seu impacto ambiental”, afirma Rogério Monori, diretor executivo de corporate & investment banking do Banco BV.
Sob a estruturação do Grupo BMV, a parceria ganha escala e o know-how para ampliar localmente seu impacto. “Juntar BV e Starbucks Brasil em uma operação inédita no mercado financeiro é um marco para o Grupo BMV”, diz Maria Tereza Umbelino, CEO da BMV. “Investir no meio ambiente é um bom negócio, tanto reputacional quanto financeiro. Operações como essas reforçam nosso protagonismo no mercado de finanças verdes, onde fomos a primeira instituição a emitir a CPR Verde com registro na B3.”
Todas as UCS (Unidades de Crédito de Sustentabilidade) negociadas pelo BMV são provenientes de áreas de florestas nativas preservadas por mais de 200 produtores rurais de diferentes portes e regiões do Brasil, o que para essas propriedades se torna um meio de rentabilidade ambiental. A receita da venda da UCS para a Starbucks Brasil será destinada à conservação da biodiversidade e melhores práticas de uso da terra.
A UCS é a commodity ambiental que vai além do carbono, abrangendo um total de 27 serviços ecossistêmicos prestados pela floresta em pé, como regulação do clima, fluxo hidrológico e preservação da fauna. A metodologia desenvolvida pela BMV tem apoio científico da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e todo o protocolo é aprovado por uma das maiores certificadoras do mundo, a suíça SGS, além de utilizar tecnologias como blockchain, que permitem a rastreabilidade dos títulos financeiros emitidos. Além disso, todas as florestas que integram os projetos contam com monitoramento por satélite e inspeções periódicas de campo.
Atualmente, mais de um milhão de hectares de mata nativa são preservados em sete grupos do BMV: Xingu, Teles Pires, Madeira, Arinos, Amapá, Roosevelt e Guariba, em estados das regiões Norte e Centro-Oeste do país.
As notas comerciais são um produto novo no mercado financeiro brasileiro, regido pela Lei nº 14.195, promulgada em agosto do ano passado com regras mais flexíveis que outros instrumentos financeiros. O Green BV Note é o primeiro do gênero no mercado privado.
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