Cães são conhecidos por seu companheirismo e vínculo estreito com o tutor. A grande questão é que quando estas características são excessivas, principalmente quando estão sozinhos. Essa situação tem um nome: ansiedade de separação e está mais aparente com a volta das atividades presenciais após a pandemia.
Entre as características mais comuns da ansiedade de separação estão os comportamentos destrutivos, latidos ou uivos constantes, assim como o ato de fazer suas necessidades fisiológicas (xixi e cocô) pela casa.
“Essa é uma condição que gera desconforto para o tutor, como limpar sujeira em locais impróprios e arcar com reparo ou substituição de objetos destruídos. Além disso, ela traz problemas para o pet, que pode se machucar em portas, portões ou até mesmo com os objetos da casa”, explica a médica-veterinária Nathalia Fleming.
A profissional conta que as crises podem acontecer até quando o cão precisa ficar apenas poucos minutos sozinho. Ou seja, as crises também podem aparecer em situações cotidianas, quando o tutor precisa apenas retirar o lixo, por exemplo.
Como perceber se o pet tem ansiedade de separação?
Nathalia explica que os sinais variam dos mais óbvios aos menos aparentes. “Uivar, chorar, andar em círculos, latir por períodos prolongados, babar excessivamente, ficar ofegante sem esforço físico, destruir móveis, arranhar as portas ou paredes, arrancar o próprio pelo… Todos esses são sinais claros da ansiedade de separação. Mas existem outros que passam despercebidos, como o pet que segue o tutor o tempo todo e em todos os cômodos, pede muito contato físico e atenção e fica triste e retraído quando o tutor se prepara para sair”, relata a especialista.
Destruir móveis enquanto se está sozinho é um sintoma de ansiedade de separação – Foto: Shutterstock
É possível evitar essa condição?
De acordo com Nathalia, incentivar a independência do pet é a melhor maneira de evitar a ansiedade de separação, e isso deve começar desde filhote. Não estar disponível para o pet o tempo todo, demonstrar estar concentrado em outras tarefas quando o cão traz algum brinquedo e estimular que ele brinque sozinho, por exemplo, são estratégias válidas para que isso.
Não prolongar despedidas e nem comemorar demais os retornos ao lar também faz com que o pet entenda que aquilo não é especial, mas sim parte de sua rotina. Além disso, nas ausências prolongadas, garanta que o pet passará o dia em um ambiente que o mantenha entretido, com objetos e brinquedos dos quais ele goste.
Brinquedos interativos que “recompensem” com ração ou petiscos são excelentes para estes momentos. “Criar uma rotina diária de passeios e brincadeiras com o pet também traz mais segurança para o animal. Assim, ele tem uma certa previsibilidade das coisas que irão acontecer ao longo do dia”, diz a especialista.
E quando o pet já sofre com a ansiedade de separação, é possível resolver?
Certas ferramentas podem auxiliar o pet e o tutor a lidarem melhor com a ansiedade de separação. Atividades que cansem o cão antes da ausência do tutor podem colaborar para que o pet fique cansado e durma quando ficar sozinho. O adestramento também ajuda a condicionar cães a lidarem melhor com a separação.
“Hoje, no mercado, existe uma gama de produtos que auxiliam no bem-estar do pet nestes momentos. Um exemplo são os análogos sintéticos do odor materno canino. Eles simulam os feromônios emitidos pelas cadelas durante a amamentação e ajudam o cão a se sentir calmo e confortável”, Nathalia conta.
Por fim, caso o seu cão ainda não supere esse problema com essas dicas, o auxílio de um médico-veterinário especializado em comportamento animal é recomendado.
Fonte: Nathalia Fleming, médica-veterinária gerente de produto de pets da Ceva Saúde Animal.