Fazer amigos é difícil, mas o trabalho pode ajudar

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Mike Harrington/Getty Images

Fazer amigos no trabalho é fundamental para a saúde

O isolamento social e a solidão se espalharam com a pandemia, e agora muita gente afirma que está procurando ativamente mais amigos. Principalmente amigos íntimos.

Um novo estudo com dois mil adultos feito pela marca de pastilhas Fisherman’s Friend, e analisado pela Universidade de Oxford mostra quanto tempo, quantas interações e quanto investimento é necessário para fazer e manter amizades. Spoiler: é muita energia – provavelmente mais do que você pensa.

Amizade e bem-estar

As amizades são fundamentais para a nossa saúde e bem-estar. “Houve um tsunami de estudos médicos na última década mostrando que o melhor prognóstico da sua saúde e bem-estar psicológico e físico é simplesmente o número e a qualidade das suas amizades íntimas”, disse Dunbar em uma entrevista. 

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Ele ficou famoso por sua teoria clássica de que é possível manter relacionamentos significativos com cerca de 150 pessoas. Isso se baseia no tamanho do nosso cérebro, mas também na quantidade de tempo e investimento necessários para manter as conexões. 

Dentro desses 150 relacionamentos as pessoas têm, em média, cerca de 5 amigos íntimos. De acordo com Dunbar, esses são os amigos do “ombro para chorar” – as pessoas em quem você realmente pode confiar e com quem você tem os relacionamentos mais profundos.

Amizade leva tempo

O estudo descobriu que são necessárias cerca de 34 horas de investimento para passar de um conhecimento mais superficial para uma amizade verdadeira. Além disso, a amizade média requer cerca de 11 interações e cada uma deve durar cerca de três horas – claramente mais do que um café. Com esse investimento, fazer um amigo leva cerca de 5 meses e meio. E isso não é pouca coisa em um mundo acelerado como o nosso.

Dois terços das pessoas procuram ativamente aumentar o número de pessoas em seu círculo íntimo e 58% dizem que precisam de um bom número de amigos para se sentirem satisfeitas. E não é à toa que estão procurando mais amigos. De acordo com Dunbar, “o confinamento fez as pessoas repensarem muitas de suas amizades. E um dos grandes problemas é que as amizades dependem de um investimento contínuo de tempo.” Segundo ele, as pessoas acabam se afastando rapidamente com a perda de proximidade emocional se o relacionamento não for mantido.

E o digital? Não é a mesma coisa, e, embora o impacto não seja tão ruim para membros da família, é negativo para as amizades. “O Zoom não é a resposta para a intimidade. Com os amigos faltava alguma coisa, e o sentimento de estarmos juntos na mesma sala simplesmente não existia.”

Qualidades da amizade

Conclui-se que certas qualidades são mais importantes para a amizade. Em particular, 61% dos entrevistados acreditam que o senso de humor é um ingrediente essencial da amizade e 44% dizem que o importante é ter valores parecidos. Para 26%, a amizade é motivada por interesses e atividades semelhantes. As pessoas também acreditam que ser confiável é a base.

Essas são características de um bom amigo, mas um melhor amigo exige ainda mais. Esse tipo de amigo é alguém que está ao seu lado nos momentos difíceis, segundo 17% dos entrevistados, e alguém que te apoia (13%). Para 10%, os melhores amigos também são aqueles que vão te aceitar no seu pior momento.

Fatores essenciais para uma amizade

As pessoas também tendem a construir amizades mais fortes com quem elas acreditam ser mais parecidas com elas. Dunbar diz que leva muito tempo para criar uma amizade verdadeira porque você está procurando por sete pilares de amizade e semelhanças nas seguintes dimensões: a maneira como você fala, hobbies e interesses, visões religiosas, visões morais, senso de humor, gosto musical e trajetória profissional.

Além dos atributos positivos, há algumas características que as pessoas não suportam em uma amizade. Para 29% e 25% das pessoas, respectivamente, mentir e revelar segredos é o suficiente para quebrar uma amizade. Para 25%, não estar presente quando necessário é um mau presságio para uma amizade.

Trabalho e Amizade

Então, como fazer amigos e desenvolver relacionamentos? O trabalho oferece uma grande oportunidade. Na verdade, de acordo com um estudo da empresa de pesquisas YouGov, o trabalho perde apenas para o ensino médio e a faculdade como o melhor ambiente para fazer amigos. Existem algumas boas razões para isso.

O trabalho oferece continuidade. Você começa a ver os colegas ao longo do tempo. Mesmo que você mude de emprego com relativa frequência, provavelmente terá a oportunidade de conhecer pessoas por alguns anos ou por muitos anos – e isso proporcionará experiências e pontos de referência. Vocês sobreviveram àquele chefe terrível juntos ou enfrentaram aquele grande problema que foi superado com sucesso.

O trabalho oferece interações sociais e nas tarefas. Você conhece as pessoas trabalhando em projetos juntos e concluindo tarefas. Mas você também conhece os colegas socialmente – ouvindo sobre seu novo bichinho de estimação ou comparando experiências da faculdade.

Você acompanha as pessoas nos seus altos e baixos. Quando você vê as pessoas regularmente no trabalho, você também tem uma perspectiva dos seus momentos bons e ruins. Você vê como elas estão lutando com um desafio com os filhos ou com um problema difícil com um cliente. Ou você vê a pessoa no topo do mundo quando acaba de comprar uma casa nova ou recebe uma promoção.

O trabalho proporciona proximidade. Você vê os colegas com frequência e passa um bom tempo com eles. A familiaridade tende a gerar aceitação e ver um ao outro com mais frequência tende a aumentar a profundidade dos relacionamentos.

O trabalho também é fundamentalmente social. Para os introvertidos, oferece maneiras naturais de se conectar – entre reuniões ou na fila do almoço. Para os extrovertidos, oferece uma ampla variedade de pessoas para conhecer.

O poder da presença

No escritório, a oportunidade de se conectar é especialmente poderosa. De acordo com Dunbar, o contato pessoal é único. “O cara a cara tem um efeito muito forte. Há algo sobre o ambiente face a face que achamos muito mais agradável.”

Estar frente a frente nos dá dicas não verbais sobre amizade – coisas como tom de voz ou as gírias usadas – e, de acordo com Dunbar, algumas dessas dicas também são táteis. Para aqueles com quem somos emocionalmente mais próximos (cerca de 50 pessoas), não percebemos com que frequência damos tapinhas no ombro ou tocamos o braço de alguém. “Nós não percebemos, mas essas são as dicas que usamos para aprender sobre relacionamentos.”

E os sinais não verbais são mais confiáveis ​​do que a linguagem. “A linguagem é escorregadia. Está cheia de metáforas e significados ambíguos, mas gestos físicos [e outros sinais não verbais] são absolutamente verdadeiros.”

Rodízio de amigos

De acordo com o estudo do Fisherman’s Friend, as amizades mais duradouras podem durar em média 29 anos. Mas a maioria delas dura apenas alguns anos com mudanças ao longo do tempo. De acordo com um estudo da Organização Holandesa de Pesquisa Científica, as amizades tendem a mudar regularmente. O tamanho de sua rede tende a ser bastante consistente, mas a cada 7 anos ela muda e apenas 48% das pessoas em seu grupo se mantêm as mesmas.

Dunbar concorda que as mudanças são comuns. “Os relacionamentos mudam com o tempo. Esse núcleo interno de cinco pessoas tende a ter uma rotatividade lenta, mas a próxima camada, que inclui outras 10 pessoas, tende a ter uma rotatividade muito maior.” O trabalho é o lugar perfeito para conhecer pessoas e construir novos relacionamentos ao longo do tempo.

Resumindo

As pessoas precisam de amigos. Eles são literalmente a força vital em termos de bem-estar físico, cognitivo e emocional. E o trabalho é um lugar importante para fazer amigos e sentir uma sensação de conexão e comunidade.

Com a solidão aumentando e o bem-estar diminuindo, devemos reinventar a experiência do trabalho para que esse seja um local de significado, comunidade e amizade.

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