Em 2016, um ano depois que foi criado, o prêmio Valor Inovação Brasil, identificava a Nestlé como a 61º companhia mais inovadora do país. No ano de 2018, recém-chegado do México, o novo presidente da empresa por aqui, Marcelo Melchior, chamou Carolina Sevciuc, que à época cuidava da marca Nescafé, para assumir uma nova área: transformação digital. Em 2022, a empresa chegou à primeira posição do mesmo ranking do Valor e, desde então, foram mais de 17 prêmios.
Segundo Carolina Sevciuc, os resultados estão relacionados a um esforço coletivo e da vontade de muitas áreas em transformar os rumos de uma companhia centenária. A executiva entrou na empresa suíça em 2007, na área de marketing, já tendo passado por BRF e Melitta. Nesta semana, assume como Senior Director Strategy &Transformation da PepsiCo onde também será responsável por uma agenda de inovação e responderá à liderança América Latina. No Brasil, a companhia mantém um portfólio que inclui marcas como Pepsi, Gatorade, Doritos, Ruffles, entre outras, e é liderada por Alexandre Carreteiro.
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À Forbes Brasil, Carolina Sevciuc fala sobre os aprendizados em ser uma das primeiras mulheres a liderar uma área de transformação digital no Brasil e reforça a importância de repertório e velocidade para os líderes que, ou já migraram, ou ainda migrarão para essa área. “Sou apaixonada por alimentos desde criança e trouxe isso comigo para o profissional. Um dos melhores pontos das transições que fiz do marketing para a inovação foi a necessidade de estar atualizada e inteirada sobre temas ainda mais diversos e que estavam fora da minha zona de conforto”, destaca Carolina.
Forbes Brasil – Como foram essas transições e junções de habilidades do marketing à inovação?
Carolina Sevciuc – Essa transição do marketing para a inovação impactou minha visão sobre negócios, sobretudo em termos de amplitude. O primeiro passo é sair de uma área onde, em tese, se está confortável, para abraçar algo absolutamente novo. O aprendizado aqui foi transformar esse desconforto em algo positivo. Outra coisa foi levar esse olhar aguçado para o cliente, que no caso do marketing, era muito importante, também para a inovação. Ou seja, como essa inovação afeta meu consumidor? Qual o impacto financeiro? E o ambiental? Por fim, tem uma jornada também de muito aprendizado e que só cresce em relação à busca de repertório.
FB – Quais os aprendizados dessas mudanças de foco de carreira e de liderança de novas áreas e desafios?
Carolina – Um primeiro aprendizado, sobretudo em processos de intensa transformação e mudança, é se cercar de pessoas curiosas e que tenham pensamentos divergentes aos seus. Além disso, criar ambientes onde seja possível dividir percepções e conclusões diferentes. Para mim, essa divergência é um dos maiores aprendizados. É importante que as equipes sejam compostas por pessoas de olhares divergentes, mas que também se complementam em suas diferenças. De certa forma, eu gosto de viver neste desconforto positivo.
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FB – Do período que você esteve na Nestlé o que destaca sobre os aprendizados em liderar uma área de inovação, até então inédita?
Carolina – Foi uma divisão que começou com inovação e acabou por incluir tecnologias e outras áreas. É incrível observar como o poder das conexões e da vontade de transformação nos ajudam a lidar com desafios complexos. Além disso, aprendemos também, neste período, sobre o poder de atuar em rede e o potencial que uma grande empresa tem de alavancar mudanças por seu tamanho e por seus processos. Vi isso na Nestlé e vejo isso muito claro agora na PepsiCo. Além disso, outra questão muito importante foi entender a relação da inovação com a agenda de ESG. Ou seja, como criar produtos e processos sempre pensando no impacto para a sociedade.
FB – Como está sendo esse período de mudança e qual será sua agenda na PepsiCo?
Carolina – Liderar a área de estratégia e inovação de uma grande companhia sempre exige a compreensão que não dá para falar de tecnologia e transformação sem incluir pessoas. Sou uma pessoa vindo de fora para liderar esse movimento, mas considerando que a empresa vem fazendo um trabalho impecável e muito consistente, ou seja, meu esforço neste primeiro momento é ouvir, escuta em primeiro lugar. Isso será fundamental não somente para essa chegada, mas para preparar esse caminho de construção e alavancagem.
FB – Quais as habilidades necessárias para líderes que estão (ou vão) tocar áreas de transformação nas companhias? O que você recomendaria?
Carolina – Reforço que não se faz transformação sem pessoas com pensamentos e olhares diversos, além de escuta ativa. Além disso, saber encarar o desconforto positivo, possibilitar a criação de ambientes que estimulem troca de ideia e, principalmente, fazer escolhas. A área de inovação é incrível e vai abrindo várias portas e janelas de oportunidades. No mercado brasileiro também não faltam oportunidades. O que acredito é que precisamos sempre fazer escolhas e ajustes constantes. O que desenhamos, não necessariamente será o que entregaremos.
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