Brasileiros estão em Paris mostrando e vendendo o agro brasileiro

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Abertura da SIAL Paris, a principal feira de alimentação da Europa

A Paris das cozinhas mais requintadas do mundo também é agro. Não por acaso, o termo gourmet foi utilizado pela primeira vez pelo gastrônomo francês Jean Savarin e também uma das maiores feiras de alimentos do mundo acontece na cidade. A SIAL Paris (Salão Internacional de Alimentação), começou no sábado e vai até amanhã (19). A feira que acontece a cada dois anos serve para ver, ser visto e, claro, fazer negócios em um setor que agrega valor: a agroindústria.

A SIAL é a primeira grande feira da Europa que ocorre após a retirada das restrições sanitárias. A Feira, que nasceu em 1964 com 26 países, nesta edição, a 29ª recebe cerca de 120 países, com 7.000 expositores ocupando um espaço equivalente a 25 campos de futebol. É o maior balcão único do setor, o local para formadores de opinião e verificação de tendências para o futuro da alimentação.

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O Brasil participa com 125 empresas, das quais 85 estão ancoradas pela Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), vinculado ao Ministério das Relações Exteriores, em parceria com 11 entidades e associações setoriais. Também participam outras 40 empresas ligadas à ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), de suínos e aves, basicamente, e à Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), do setor de carne bovina.

Segundo a Abiec, na última edição presencial do Sial Paris em 2018, antes da pandemia de Covid19, foram gerados US$ 220 milhões em negócios e quase US$ 1 bilhão em negócios futuros. A União Europeia está entre os principais destinos da carne bovina brasileira. Em 2021, o Brasil exportou 77,2 mil toneladas de carne para o continente. De janeiro a setembro deste ano os embarques para a UE somaram 59.774 toneladas, aumento de 15,9% em relação ao mesmo período de 2021.

Mas, para a maioria das empresas, o foco é o mundo. Em 2021, as exportações totais brasileiras foram de US$ 120 bilhões, valor 18% acima do registrado em 2020 e com um superávit de US$ 105 bilhões, resultado de importações de US$ 15,5 bilhões. Embora a China seja atualmente a maior compradora do agronegócio brasileiro, os países europeus ditam tendências, além de ser o segundo maior comprador do agro brasileiro, responsável por 14,9% do valor total exportado em 2021. Daí a importância de se mostrar nesses espaços.

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A feira francesa mostra tendências do que pode ocorrer na indústria global de alimentos

“A SIAL Paris é a primeira grande ação que realizamos na União Europeia dentro de um contexto mais próximo da normalidade, no pós pandemia”, afirma Ricardo Santin, presidente da ABPA. “Há forte expectativa quanto à presença de importadores não apenas da Europa, como também da Ásia e da África, gerando expectativas de negócios que deverão superar centenas de milhões de dólares nas projeções de 12 meses de exportações”, disse dias antes de embarcar para Paris.

A Pif Paf Alimentos, com sede em Belo Horizonte (MG), do setor de aves, que passou de 30 países para 40 destinos aos seus produtos, é um exemplo dessa caça por clientes. “Os principais destinos das nossas exportações são Ásia, Oriente Médio, América Central, América do Norte, América do Sul e África. Entre os países mais relevantes da nossa carteira estão China, Hong Kong, Singapura, Japão, Chile, África do Sul, Qatar e Emirados Árabes Unidos”, diz Rodrigo Coelho, CEO da Companhia. Para a companhia, ordem em SIAL é prospectar negócios, assim como gigantes dessa indústria que estão em Paris, entre elas Marfrig e JBS.

Para o diretor de operações da CDIAL Halal , Ahmad M. Saifi, certificadora da América Latina para os principais mercados destes produtos, entre eles os Emirados Árabes e Golfo, a SIAL Paris é uma oportunidade de avaliar o potencial da agroindústria que poderá atender à população muçulmana. “É importante acompanhar os movimentos desse setor e o que atende às exigências do mercado halal, especialmente em um evento que agrega empresas e especialistas do mundo todo para apresentar e debater os rumos da indústria alimentícia”, diz Ahmad.

O mercado halal, que hoje é de 1,8 bilhão de pessoas, deve chegar a 2,8 bilhões em 2050, segundo o relatório State of the Global Islamic Economy. Segundo o relatório, em dois anos, até 2024, este mercado deve movimentar cerca de US$ 5,74 trilhões.

A Beatrice Peanuts, por exemplo, é uma produtora e comercializadora de amendoins, que possui as certificações Halal e Kosher. Atualmente, a empresa com sede em Tupã (SP), processa 18 mil toneladas de amendoim. Segundo o CEO, Pablo David Rivera, “as certificações ajudam a fechar negócios internacionais, pois os compradores ficam seguros de que o alimento vem rastreado desde o campo, além do compromisso com a qualidade, com a sustentabilidade e a responsabilidade social por parte do produtor”. A SIAL faz parte da estratégia da empresa para entrar nos mercados europeu, do Norte da África e da Ásia, que também têm presença certa no evento.

A Apex também levou para o seu espaço os pequenos produtores, com o Café da Condessa, marca mineira de grãos especiais, produzido no sul do estado. A fundadora da empresa, Maria Carolina Freire Roberto de Lima foi convidada para participar do programa Design Export, para reformulação de embalagem e estratégia de branding. “Eu já tinha exportado de forma autônoma e ser chamada para o Design Export foi como uma chancela recebida da Apex de que minha empresa era exportadora”, afirma Maria Carolina. A empresa exportou seus primeiros lotes para o Chile, já ganhou premiações nacionais e internacionais de design e também exportou seu produto, de forma personalizada, para clientes no Oriente Médio.

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