O ano de 2021 foi generoso no financiamento de startups. Os investidores em todo o mundo injetaram US$ 621 bilhões nessas empresas iniciantes, mais do que o dobro do registrado no ano anterior. Os chamados unicórnios, as empresas avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão antes da abertura de capital, acompanharam esse movimento: 537 startups receberam o título, uma média de duas por dia útil.

Essa onda passou. Em 2022, o financiamento de empreendimentos de risco chegou a US$ 250,1 bilhões até junho, uma queda de 12,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. Já o nascimento de unicórnios caiu de dois por dia útil para 1,4, em média. Neste ano, o número de startups avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão caiu para 212.

Os dados são da plataforma de análise CB Insights, que já alerta para uma queda mais acentuada no terceiro trimestre. “No ritmo atual, apenas 27 unicórnios nascerão até o final deste trimestre. Isso é menos de um nascimento de unicórnio para cada dois dias úteis”, diz o relatório.

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De acordo com a CB Insights, Estados Unidos e países asiáticos foram os que mais sentiram a desaceleração de novos unicórnios no segundo trimestre de 2022. Os EUA perderam 5 pontos percentuais em participação no mercado de startups que valem mais de US$ 1 bi – saiu de 63% para 28%.

Já os países asiáticos fecharam o segundo trimestre seguido com uma participação inferior a 20%, algo que o relatório aponta como inédito. No final de 2021, a participação do continente era de 24%, ao final de março fechou em 15% e em junho subiu para 18%.

A Europa conseguiu superar a Ásia pela primeira vez ao alcançar 19% de participação entre abril e junho de 2022 e garantir o nascimento de três dos dez unicórnios mais valiosos do período: SonarSource (Suíça, US$ 4,7 bilhões), BackBase (Holanda, US$ 2,7 bilhões) e Oura (Finlândia, US$ 2,6 bilhões).

“As taxas de juros subiram mais cedo nos EUA do que na Europa, levando a uma retração mais rápida no mercado de empreendimentos dos EUA”, segundo a CB Insights.

Captação de recursos mudou

“A abundância de unicórnios de hoje é um vestígio do ecossistema de empreendimentos otimistas de 2021”, diz o relatório. Segundo a plataforma, à medida que os investimentos em capital de risco diminuíram, o mercado deixou de apoiar as startups, mesmo aquelas em estágio mais avançado de negócios.

O montante investido caiu 12,5%, mas os negócios recuaram em 30% no acumulado de 2022, quando comparado com o mesmo período de 2021. “As avaliações permanecem altas em comparação com os anos anteriores, sugerindo que há espaço para que elas caiam ainda mais.”

O número de mega-rodadas – superiores a US$ 100 milhões – reduziu em 31% no segundo trimestre em relação ao primeiro do ano. Transações de fusões e aquisições caíram pela primeira vez em oito trimestres, aponta o relatório.

“Um ambiente de financiamento mais apertado – onde os investidores não estão competindo tão intensamente pelo acesso a negócios – torna mais difícil para qualquer empresa alcançar uma avaliação acima de US$ 1 bilhão”, diz a CB Insights em texto.

O cenário macroeconômico instável, com inflação global, aumento dos juros e crises geopolíticas, deve continuar apertando o mercado de risco na avaliação da empresa. Para eles, os investidores ficam menos certos de que verão retornos de sucesso nas empresas.

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