Muitos homens se veem como aliados das mulheres no trabalho. Mas esse papel nem sempre é confirmado por suas colegas. Um novo estudo mostra que há um gap entre as percepções femininas e masculinas em relação ao apoio – ou a falta dele – às mulheres no mercado de trabalho. Uma pesquisa da Ong IWL (Integrating Women Leaders Foundation) com 1.150 participantes de algumas das maiores empresas dos Estados Unidos mediu essas percepções.
Em cargos executivos e C-Level, 77% dos homens e 45% das mulheres afirmaram que os homens na sua empresa são aliados ativos e defensores da equidade de gênero. Em cargos de liderança média a sênior, 67% dos homens e 36% das mulheres concordam com a afirmação. E em cargos de gestão inferiores, os números foram 51% e 28%, respectivamente.
A disparidade também é grande em relação a como homens e mulheres percebem comportamentos machistas na empresa. 29% dos homens e 46% das mulheres afirmam que as profissionais são interrompidas sempre ou com frequência, por exemplo.
Os homens também dizem observar mais ações masculinas de aliança em relação às mulheres. Por exemplo, 71% deles afirmam que outros homens dão crédito às mulheres por suas ideias e contribuições sempre ou com frequência, contra 40% das mulheres.
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Falta aliança para avançar rumo à equidade de gênero
Apesar de muitas empresas estarem buscando ampliar a diversidade, mulheres e outros grupos sub-representados observam menos mudanças efetivas no local de trabalho do que os homens. Os dados da pesquisa mostram que muitas empresas já têm treinamentos contra vieses inconscientes, por exemplo, mas ainda carecem de um foco maior em “allyship” (aliança, em tradução livre), ou seja, ações para dar apoio e promover diversidade e inclusão nas organizações.
Para 88% dos homens e 72% das mulheres, as empresas em que trabalham estão avançando em relação à liderança feminina. Em relação a outros grupos minorizados, os números são 77% e 55%, respectivamente.
Mas mesmo em empresas com treinamentos e programas voltados para o assunto, apenas 22% dos funcionários dizem participar dessas iniciativas. As principais razões são: estar muito ocupado, não ser convidado e não enxergar a necessidade de aliança no trabalho.
Essas ações são importantes para atrair e reter profissionais mulheres. Em comparação com os homens, elas são mais propensas a indicar sua organização como um ótimo lugar para trabalhar e planejar ficar na empresa quando observam esses avanços e quando há transparência na medição desse progresso. 46% das mulheres e 60% dos homens disseram que suas empresas são transparentes em relação ao avanço de práticas de diversidade e inclusão.
O que é ser aliado
Dados os desafios adicionais que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho, com preconceito em relação a suas habilidades, jornada tripla e cuidado com filhos e suas casas, além de assédio, os homens devem se colocar como aliados no ambiente profissional.
A ideia de aliança é a noção de que um grupo ajuda outro a ter sucesso. Essa ajuda pode vir na forma de orientação, aconselhamento, ações específicas e na criação de um ambiente que propicie que essas pessoas prosperem. Um aliado também precisa praticar a “escuta ativa”, o que significa ouvir para entender as necessidades daquela pessoa, não para responder.
Toda mulher já passou pela situação de um colega, gerente ou até mesmo um funcionário falar em cima dela em uma reunião, explicar algo que ela sabia muito bem ou repetir o que ela havia acabado de dizer – e levar crédito por isso. Ser aliado das mulheres no trabalho é não só não ter atitudes desse tipo como repreender outros homens que tiverem.
O estudo comparou homens que participaram de programas voltados à equidade de gênero com os que não participaram. Os que entraram nesses programas tinham duas ou três vezes mais probabilidade de reconhecer comportamentos machistas no ambiente de trabalho, como interrupções, questionamentos sobre a experiência da mulher e não dar crédito por suas contribuições.
Uma vez testemunhando essas situações e se engajando no tema, os homens podem ir além da conscientização e tomar ações concretas para fechar a lacuna de gênero no ambiente profissional.
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