O Ibovespa devolveu parte dos ganhos da semana nesta sexta (23) ao recuar 2,06%, a 111.716 pontos. O índice de ações acompanhou o movimento de aversão a risco do exterior e a queda foi generalizada no mercado brasileiro.
Das 90 ações listadas no Ibovespa, apenas 17 não fecharam em campo negativo nesta sexta. Porém, o saldo semanal ainda foi positivo: entre segunda (19) e hoje, o índice de ações valorizou 2,23%. No mês, os ganhos chegam a 4,15%.
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De acordo com a análise da Genial Investimentos, “os mercados estendem a tendência de baixa após decisões mais duras das principais autoridades monetárias do mundo”, com destaque para o movimento do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, que elevou os juros no país em 0,75 ponto percentual pela terceira vez consecutiva nesta semana.
Os bancos centrais “têm elevado o tom no combate à inflação e o custo para isso são as bolsas em queda e uma atividade econômica mais fraca”, afirma nota da corretora enviada aos clientes.
Números do PMI composto divulgados hoje pela S&P Global mostraram que a atividade empresarial nos EUA encolheu pelo terceiro mês seguido em setembro, enquanto, na Europa, os dados apontaram para uma provável recessão na zona do euro.
Com isso, a perspectiva atual do mercado global é de desaceleração econômica e impacto nos lucros corporativos, em meio a preocupações que incluem o conflito na Ucrânia e o aperto monetário em várias partes do mundo.
Os preços do petróleo atingiram hoje os menores níveis vistos desde janeiro deste ano. O barril Brent fechou avaliado em US$ 86,15, após recuar 4,76% na sua cotação do dia. A leitura dos analistas é de que a queda no preço acontece devido aos temores com a recessão e menor demanda pela commodity.
Também hoje, o índice norte-americano Dow Jones chegou próximo da marca de queda de 20% em relação ao seu pico do ano (36.799,65 pontos), o que representa a confirmação de uma “bear market” (mercado de baixa) nos Estados Unidos.
O índice S&P 500 atingiu essa marca em junho e hoje já recua 23%, enquanto o Nasdaq bateu o patamar em março, e atualmente perde 31%.
Hoje, o Dow Jones chegou próximo ao fechar aos 29.592,85 pontos, o que representa uma queda de 19,58% frente ao pico. O índice caiu 1,61% no dia. Já o S&P perdeu 1,72%, a 3.693,49 pontos, e o Nasdaq recuou 1,80%, a 10.867,93 pontos.
Por aqui, o mercado brasileiro não está na mesma posição de seus similares internacionais. O Banco Central (BC) iniciou o seu aperto monetário ainda em março do ano passado e nesta semana encerrou o ciclo ao atingir manter a Selic em 13,75% ao ano.
Segundo os membros do Copom (Comitê de Política Monetária), o momento é de cautela e não houve qualquer sinalização de quando os juros voltarão a cair. Mas o fato do país estar adiantado nesse processo rendeu quase 2% de valorização ao Ibovespa ontem.
Mas hoje não deu para fugir. A aversão ao risco mundial bateu na porta da B3 também.
As ações que mais sentiram foram do mercado de aviação com Embraer (EMBR3), Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), que perderam 7,46%, 6,81% e 6,44%, respectivamente, além das petroleiras.
Os papéis ordinários da Petrobras (PETR3) caíram 7,06%, a R$ 32,90, enquanto as ações preferenciais (PETR4) recuaram 6,26%, a R$ 29,94. 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRio (PRIO3) também saíram no prejuízo, com perdas de 5,54%, a R$ 37,35, no caso da 3R, e 4,84%, a R$ 28,14, para a PetroRio.
Já Equatorial (EQTL3) despontou entre as poucas ações que fecharam no azul no Ibovespa. A empresa anunciou que fechou a compra da distribuidora de Goiás Celg-D, da Enel, pagando R$ 1,58 bilhão. Na Bolsa, o resultado foi uma valorização de 7,75%, a R$ 26,97.
Outras empresas de energia subiram na onda, como EDP (ENBR3), com alta de 2,77% e CPFL Energia, com alta de 1,32%.
O dólar comercial disparou durante o dia a ponto do BC intervir com a venda de US$ 2 bilhões no mercado de câmbio em um leilão extraordinário. Ao final do pregão, a moeda norte-americana fechou em alta de 2,62%, a R$ 5,2485. Na semana, o saldo é de queda de 0,20%.
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(Com Reuters)
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