Ibovespa cai mais de 3% pressionado por risco fiscal e balanços

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Na contramão do salto visto em Wall Street, o Ibovespa encerrou o pregão de hoje (10) em forte queda. Com desvalorização de 3,35%, aos 109.775 pontos, o principal índice da Bolsa brasileira reagiu ao temor fiscal e aos balanços corporativos na cena doméstica. Apenas seis ações fecharam o dia no campo positivo.

Em Brasília, Lula (PT) afirmou que há gastos públicos que precisam ser considerados como investimentos, além de voltar a criticar o mecanismo de teto de gastos, afirmando que ele deve ser discutido com a mesma seriedade que as questões sociais do país.

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Para o analista Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos, o mercado já estava estressado com o IPCA acima das expectativas e as sinalizações no campo fiscal da véspera. Com as declarações do novo governo, o humor dos agentes financeiros piorou.

Segundo Komura, a perspectiva de que despesas sociais sejam excluídas do teto de gastos permite a interpretação de que o governo teria uma “carta branca” para gastar, sem pensar na responsabilidade fiscal.

“O mercado está estressado e deve continuar, por mais que tenha fluxo estrangeiro”, avaliou o analista, observando frustração entre agentes por conta de discursos recentes envolvendo a PEC da Transição — proposta para garantir o financiamento fora do teto de gastos para promessas de campanha, como a manutenção do programa social em R$ 600 e o aumento real do salário mínimo.

Em meio a esse cenário, o dólar fechou em alta de 4,10%, a R$ 5,3942. Essa foi a maior disparada percentual diária da moeda desde o salto de 4,86% registrado em 16 de março de 2020, em meio ao pânico dos mercados no início da pandemia de Covid-19.

A maior queda do pregão de hoje foi da Azul (AZUL4), com desvalorização de 17,96%, a R$ 12,49. Mais cedo, a empresa divulgou um prejuízo líquido ajustado de R$ 527,3 milhões no terceiro trimestre — 31,2% abaixo do prejuízo ajustado do mesmo período de 2021.

Outra grande queda foi da Hapvida (HAPV3), que despencou 13,67%, a R$ 6,38, também após a divulgação do balanço trimestral. Apesar de registrar salto no lucro líquido do terceiro trimestre, indo para R$ 679 milhões, a empresa voltou a registrar crescimento na sinistralidade.

Do mesmo lado, Yduqs (YDUQ3) teve queda de 13,92%, a R$ 11,81. Atrás aparece CVC (CVCB3), que recuou 13,33%. Ontem (9), a empresa divulgou prejuízo líquido de R$ 75 milhões de reais no terceiro trimestre.

A atenção de hoje dos investidores também ficou voltada para o IPCA que, após três meses de queda, registrou avanço de 0,59% no mês de outubro, uma vez que a redução dos combustíveis não foi suficiente para compensar a pressão dos alimentos.

Ainda assim, a inflação em 12 meses foi abaixo de 7% pela primeira vez desde abril de 2021 ao registrar taxa de 6,47%, contra 7,17% em setembro. É o resultado mais fraco desde os 6,10% vistos em março de 2021.

Estados Unidos

Diferentemente do que foi visto no cenário doméstico, o cenário em Wall Street foi positivo. Por lá, os preços ao consumidor aumentaram menos do que o esperado em outubro, alimentando expectativas de que o Federal Reserve (banco central dos EUA) possa reduzir o tamanho de suas futuras altas de juros.

“Agora existe uma possibilidade muito maior de o Fed subir os juros em 0,50 ponto percentual e não mais em 0,75 p.p. na próxima reunião, o que é muito positivo para o mercado, já que são sinais de que o pior da inflação já passou”, explica Rodrigo Cohen, analista da Escola de Investimentos.

Com isso, o Dow Jones teve alta de 3,66%, a 33.702 pontos e o S&P 500 subiu 5,50%, a 3.954 pontos. O ganho mais expressivo foi do Nasdaq, que registrou valorização de 7,20%, a 11.098 pontos.

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(Com informações da Reuters)

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