Construtoras: resultados fracos no trimestre, exceto para a alta renda

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Sean Justice/Getty Images

Repassar preços fica mais fácil para as construtoras voltadas para a alta renda

O terceiro trimestre ainda será marcado por custos constantes para as construtoras, apesar do alívio no ambiente inflacionário beneficiar os custos de construção. Sendo assim, os resultados tendem a ser fracos, principalmente para as que têm foco na baixa renda. Por outro lado, as construtoras voltadas para a alta renda serão beneficiadas.

Isso porque as construtoras são afetadas pela alta dos juros, que encarece o financiamento dos imóveis e dificulta a venda, e pelo aumento dos preços das commodities. Ao colocar os preços lá em cima, as empresas focadas na baixa renda têm dificuldades em repassar os preços para os seus clientes. E isso pode dificultar a recuperação.

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Um custo operacional elevado prejudica os resultados financeiros das companhias, já que diminui a margem de lucros e faz com que as atividades sejam realizadas com preços maiores.

Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, explica que o aumento dos custos operacionais, alinhado a juros elevado, dificulta e encarece os empréstimos realizados. “Esse ponto afeta diretamente a classe mais baixa”, diz.

O impacto, no entanto, não acontece com as empresas voltadas para a alta renda. “É mais fácil para essas construtoras conseguirem repassar os preços dos imóveis”, explica Gonçalvez.

Com isso, o especialista diz que construtoras como a JHSF (JHSF3), que é uma das principais incorporadoras do País e é voltada para a administração de shopping centers e de edifícios empresariais, tendem a apresentar melhores resultados. Suas ações se valorizaram 42% no acumulado do ano.

“Por outro lado, a MRV (MRVE3), que tem negócios focados em empreendimentos populares, no ano acumula perdas de 13,53%”, diz Gonçalvez.

Em relatório, a Ativa Investimentos diz esperar que a MRV venda menos no segmento Casa Verde Amarela, algo que será compensado por um aumento de preço médio dos produtos vendidos.

“Os custos e as despesas devem seguir pressionados pela inflação, mantendo margens baixas, em linha com o trimestre anterior, enquanto a alta taxa de juros deverá ocasionar maior despesa financeira”, avalia a equipe.

A divulgação da prévia operacional do terceiro trimestre da construtora ficou abaixo das estimativas da Ativa: “Mantemos a nossa recomendação neutra, devido a um ambiente macroeconômico mais incitador”, dizem os analistas.

A Ativa Investimentos diz observar nas prévias operacionais das construtoras de baixa renda a continuidade de um possível aumento do preço médio por unidade. “No geral, os lançamentos e vendas líquidas vieram modestos neste segmento, com essas construtoras preservando seus estoques.”

Em contrapartida, Lucas Muraguchi, diretor de administração fiduciária da Ouro Preto Investimentos, diz que não há ainda como cravar que as construtoras de baixo custo terão resultados necessariamente ruins.

“Tem muitas outras coisas para levarmos em conta ainda, tanto como fatores internos da empresa quanto o momento econômico que, apesar de estarmos em um momento de de inflação alta, vemos também uma estagnação desses dois indicadores. É preciso ficar de olho.”

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