No início de setembro, a Revista “The Lancet” publicou “o maior e mais robusto estudo que relacionou o câncer e os fatores de risco”. No artigo “A carga global do câncer atribuível a fatores de risco, 2010-19: uma análise sistemática para o Global Burden of Disease Study 2019”, os autores pretendem entender o impacto da carga da doença atribuível a fatores comportamentais, ambientais, ocupacionais e metabólicos potencialmente modificáveis.
A proposta é criar estratégias que sejam mais eficazes na prevenção e na mitigação dos casos, que crescem principalmente em nações mais pobres.
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Interessante observar que os principais fatores de risco para ambos os sexos foram o tabagismo, seguido pelo uso de álcool e alto índice de massa corporal (IMC). No entanto, especialmente em locais de baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o sexo desprotegido também foi considerado, como agente de perigo de transmissão para o HPV, por exemplo, ligado a casos de tumores de colo de útero, ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe.
Esta revisão, que englobou dados da década de 2010, revelou que os fatores preveníveis poderiam ter evitado 4,5 milhões de mortes por câncer em 2019 no mundo, ou 44% de todos os óbitos pela doença naquele ano.
Segundo os pesquisadores, “os principais fatores de risco que contribuíram para a carga global de câncer em 2019 foram comportamentais, enquanto os fatores de risco metabólicos tiveram os maiores aumentos entre 2010 e 2019”.
Há muito tempo diversos estudos apontam que os hábitos saudáveis têm impacto positivo sobre o diagnóstico e o prognóstico do câncer. Este estudo robusto reforça que a redução da “exposição aos fatores de risco modificáveis diminuiria a mortalidade por câncer e as taxas de anos de vida perdidos em todo o mundo”. Da mesma forma, recomenda que as políticas sejam “adaptadas adequadamente de acordo com as características daquele país ou região”.
Falamos, hoje, sobre a personalização dos tratamentos oncológicos. Precisamos, também, olhar com mais atenção para nossa população, entender as demandas regionais de prevenção, rastreamento, diagnóstico e tratamento, para pensar em políticas públicas mais efetivas para a Oncologia em nosso país.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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