Elon Musk deve ter perdido o apetite. Ontem (27), na hora do almoço, seu patrimônio segundo o indicador The Real-Time Billionaires List, editado pela Forbes dos Estados Unidos, mostrava um encolhimento de US$ 5,1 bilhões em relação à segunda-feira (26). Musk valia, naquele momento, US$ 255 bilhões. No início do dia, seu patrimônio era de US$ 260 bilhões.
Ele ainda estava confortavelmente instalado na posição de pessoa mais rica do planeta. O segundo lugar, ocupado pelo francês Bernard Arnault, fundador da LVMH, ainda era de cerca de US$ 145 bilhões. Ou seja, era muito improvável que Musk perdesse o posto. Mesmo assim, uma queda de 1,9% no patrimônio em apenas cinco horas mostra como essa entidade chamada mercado tem andado nervosa.
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Empreendedor serial, o sul-africano naturalizado americano Musk criou o PayPal no ano 2000, vendida para o eBay em 2003 por US$ 1,5 bilhão em ações. Musk criou várias outras empresas, entre elas a montadora de veículos elétricos Tesla e a empresa de energia solar SolarCity. As empresas caíram no gosto do mercado. A valorização de suas ações, de que Musk tem grandes lotes, o fez desbancar Jeff Bezos da posição de mais rico em janeiro de 2021, segundo a Forbes.
Mercado agitado
A oscilação no patrimônio do sul-africano não afeta sua posição entre os bilionários, mas mostra claramente como essa entidade conhecida como mercado financeiro anda nervosa. A Tesla é um bom exemplo. A montadora pode ser comparada com uma empresa de tecnologia como Facebook ou Google. Essas características fazem com que ela seja uma consumidora voraz de capital. Ainda que venda muitos carros e lucre bastante fazendo isso, ela tem de investir muito dinheiro em pesquisa e desenvolvimento. Ou seja, seu crescimento depende de que haja muito dinheiro disponível no mercado.
Com as decisões recentes do Fed, o banco central americano, de elevar os juros para conter a inflação, o custo de tomar dinheiro emprestado aumentou. Isso sempre reduz a margem de lucro das empresas e faz com que haja menos interesse em comprar ações. As cotações caem e o patrimônio de todos os investidores na bolsa encolhe. E isso vale para Elon Musk e para o ao cidadão que tem dez dólares aplicados em uma ação sem maiores pretensões.
Seria possível dizer que essa afirmação está errada, por um simples fato. Até onde sabemos, Musk não vendeu nenhuma ação quando as cotações caíram. Ou seja, ele não fez um mau negócio. No jargão do mercado, vender uma ação por um preço menor do que o da compra é chamado de “realizar um prejuízo”. Isso só ocorre se houver vendas. No entanto, considera-se que ele está mais pobre por uma questão de critérios. Musk não vendeu nenhuma ação e por isso não realizou prejuízo. Porém, se ele fosse obrigado a vender suas ações, ele teria de realizar esse prejuízo. Como nada garante que ele não terá de vender suas ações, considera-se que ele está mais pobre.
Lições do prejuízo
Isso traz uma lição importante para quem investe na Bolsa. Os preços das ações oscilam sempre. Se só prestar atenção neles, o investidor vai sofrer todos os dias a angústia de estar “mais pobre” ou “mais rico” do que na véspera (ou cinco minutos antes). Porém, quem investiu em boas empresas com boas perspectivas não deve prestar atenção nisso, e deixar o sobe e desce do mercado de lado. Não é porque as ações caíram que as pessoas vão deixar de querer comprar os icônicos carros da Tesla.
Quer uma prova? Hoje (28), na mesma hora do almoço, o patrimônio de Musk havia subido US$ 950 milhões, recuperando (e ganhando) em relação às perdas da véspera.
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