Vou contar uma história que aconteceu comigo recentemente. Fui viajar com a minha mulher para um hotel muito bacana em Santa Catarina. O fim de semana havia sido ótimo, ao lado de amigos, praia, enfim…
No dia da volta, um domingo, saímos três horas antes para chegar ao aeroporto, como se pede. Entramos no táxi e eis que nos damos conta de que o trajeto estava todo interditado por causa da Maratona de Florianópolis. O trânsito estava uma loucura.
Minha mulher é uma pessoa muito realista. Olhou o tumulto, fez uma análise da situação e pontificou: não vai dar tempo. Eu e o motorista do transporte, por outro lado, argumentávamos – baseados só no nosso otimismo – que seria possível chegar a tempo.
Sabe aquelas cenas de filme em que uma pessoa corre com sua mala pelos terminais do aeroporto como se a vida dela dependesse desse sprint? Pois foi exatamente isso o que eu e minha mulher fizemos ao chegar no aeroporto.
Acreditávamos que seria possível embarcar. Não foi. Chegamos 7 minutos depois que o check in havia fechado. Nessas horas – tenho certeza de que já aconteceu algo parecido com você, caro leitor – dá vontade de gritar, de jogar tudo para o alto. É um verdadeiro teste para a nossa saúde mental.
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Diante de circunstâncias que parecem jogar contra a nossa estabilidade, o que fazer?
1. Ria – Às vezes, experiências ruins, como a que passamos, geram histórias engraçadas. Nos demos conta de que termos disparado no aeroporto como se fôssemos maratonistas da prova que estava acontecendo na cidade, com duas malas na mão, tinha sido hilário. Rimos muito disso. A capacidade de rir diante de uma situação difícil é um ótimo mecanismo de enfrentamento.
2. Não temos controle de tudo na vida
Fizemos tudo o que era recomendado para chegar com calma ao aeroporto. Não sabíamos da prova, e o hotel talvez tenha esquecido de nos avisar. Não temos o controle de todas as coisas. Esse é um excelente aprendizado: aceitar esse fato. Essa é, inclusive, uma boa maneira de construir resiliência.
3. Reflita: tudo deu errado mesmo?
É fácil – e algo bastante comum – nos esquecermos das coisas boas para nos concentrarmos apenas naquilo que parece estar dando errado. Ter uma visão mais positiva das situações que nos acontecem e das coisas que nos cercam ajuda a reduzir o estresse.
Pensar positivamente não significa ignorar o fato de que algo errado ou ruim aconteceu a você, mas ter uma abordagem mais produtiva daquela situação. Em vez de ficar me lamuriando no aeroporto até o embarque em um outro voo, eu simplesmente relaxei, tirei aquele tempo de espera para repassar, ao lado da minha mulher, o ótimo fim de semana que tivéramos.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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