Entenda o porquê de o grupo VW valer mais sem a Porsche

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REUTERS/Ralph Orlowski

IPO da Porsche, na bolsa de Frankfurt: recursos para uma das divisões mais dinâmicas do grupo

O resultado da abertura de capital da Porsche, realizada ontem (29) na Bolsa de Frankfurt, surpreendeu boa parte dos investidores. As ações foram vendidas pelo equivalente a US$ 9,2 bilhões. Foi o segundo maior IPO da Alemanha. Perdeu apenas para os US$ 13,2 bilhões captados pela Deutsche Telekom, em 1996.

Parte desses recursos vai para os acionistas da Volkswagen, que anunciou um dividendo especial de 49% ainda neste ano. Outra parte será investida no desenvolvimento de veículos elétricos, que deve consumir US$ 48 bilhões nos próximos anos.

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A partir do resultado do IPO, uma regra de três indica que o valor de mercado da Porsche é de cerca de US$ 74 bilhões. Para comparar, antes do IPO, as dez marcas do grupo (Audi, Lamborghini, além da VW e da própria Porsche) valiam US$ 84 bilhões.

Antes do IPO, quando a Porsche ainda estava “dentro” da VW, ela representava cerca de 12% das vendas. Assim, o grupo “perdeu” US$ 11,3 bilhões ao tirar a marca debaixo de seu guarda-chuva e “ganhou” US$ 74 bilhões pela sua valorização como empresa independente. Na ponta do lápis, o IPO elevou o valor total para US$ 157 bilhões, um ganho de 67% em apenas um dia.

Como explicar isso? Os especialistas do mercado financeiro explicam que a cisão de alguma atividade, conhecida como spin-off, frequentemente mostra que o valor das partes é maior do que o valor do todo. “A Porsche vinha crescendo dentro do grupo VW”, diz Rodrigo Marcatti economista e CEO da Veedha Investimentos. “Ao separar as atividades, o IPO vai injetar recursos em uma área específica, que tem se mostrado mais dinâmica do que os outros departamentos do conglomerado.”

Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos, concorda com essa avaliação. “A Porsche ficou grande o suficiente para isso”, diz ele. “Faz sentido listar as ações na bolsa e captar dinheiro por meio de IPO em vez de tomar dívida, pois a Porsche está robusta, com faturamento e governança corporativa sólidas.”

Em geral, um spin-off destrava valor. O exemplo mais recente é o do Pão de Açúcar, que separou as ações da rede de atacarejo Assaí em fevereiro de 2021. Antes da separação, o grupo Pão de Açúcar valia US$ 3,69 bilhões na bolsa.

Depois da separação, esse valor caiu para US$ 1,56 bilhão, em março de 2021. Porém, nessa data, o valor de mercado da Assaí era de US$ 3,48 bilhões. Assim, a soma de Assaí mais as atividades remanescentes do Pão de Açúcar valia US$ 5,04 bilhões, um aumento de 36,5% em relação ao valor das empresas dentro do mesmo grupo.

Não foi o único caso. Em abril de 2013, a empresa aérea Gol valia US$ 1,7 bilhão. Em maio, o valor havia caído para US$ 1,2 bilhão. Porém, se considerarmos o US$ 1,4 bilhão do valor da empresa de fidelidade Smiles, que foi separada da Gol e teve suas ações vendidas no mercado, a soma é de US$ 2,61 bilhões, um aumento de 52%.

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