Motivado pela história de vida em uma pequena cidade, onde nasceu e cresceu, e depois de ter trabalhado em seis plantações em cinco continentes, o pesquisador agrícola Awais Khan está agora liderando esforços para encontrar novas maneiras de produzir maçãs resistentes a doenças.
Khan, atualmente professor associado da “School of Integrative Plant Science”, na Universidade de Cornell, diz que seu grupo de pesquisa está caracterizando a genética da resistência a doenças em maçãs. A meta é que a informação levantada ajude no desenvolvimento de variedades com resistência eficaz e métodos para gerenciar doenças de forma sustentável em pomares da fruta.
LEIA MAIS: Fusões e aquisições de empresas do agro vão crescer, diz sócio da PWC
“Estamos desenvolvendo novos métodos, incluindo reprodução de ciclo rápido, edição de genoma e seleção assistida por marcadores para superar alguns desses obstáculos e acelerar a reprodução direcionada de cultivares resistentes a doenças de alto impacto”, diz ele, acrescentando que ainda hoje a reprodução de cultivares resistentes a doenças e de boa qualidade de frutos de culturas lenhosas perenes, como a maçã, são particularmente demoradas, trabalhosas e caras.
“Nós caracterizamos mecanismos de resistência a doenças usando genética quantitativa, genômica, transcriptômica e bioinformática; desenvolvemos métodos de alto rendimento para fenotipagem de resistência de plantas; marcadores de DNA para reprodução assistida por marcadores e linhas pré-reprodução resistentes a doenças”, diz Khan, acrescentando que sempre se interessou em como a pesquisa científica se traduz em situações do mundo real no campo.
“Sempre foi meu objetivo trazer o conhecimento adquirido nessas instituições líderes para o alívio da pobreza e a agricultura sustentável”, afirma.
De tapetes de juta aos mapas genéticos
Khan diz que nasceu em uma pequena aldeia chamada Tahlian em Pallandri, Caxemira Livre (a parte administrada pelo Paquistão da disputada região de Jammu e Caxemira) e tinha uma origem financeira humilde.
“Sinto que minha formação pessoal me dá uma perspectiva única por ser do Sul Global e contribuir para a agricultura internacional”, diz Khan, acrescentando que sua educação de nível primário foi em uma “escola taat”, onde os alunos se sentavam em um tapete de juta (taat) no chão e também ajudava seus pais a cultivar plantações e criar gado.
Ele conseguiu entrar em uma universidade agrícola por sugestão de um amigo, completou sua graduação em ciências na Caxemira Livre e foi admitido na Universidade de Göttingen, na Alemanha, para mestrado em agricultura internacional.
Desde então, a carreira de pesquisa de Khan o levou a algumas das principais instituições de pesquisa do mundo, incluindo a ETH-Zurique (na Suíça), a Universidade de York (no Reino Unido), a Universidade de Illinois (nos EUA) e o International Potato Center (também nos EUA).
Khan diz que os desafios para a segurança alimentar e nutricional e a agricultura sustentável têm um impacto muito sério e são complexos de lidar, particularmente no Sul Global devido a grandes populações, fome crônica oculta, disponibilidade limitada de terras agrícolas e mudanças climáticas.
“Será impossível alcançar os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações UNidas), particularmente o ODS 2 (Fome Zero), 1 (Sem Pobreza) e 10 (Desigualdades Reduzidas), a menos que cientistas do Sul Global desenvolvam ativamente soluções sustentáveis para seus problemas locais de segurança alimentar”, diz ele.
*Andrew Wight é colaborador da Forbes EUA e é um jornalista de ciência especializado na cobertura de trabalhos científicos realizados em países da Ásia, África e América Latina.
O post Da pobreza às melhores universidades do mundo, levado pelo agro apareceu primeiro em Forbes Brasil.