Uma rotina de skincare correta pode ajudar a prevenir o envelhecimento da pele, mas você sabia que a alimentação também influencia nesse processo? Essa influência, segundo o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, está ligada a três processos: oxidação — maior produção de radicais livres —, inflamação e glicação — endurecimento das fibras de colágeno por excesso de açúcares na dieta —, que acentuam o aparecimento de rugas, flacidez e manchas.
Mas calma, pois nem tudo está perdido! Do mesmo jeito que alguns alimentos podem acelerar o envelhecimento da pele, outros ajudam a tratar esse quadro. Até porque, com uma alimentação equilibrada, é possível, sim, conquistar uma pele bonita e saudável, viu? Abaixo, o dermatologista explica tudo sobre esses três processos e como usar a alimentação a favor da sua pele:
Oxidação
Um dos mais importantes mecanismos do processo de envelhecimento é o estresse oxidativo. “Nosso organismo está acostumado a lidar com radicais livres, mas quando há uma produção exagerada deles o nosso sistema antioxidante natural não é capaz de combater. Como resultado, sofremos com alterações nas funções das células, até mesmo no DNA celular, e isso culmina no envelhecimento precoce, com aparecimento de manchas, rugas e flacidez – pela perda de função das proteínas de sustentação”, explica o Dr. Daniel.
O alto consumo de carboidratos que favorece o estresse oxidativo – Foto: Shutterstock
A oxidação é um processo influenciado pela exposição solar desprotegida, mas o tabagismo, o álcool, a poluição e, também, a dieta têm forte influência nisso. Alimentos de alto índice glicêmico, como carboidratos, farinhas e açúcares, por exemplo, são rapidamente digeridos pelo organismo e transformados em glicose no sangue, provocando assim um pico de glicemia.
“Para reequilibrar esse alto nível de glicose no sangue, o organismo aumenta a produção de moléculas que podem se transformar em radicais livres. Se o consumo excessivo de carboidratos é constante na alimentação, ocorre um processo denominado como estresse oxidativo, que desencadeia mais problemas, ao ativar diversas vias inflamatórias no organismo e contribuir para a inflamação crônica”, explica o dermatologista. Ou seja, o primeiro processo está diretamente ligado ao segundo.
Inflamação
Naturalmente, nosso organismo utiliza-se da inflamação para se proteger. Mas quando há estresse oxidativo no organismo, esse processo se intensifica e o perfil inflamatório no organismo aumenta. Porém também existem alimentos que contribuem para esse aumento da inflamação, principalmente aqueles ricos em gorduras trans, frituras de imersão e carboidratos de alto índice glicêmico.
“As vias inflamatórias são ativadas e podem desencadear diversos problemas de pele, desde irritação, vermelhidão até fraqueza da função de barreira, aumentando a suscetibilidade para o aparecimento de rugas. A inflamação constante por meio da dieta também está ligada a danos teciduais que estão envolvidos no surgimento de rugas, flacidez, manchas e linhas de expressão”, explica o médico.
Glicação
Como se não bastasse, o alto consumo de carboidratos que favorece o estresse oxidativo também faz com que as moléculas de açúcar reajam com as proteínas de sustentação do organismo, principalmente o colágeno, gerando o chamado AGEs — produtos finais da glicação avançada — em um processo conhecido como glicação.
A falta de colágeno provoca a flacidez da pele – Foto: Shutterstock
“Na glicação, as moléculas de glicose se unem às proteínas de elastina e colágeno, responsáveis pela firmeza da pele. Com isso, elas ficam endurecidas e se quebram, o que aumenta o processo de envelhecimento da pele e a flacidez”, explica o Dr. Daniel. “Nesse caso da glicação, é como se o açúcar endurecesse o colágeno, fazendo com que ele perca sua capacidade de sustentação e mobilidade”, conta.
Alimentos que combatem o envelhecimento da pele
Para combater a oxidação, o dermatologista indica alimentos ricos em vitamina C e E, além de oligoelementos, selênio, zinco, carotenoides e polifenóis como resveratrol, que possuem capacidade antioxidante.
“Porém, ainda que nutrientes isolados sirvam como antioxidantes, o ideal é investir em alimentos que sejam ricos em uma grande variedade dessas substâncias. Um alimento sozinho não surtirá efeito”, explica. “Os temperos e ervas também podem ser usados, pois são ricos em antioxidantes. Além disso, frutas vermelhas e vegetais de todas as cores, no geral, também figuram entre alimentos que contêm antioxidantes em quantidades médias e altas”, afirma.
Frutas e verduras contribuem com uma pele saudável – Foto: Shutterstock
Outros alimentos que ajudam a combater o envelhecimento da pele
Já para combater a inflamação, consuma alimentos como a cúrcuma, chá verde, chá preto, gengibre, alho e cebola. “Nutrientes como fibras, magnésio, vitamina D e Ômega-3 também já foram destacados em estudos devido a seus efeitos anti-inflamatórios. É possível acrescentar nessa lista também os alimentos e suplementos pré e probióticos, que melhoram o perfil inflamatório do organismo como um todo, por meio da manutenção da flora intestinal”, diz o médico.
Além disso, também é possível combater a glicação: “As fibras são essenciais, além do consumo proteico adequado. Ambos conseguem controlar a velocidade dos picos de açúcar no sangue. Limitar os açúcares traz um efeito altamente benéfico”, diz o médico. Segundo ele, produtos integrais, leguminosas, frutas e verduras fazem parte da estratégia que vai limitar a hiperglicemia. “Alimentos como canela, alho, erva mate, tomate, gengibre, cominho, pimenta do reino e chá-verde possuem propriedades anti glicantes, sendo assim ideais para combater os processos bioquímicos de glicação”, destaca.
Assim, se você deseja um envelhecimento saudável da pele, o ideal é apostar em uma dieta que incorpore essas três estratégias, combatendo esses processos que estão extremamente interligados. Contudo, o Dr. Daniel ressalta a importância da avaliação dermatológica. Afinal, somente um especialista poderá prescrever suplementos e tratamentos de acordo com a sua necessidade.
Fonte: Dr. Daniel Cassiano, dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e cofundador da clínica GRU Saúde.