7 confinamentos que são exemplos de pecuária sustentável

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Confinamento no Brasil serve para poucos meses da vida de um animal

A estimativa é de que neste ano o Brasil bate recorde de animais em confinamentos, como mostram os levantamentos de intenções, entre eles o Censo de Confinamento DSM (6,5 milhões) e a Athenagro Consultoria (7,4 milhões). Não é muito, se comparado ao total do rebanho do país, próximo de 200 milhões de bovinos, mas fundamental para a pecuária como estratégia de gestão do rebanho – não deixando que ele perca peso no período seco do ano ou mesmo como estratégia de comércio com os frigoríficos. Mas a arte de confinar bois em um espaço de tempo de não mais de 120 dias envolve ciência e gestão na produção de carne cada vez mais sustentável.

O confinamento provoca uma aceleração do crescimento do animal, diminuindo o período de recria e trazendo para o abate bovinos mais pesados, de carcaça com melhor acabamento de gordura e em menor tempo. Mas o confinamento não tira do país o selo de pecuária verde, porque a maior parte da vida do animal continua no pasto.

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Com o confinamento curto no país, o que não ocorre em outros mercados como no norte-americano onde o confinamento é total, permanece a percepção de que a carne de bovinos criados no pasto é melhor para o meio ambiente, para os consumidores e para os próprios animais. Essa estratégia se encaixa em uma narrativa mais ampla que favorece cada vez mais alimentos rotulados como naturais.

Mas quais as qualidades de uma engorda intensiva de gado, no modelo brasileiro? A Forbes Agro destaca sete confinamentos que são, em algum aspecto, escolas de engordar bois por causa do bem-estar animal e humano, gestão, inovação, emissões de gases, entre outras qualidades. Confira:

1 – Agro-Pastoril Paschoal Campanelli

Arquivo DBO

Na Paschoal Campanelli a sombra no confinamento utiliza técnica pouco vista no país

O confinamento Agropastoril Paschoal Campanelli, localizado no município de Altair, a 470 km de São Paulo, é referência em tecnologias de engorda intensiva de bovinos. A capacidade das instalações é de cerca de 30 mil bovinos, com estimativa de engorda acima de 100 mil animais por ano, em três giros de engorda por ano.

O grande trunfo da unidade é a sua área de experimentos, o Centro de Pesquisas Campanelli, construído em 2019, onde Victor Campanelli, diretor da empresa, estuda a adaptação de tecnologias, como nutrição, bem-estar, automatização, rastreabilidade, entre outras. Um dos experimentos de maior destaque é sobre o estresse térmico nos locais de engorda, ou o conforto do animal durante esse período intensivo.

O confinamento é o único do país a utilizar o chamado smart shading (sombreamento inteligente). Em vez de sombrites, um tipo de rede de trama bem fechada que bloqueia no máximo 80% da radiação solar, a instalação utiliza placas que levam conforto térmico acima desses índices, além de terem uma vida útil maior.

2 – Cara Preta

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Confinamento Cara Preta engorda machos e fêmeas com pelo menos 50% de genética angus

O confinamento Cara Preta, tem unidades de engorda nos municípios de São João da Ponte e Jequitaí, a cerca de 400 km e 570 km, respectivamente da capital Belo Horizonte, no norte do estado. Pertence ao Grupo ARG, um conglomerado que também atua na construção pesada, infraestrutura, óleo e gás, e comércio internacional desde o final dos anos 1970, dos irmãos dos irmãos José, Rodolfo e Adolfo Géo.

É considerado no setor um dos maiores sucessos de verticalização na pecuária, exportando carne com o selo Carapreta. No ano passado, o confinamento engordou 70 mil animais. O trunfo do projeto, que utiliza bovinos cruzados de angus com nelore, é se um dos únicos projeto do país a conquistar o Selo Gold, conferido pelo Programa Carne Angus Certificada, criado pela associação nacional da raça e auditado pela empresa europeia TÜV Rheinland.

Para ter o Selo Gold, apenas uma outra criação no país possui, os animais confinados precisam ser machos dente de leite castrados ou serem fêmeas, ambos com um mínimo de 50% de genética angus. O produto classificado como super premium é destinado à alta gastronomia.

3 – CMA Confinamento Monte Alegre

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O CMA Monte Alegre é exemplo de gestão e de estudos da pecuária

O confinamento Monte Alegre, dirigido pelo pecuarista André Perrone dos Reis, fica em Barretos, a 400 km de São Paulo, sucessor da família que está na região desde os anos 1930 como uma das pioneiras da citricultura no estado. Engorda cerca de 50 mil bovinos por ano, em um dos projetos que ao longo de sua história, desde os anos 1990, investe em processos de gestão e pesquisa que se tornaram referência para os sistemas de engorda intensiva.

Um dos processos de destaque é a rastreabilidade total do sistema, passando por todas as etapas de gestão do manejo dos animais, da dieta fornecida e da administração. Pelo refinamento na gestão, a unidade é uma espécie de laboratório para muitas universidades. É comum a visita de professores e alunos de ciências agrárias à unidade, interessados também nos experimentos realizados, como de mitigação de carbono na pecuária, um dos que mais têm chamado a atenção entre os projetos voltados a confinamentos.

4 – Fazenda Conforto

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Um dos maiores trunfos do desempenho do confinamento da Conforto é seu sistema de recria

A fazenda Conforto, que desde 1996 pertence ao empresário e ex-piloto de stock car, Alexandre Funari Negrão, ou Xandy Negrão, que já foi dono do laboratório farmacêutico Medley, é um dos maiores e mais modernos do país. Fica em Nova Crixás (GO), no vale do rio Araguaia, uma região tradicional de engorda de bois. Não por acaso, a rodovia GO-164, rota de chegada ao município, é chamada de “estrada boiadeira”.

Atualmente, em mais de um giro no sistema, a Conforto engorda cerca de 160 mil bovinos. Foi a primeira no país a utilizar na ração a tecnologia de flocular grão de milho (como se fosse o corn flakes do café da manhã de muitos humanos). A técnica é utilizada há cerca de duas décadas, tornando o alimento mais digestível, o que aumenta a conversão do grão em carne.

Mas a “cereja do bolo” da estrutura de engorda intensiva é o casamento entre o sistema de recria e o monitoramento da condição corporal dos animais para entrarem no confinamento. A fase de recria, depois que sai das asas da mãe e da adaptação no pasto, é feita embaixo de pivôs de irrigação. São oito pivôs centrais, sendo cinco destinados ao pastejo e três para corte de capim. A Conforto também tem um sistema refinado de gerenciamento de pessoas por meio de um RH, pouco comum em fazendas, o que eleva o nível da administração dos processos necessários à pecuária.

5 – JBJ Confinamento

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Confinamento da JBJ, em Nazário (GO), produz carne sob demanda para marcas nobres

O confinamento JBJ pertence ao empresário José Batista Júnior, conhecido como Júnior Friboi, que em 2012 deixou a J&F Investimentos, a controladora da JBS, e seguiu com seus próprios negócios. Montou um dos maiores sistemas de engorda intensiva em duas unidades, uma no município de Nazário, a 70 km de Goiânia, e a outra em Aruanã, a 300 km, no vale do rio Araguaia. A estimativa é engordar cerca de 160 mil bovinos nesta safra.

O que diferencia o projeto da JBJ é a engorda sob demanda, um tipo de negócio comum em grandes países confinadores como Estados Unidos e Austrália, mas raramente visto no Brasil. Em Nazário, a produção é exclusivamente de animais angus e seus cruzamentos, destinados a uma das marcas de carne da JBS, a Swift Black. Os animais são meio-sangue e abatidos como super precoces, entre os 14 e 15 meses de idade, praticamente eliminando a fase de recria.

Aos olhos exigentes do mercado, a carne desse animal é considerada “tipo exportação” e de alto valor agregado. Mas carne premium também está no mercado interno e aumentando a sua oferta. A Swift Black, lançada no mercado por volta de 2013, e que era vendida apenas em butiques e restaurantes sofisticados, hoje é encontrada em supermercados e até em serviços de delivery.

6 – JBS Confinamento Guaciara

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JBS é a maior confinadora de gado do país e está atrás da mitigação de GEEs no sistema

A JBS é um mundo à parte no universo do confinamento de gado no Brasil. A empresa controlada pela família Batista é dona do maior sistema de engorda intensiva do país, com nove unidades em cinco estados (SP, MT, MS, PA e MG), e que no ano passado entregaram abates acima de 300 mil animais.

Mas o gigantismo da empresa não é apenas numérico. A JBS mantém uma linha de projetos fortemente voltados à sustentabilidade do sistema de engorda. Um dos exemplos práticos, justamente por causa do mercado de carbono, é o que mede a emissão de gases de efeito estufa nessas unidades de engorda intensiva. Faz parte do projeto NetZero 2040, anunciado no ano passado, que tem como meta zerar as emissões da companhia. Do total de US$ 1 bilhão destinados para a primeira década do projeto, US$ 100 milhões estão sendo empregados até 2030 em pesquisa e desenvolvimento de soluções de mitigação.

Uma das cabeceiras é a parceria fechada com o IZ (Instituto de Zootecnia), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, para estudos no confinamento de Guaciara (SP), unidade com capacidade estática para engordar 13 mil animais e estimativa de triplicar a engorda em mais giros. O laboratório do instituto está testando taninos como aditivos na ração dos animais, que são moléculas de plantas com capacidade de levar a um processo de fermentação mais eficiente daquilo que animal come. Esta é apenas uma das linhas de pesquisa.

7 – São Marcelo – MGF Agropecuária

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Confinamento MGF de Tangará da Serra (MT) engorda boi de olho na genética

Marcos Molina, controlador da Marfrig, comprou em 2020 a fazenda São Marcelo, localizada nos municípios de Tangará da Serra e Juruena, em Mato Grosso. A maior parte da estrutura das fazendas foi montada pelo francês Jacques Defforey (que morreu em 2000), um dos fundadores do grupo francês Carrefour. As fazendas foram formadas nas décadas de 1970 e 1980. Juruena, por exemplo, tem 25 mil hectares.

O confinamento São Marcelo tem capacidade estática de 20 mil bovinos, com engorda em mais de um giro. Desde os primórdios, mesmo antes da sigla BEA (bem-estar animal) entrar no vocabulário da pecuária, a unidade já realizava estudos nesse sentido. E continua, por exemplo, com a eficiência alimentar, ou seja, quanto de comida um animal necessita para converter em um quilo de carne. Também imprimiu um forte programa de seleção genética visando animais melhores para abastecer o confinamento. Não por acaso, foi lá em 2004 que a fazenda aderiu ao PAINT (Programa de Avaliação e Identificação de Novos Touros), realizado pela central de genética CRV Lagoa, de Preto (SP), em atividade desde os anos 1970.

A fazenda São Marcelo faz parte da MFG Agropecuária, dona de sete unidades confinadoras, sendo mais três em Mato Grosso, nos municípios de Campo Novo do Parecis, Comodoro e Campo Verde, além de Mineiros (GO), Pereira Barreto (SP), Terenos (MS) e Eldorado do Sul (RS). A capacidade total estática é para 154 mil bovinos, com estimativa de engorda de 280 mil animais para este ano.

 

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