Saiba quais são os melhores investimentos para o Dia das Crianças

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GettyImages/ Ariel Skelley

A melhor alternativa é pensar no longo prazo

O Dia da Criança é uma das principais datas do comércio. Neste ano, segundo uma pesquisa da empresa de informações financeiras Boa Vista, 76% dos consumidores querem comprar presentes, um crescimento de 12 pontos percentuais em relação a 2021. Porém, há maneiras menos celebradas de comemorar a data. Por exemplo, presenteando os pequenos com algo que só será usufruído no longo prazo: um investimento.

Há algumas décadas, o procedimento tradicional era abrir uma caderneta de poupança quando a criança nascia e realizar aportes regulares até a idade adulta. Atualmente, há inúmeras alternativas, das mais simples às mais sofisticadas, para garantir um futuro mais fácil para os filhos, biológicos ou do coração. Porém, os especialistas são unânimes: começar a investir cedo garante aos filhos um retorno em geral muito acima da média.

Previdência privada

Os fundos de previdência privada são um dos ingredientes mais importantes. Eles se tornaram um produto melhor nos últimos tempos, diz Marina Renostro, Head de alocação do escritório de investimentos Blackbird. “Nos últimos três ou quatro anos, foram lançados fundos com estratégias muito mais diversificadas do que antes”, afirma. “Agora é possível montar uma carteira que tenha renda fixa ativa ou passiva, inflação e crédito privado, sem falar nas ações.”

Além disso, afirma a executiva, a portabilidade das carteiras, que permite transferir o dinheiro de lugar sem ter de resgatar os investimentos, torna possível montar uma estratégia que inclua fundos multimercados e de ações. “O investidor tem de escolher gestores com experiência comprovada”, diz ela.

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Durante muito tempo, fundo de previdência privada era a alternativa menos glamurosa da indústria. Em geral, produtos que tinham apenas aplicações de renda fixa, cobravam taxas de administração e de carregamento elevadas e que ofereciam como única vantagem uma tributação menor.

No caso dos investimentos, a mordida do Leão pode ocorrer em vários ângulos e profundidades. Na maioria dos investimentos, a tributação incide sobre o ganho do investimento, e a alíquota varia de acordo com o período investido. Para aplicações até 180 dias, salgados 22,5%. Esse percentual vai caindo com o tempo, até chegar ao mínimo de 15% para aplicações com mais 721 dias.

No caso dos fundos de previdência, há duas fórmulas de tributação, que o investidor deve escolher no momento de aplicar o dinheiro. A progressiva, em que a alíquota cresce de acordo com o valor resgatado, independente do tempo. E a regressiva, em que a alíquota cai de pesados 35% nos primeiros dois anos para 10% após dez anos de investimento.

Infraestrutura

Segundo o economista Denis Medina, professor da Faculdade do Comércio (FAC), a previdência privada tem uma característica de acumulação de recursos no longo prazo. Porém, o investidor também pode diversificar, comprando títulos do Tesouro Direto corrigidos pela inflação, e alguns produtos de renda fixa mais longos e sofisticados. “Fundos de infraestrutura e títulos ligados ao mercados imobiliário são boas aplicações de longo prazo, e que por enquanto contam com a isenção tributária”, diz ele. Entre esses investimentos estão os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), e as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA).

Sua principal recomendação é evitar mudar de ideia com frequência. “Ficar movimentando o dinheiro o tempo todo, à procura do ‘investimento do mês’ é uma receita certa para o prejuízo”, diz Medina. Segundo ele, há algumas apostas bastante seguras. “O Brasil tem um déficit grande de moradia e de infraestrutura, então há uma demanda estrutural de longo prazo por ativos como estradas e galpões para logística”, diz ele. “Investir nesses setores é razoavelmente seguro”. O mesmo raciocínio vale para itens que sempre serão consumidos, como alimentos e energia.

Persistência

A recomendação de Medina é confirmada por outros especialistas. “Todos os estudos comprovam que as carteiras de investimentos pertencentes a crianças são as que proporcionam as melhores rentabilidades”, diz Pedro Albuquerque, analista de portfólios do banco Inter. A razão é simples: como o dinheiro fica aplicado por períodos longos, o investidor ganha com a maturação das aplicações, com a baixa movimentação da carteira (pois mudar de posição tem custo) e, no caso da previdência privada, com a redução das alíquotas de imposto.

Albuquerque sugere uma alternativa previdenciária que não é muito popular, a dos fundos de previdência com tributação progressiva. Nos fundos com essa opção, a alíquota do imposto pode ir até 22,5% do total resgatado. É um percentual muito superior ao piso da tabela regressiva, mas o analista explica que isso vale para uma estratégia específica. “Pense em um filho que pretende estudar em outra cidade, o que é uma escolha cada vez mais comum”, diz ele. “Se calibrar as aplicações de maneira a resgatar mensalmente um valor abaixo do limite mínimo de tributação, na prática o investidor não vai pagar imposto algum.”

O valor não é elevado, apenas R$ 1.903,98 por mês. Porém, com um pouco de planejamento e diversificação, poderá haver uma grande eficiência tributária. Sem esquecer que esse valor pode ser retirado até os recursos terminarem, e sempre haverá a isenção tributária.

Ajustes

Outra recomendação dos especialistas é calibrar cuidadosamente os riscos. Investimentos de longo prazo permitem que eventuais solavancos sejam compensados. Por exemplo, o prejuízo com uma queda nos preços das ações pode ser suavizado com o correr do tempo, pois, passada a crise, as cotações tendem a retornar aos preços anteriores.

Porém, isso pode conduzir a uma falsa sensação de segurança, diz Albuquerque. “O investidor pode pensar que todo e qualquer prejuízo será sempre compensado, o que não é correto.” Segundo o analista, à medida que se aproxima a data em que o dinheiro começará a ser resgatado e gasto, é essencial reduzir os riscos. “Se um investidor começa a fazer uma carteira de investimentos para o filho recém-nascido, é razoável que 100% do dinheiro seja investido em ações”, diz ele. “Porém, se a meta for resgatar esse dinheiro quando o filho fizer 18 anos, é necessário que, no 17º aniversário, a parcela de ações seja de apenas 5% do total.”

À medida que a data do resgate se aproxima, mais sensível a riscos fica o investidor. Nada garante que, quando o jovem estiver se preparando para cursar uma faculdade, haja uma crise do subprime ou uma pandemia, que devaste o valor das ações.

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