A Nestlé divulgou ontem (19) seu maior crescimento de vendas acumuladas em nove meses dos últimos 14 anos e elevou previsão de desempenho para o ano, embalada por aumentos de preços que não fizeram a maior empresa de alimentos do mundo perder muitos consumidores.
A companhia teve vendas orgânicas, que excluem o impacto de variações cambiais e aquisições, em alta de 8,5% nos nove meses encerrados em setembro. O resultado marcou o melhor desempenho da empresa para o período desde 2008 e foi catapultado por altas de preços que minimizaram impactos de custos maiores.
No Brasil, a Nestlé teve alta de dois dígitos nas vendas do período, refletindo “forte demanda por doces, nutrição infantil e bebidas achocolatadas”. O México viu expansão de um dígito, informou a empresa no relatório. A empresa não detalhou os números dos países
Mas, na América Latina como um todo, as vendas de janeiro ao fim de setembro tiveram expansão orgânica de 12,9%, com alta de 10,5% nos preços.
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O crescimento das vendas na América Latina “foi apoiado por precificação, forte execução operacional e impulso adicional de canais fora de casa” de consumidores, afirmou a companhia.
O presidente-executivo da Nestlé, Mark Schneider, comentando sobre a performance de toda a companhia, afirmou que a empresa conseguiu “um forte crescimento orgânico à medida que continuamos a ajustar os preços de forma responsável para refletir a inflação”.
Apesar das fortes vendas, alguns analistas temem que os aumentos de preços possam em breve levar os consumidores para longe da companhia, em meio à alta da inflação que está causando queda no volume de vendas do setor.
No Reino Unido, o índice de preços ao consumidor subiu 10,1% em setembro sobre um ano antes, com o maior salto nos preços dos alimentos desde 1980. A inflação na zona do euro também superou expectativas e atingiu 10% no mês passado.
“É preciso se preocupar com o poder de precificação por categoria, especialmente em alimentos discricionários – ninguém realmente precisa de um KitKat ou de um sorvete”, disse Chris Beckett, chefe de pesquisa de ações da Quilter Cheviot.
“Os volumes de vendas se mantiveram bem até agora, mas estamos longe do vale de redução do custo de vida.”
Schneider, presidente da Nestlé, levantou preocupações sobre o ambiente econômico “desafiador”, que ele disse estar prejudicando o poder de compra de muitos clientes.
As ações da Nestlé encerraram o dia em queda de 1,3%.
Nos nove meses até o final de setembro, a Nestlé registrou receita de 69,1 bilhões de francos suíços (US$ 69,4 bilhões), superando a previsão média de 68,9 bilhões de francos apurada pela empresa junto a 23 analistas.
A maior parte do aumento do crescimento orgânico total veio de preços mais altos, respondendo por 7,5 pontos percentuais do aumento de 8,5%, enquanto os volumes de vendas aumentaram 1 ponto percentual no período.
Como resultado, a Nestlé elevou sua perspectiva para o ano inteiro, dizendo que agora espera um crescimento orgânico de “cerca de 8%” para 2022, acima de um aumento de 7% para 8% esperado anteriormente.
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