Como discordar sem fazer um monte de inimigos

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“Ironia e piadinhas costumam ser uma resposta muito comum de quem discorda do que o outro está falando. Acontece que isso demonstra menosprezo em relação à posição contrária”

Eu sou uma pessoa aberta a opiniões diferentes das minhas. Por sempre ter colocado essa abertura a ideias distintas das minhas, aprendi e continuo aprendendo muito. Mas confesso que já cometi erros ao me ver discordando de uma posição oposta à minha. Não cheguei a fazer inimigos, mas certamente magoei pessoas.

Como divergir – de pessoas da família, de amigos, de colegas de trabalho – sem que o resultado seja raiva e até o rompimento dessa pessoa com você?

1. Procure “ler” quem está à sua frente. Existem indivíduos bélicos, ou seja, que usam qualquer motivo para “brigar”. Sendo assim, transformam qualquer divergência de posições em animosidade genuína. A menos que você queira entrar na briga ou que seu desejo seja comprar uma provocação que o seu interlocutor lhe faça, o melhor é você puxar o freio, dar um passo atrás e simplesmente dizer a essa pessoa que você entende o argumento dela (ainda que você não concorde com ele).

2. Se você conseguiu se identificar ao menos com um ponto ou uma frase dita, comece por apontar as coisas com as quais você concordou (mesmo que parcialmente). Isso ajuda a, digamos assim, “amaciar o terreno” com o seu interlocutor. Depois, apresentando argumentos claros, você poderá apontar a ela os pontos com os quais discorda.

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3. Ironia e piadinhas costumam ser uma resposta muito comum de quem discorda do que o outro está falando. Acontece que isso demonstra menosprezo em relação à posição contrária. Se a sua vontade é não criar antipatia em relação a você, evite ser irônico ou piadista.

4. Não é apenas por meio do discurso que podemos não concordar com alguém, mas também pela chamada linguagem não verbal, isto é, como as nossas expressões faciais e com o nosso corpo. Assim, se a ideia é manter a cordialidade, ainda que discordando de alguém, evite cruzar os braços, fazer cara feia ou de cara de saco cheio, revirar os olhos. Essas são posturas hostis.

5. Muitas pessoas têm um discurso inflamado (com o qual você eventualmente discorda) porque passaram por uma situação que as levaram a ver o mundo de uma forma particular. Antes de reclamar disso ou daquilo, procure se perguntar: como eu me sentiria se estivesse no lugar delas? Isso ajuda a melhorar a capacidade de navegar em conversas difíceis e cujos argumentos você se opõe.

6. Outra postura anticonflito é a humildade intelectual. Ninguém é dono da verdade nem detentor de todo o saber. Nem você, não é mesmo?

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

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