A ABPO (Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável), juntamente com o IHP (Instituto Homem Pantaneiro), anunciou um projeto piloto de estratégias para a redução de predação de bovinos na pecuária causada pelos grandes felinos existentes no bioma, como a onça-parda (Puma concolor) e onça pintada (Panthera onca).
A finalidade do projeto é apresentar técnicas e alternativas para minimizar o conflito entre as duas espécies e alterar o status da convivência de passivo para ativo ambiental. Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), com uma de suas unidades localizadas no bioma, o Pantanal constitui uma das mais importantes regiões para a conservação das onças exatamente pelo seu grau de preservação ambiental até os dias atuais.
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As três fazendas modelos do projeto estão localizadas nas regiões da Nhecolândia, Nabileque e Aquidauana. Após o projeto piloto, a tarefa será multiplicar o conhecimento dos métodos empregados para o máximo de produtores rurais, em todas regiões pantaneiras, inclusive no estado de Mato Grosso.
“A ideia é propormos as estratégias anti-predação como uso da cerca elétrica dentro de condições técnicas adequadas, auxílio no manejo, repelente luminoso, em três modelos experimentais para validação do projeto, juntamente com os associados da ABPO, bem como a outros pecuaristas que quiserem somar esforços na proteção de seus rebanhos, aumentando a produtividade em coexistência com os felinos, demonstrando que a produção acontece sim, em harmonia com a proteção a conservação da biodiversidade”, afirma Diego Viana, médico veterinário do IHP. O instituto já trabalha com sucesso na implantação das técnicas e agora a ideia é expandir para outros produtores e lideranças.
A área de pastagens no Pantanal é estimada em 2,3 milhões de hectares, com um rebanho de cerca de 9,5 milhões de bovinos. Para o presidente da ABPO, Eduardo Cruzetta, a participação e adesão dos pecuaristas pantaneiros acontecerá na medida que a viabilidade dos investimentos seja confirmada. Isso é essencial para que o projeto tenha sucesso.
“A conta não é barata”, diz ele. “Precisamos, primeiramente, mostrar que a pecuária pantaneira, existe e coexiste, com a diversidade do bioma. Não à toa possuímos uma das maiores populações de onças pintadas e pardas do mundo. Mas também precisamos proteger nosso rebanho. Então essa é uma via de mão dupla, que tem seus desafios e precisa de apoio e valorização”.
O Pantanal é, também, uma região com largo potencial para o agroturismo, por exemplo com os safáris para o público urbano, o que gera renda às propriedades.
Além do IHP, outras entidades apoiam o projeto, como a Fundação Panthera, o governo do estado e o Sebrae. Para o presidente do IHP, Ângelo Rabelo, é preciso “encontrar o ponto de equilíbrio, assegurando a permanência do homem e da sua cultura”.
“A ABPO pode contribuir com as ações que o IHP, há muito tempo, tem buscado, de aproximação entre o que se deve conservar e o que se produz. Atualmente existe uma conta com prejuízo, que o pantaneiro absorve sozinho, enquanto que a manutenção das espécies gera um benefício coletivo à sociedade.”
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