A rede norte-americana de fast-food Carl’s Jr. busca um investidor para voltar a operar no Brasil, após suas seis lojas no país serem fechadas na década passada, e mira se estabelecer em um segmento de preço acima de concorrentes como McDonald’s e Burger King.
A rede do Estado da Califórnia, fundada em 1941, opera em 28 países e é controlada pela CKE Restaurants Holdings. No Brasil, a rede chegou em 2012 por meio da IMC, das marcas de restaurantes Viena e Frango Assado, mas deixou de operar no país seis anos depois.
“Nós estamos ao redor do Brasil, então pensamos: ‘agora que a Covid-19 está ficando para trás, vamos voltar para o maior mercado da América Latina’”, disse à Reuters Marc Mushkin, vice-presidente de vendas de franquias internacionais e desenvolvimento da CKE. Ele esteve na semana passada em São Paulo para encontro com investidores.
O executivo disse que retornos positivos da rede em países da América Latina, como Chile, Equador e México, dão confiança de que a Carl’s Jr. poderá ser bem sucedida no Brasil, em sua segunda tentativa de atuar no país. Na região, a rede opera 387 lojas em oito países.
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Segundo Mushkin, o plano de volta ao Brasil envolve abertura de 100 lojas em cinco anos, com potencial da rede alcançar 500 unidades entre dez e quinze anos.
O foco é, de início, a cidade de São Paulo, já cravejada de redes de fast-food e hamburguerias, e municípios próximos, como Campinas. A expectativa é abrir a primeira loja Carl’s Jr. entre o segundo semestre de 2023 e o início de 2024, afirmou o executivo.
“Não é loucura pensar em mais uma rede de hamburguerias quando se está posicionado corretamente”, afirmou.
A Wendy’s, foi uma das mais recentes marcas norte-americanas a tentar a sorte no país. A rede decidiu fechar todas as suas lojas no Brasil em 2019, três anos após anunciar sua chegada. Outros nomes do setor de fast-food dos Estados Unidos que não conseguiram se manter no Brasil incluem a Hooters.
Agora a Carl’s Jr. calcula um investimento entre US$ 50 milhões e US$ 75 milhões para abrir suas lojas no Brasil nos próximos cinco anos. Além de lojas maiores com cabines de drive-thru, a empresa mira também pontos mais enxutos com custos de até um quarto do necessário para as maiores. Estes locais menores teriam foco em entregas de pedidos online.
“Nós achamos que é possível (abrir 100 lojas em cinco anos) e que dará o tipo de penetração que faz uma marca virar bem-sucedida em um local como o Brasil. Se expandimos mais devagar, não achamos que teremos o poder suficiente de marketing e escala. E ir mais rápido seria ótimo, mas é muito difícil ter o capital”, disse Mushkin.
O executivo afirmou que em outros países em desenvolvimento as lojas maiores da Carl’s Jr. demandam cerca de US$ 1 milhão em investimento.
“Nós estamos nos posicionando um pouco acima dos rivais como McDonald’s, Burger King e etc, mas não tão acima que tenhamos preços muito altos, como algumas hamburguerias gourmet têm”, disse o vice-presidente de vendas de franquias internacionais da controladora da Carl’s Jr. Segundo ele, o posicionamento ajuda a enfrentar o cenário de inflação e juros altos no país.
BUSCA POR INVESTIDOR
As conversas na última semana com os investidores que podem vir a ser master-franqueado da Carl’s Jr. foram produtivas, disse Mushkin, sem identificar, porém, os grupos interessados. Segundo ele, não houve discussões com empresas listadas, ainda que essa porta não esteja fechada.
Na bolsa brasileira e que pertence ao setor, além da IMC, existe a Zamp, que opera as redes Burger King e Popeyes no país.
Grandes redes de restaurantes seriam o parceiro ideal, mas firmas de private equity também são opções em aberto, segundo o executivo. Até companhias de outro setores, mas com experiências complementares, incluindo expertise no varejo brasileiro ou em adquirir bons pontos geográficos, podem ser alternativas. “Nós podemos ensinar a eles a parte dos restaurantes”, disse, acrescentando que a CKE tem parcerias de diferentes tipos ao redor do mundo.
Para ganhar escala rapidamente, a CKE quer localização mais privilegiada, o que, para Mushkin, foi um dos “problemas” na passagem prévia da marca no Brasil.
A CKE espera fechar acordo com novo investidor para relançar a rede no Brasil em cerca de três a nove meses, disse o executivo.
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