A italiana illycaffè, que compra no Brasil a maior parte do café para seu “blend” internacional de alta qualidade, projeta um crescimento de cerca de 40% nas vendas no país em 2023 versus 2022, à medida que expande presença em supermercados, onde ainda tem participação pequena.
Esse crescimento foi preparado ao longo dos últimos anos, quando a illycaffè fez esforço para aumentar o parque de suas máquinas, inclusive com promoções para que os consumidores pudessem beber em casa cafés diferenciados como o “iperespresso”, de inigualável crema duradoura, disse à Reuters o principal executivo da companhia no país.
“O canal que esperamos crescer (mais) é nos supermercados, ainda temos presença incipiente, mas também em todos os canais, HoReCa (hotéis, restaurantes e cafés), uns 25%”, revelou o diretor geral da illycaffè Sud America, Frederico Canepa.
A conversa se deu após a companhia apresentar a segunda filial brasileira da Università del Caffè, recém-inaugurada na badalada rua Oscar Freire, São Paulo, onde espera ensinar as melhores técnicas para baristas e amantes de café, também como forma de promover o consumo de um produto de qualidade diferenciada e maior valor agregado.
Canepa lembrou que o crescimento projetado para o próximo ano deverá se dar após a companhia ter elevado o faturamento no país em 85% entre 2019, antes da pandemia, e 2022.
“O foco no consumidor doméstico foi acelerado com a pandemia, isso também nos deu um grande crescimento, principalmente no e-commerce”, acrescentou o executivo, comentando que a cápsula de iperespresso para consumo em casa já é, depois da profissional, “o produto de maior saída” da empresa.
Canepa evitou divulgar dados mais detalhados sobre vendas, mas disse que a companhia tem investido algo entre 7% e 8% do faturamento em marketing, com boa parte sendo destinada ao mercado paulista, onde concentra pelo menos 50% das vendas.
“O nosso grande desafio desde que assumi em 2019 foi aumentar a visibilidade da empresa, e neste sentido tanto a cafeteria quanto a Università del Caffè estão servindo para que o público saiba”, comentou.
A universidade de café conta com outras 26 sedes espalhadas pelo mundo.
Nova safra
A empresa italiana familiar, fundada em 1933, em Trieste, produz um “blend” único 100% de café arábica, combinando nove origens, sendo que o Brasil responde por pelo menos 50% da formulação.
“A maior porcentagem é de café brasileiro, que tem características muito importantes, como chocolate, corpo, doçura, que vai completar com o café de países de café despolpado, que tem aromas, como o da Etiópia”, disse Aldir Alves Teixeira, diretor geral da Experimental Agrícola do Brasil, empresa que tem exclusividade na compra de cafés no Brasil para a illycaffè.
Com a experiência de quem tem mais de 30 anos nesta atividade, ele disse que a safra brasileira deste ano, apesar de menor por problemas climáticos, teve “ótima qualidade”.
“Então, para a illycaffè, foi muito bom”, afirmou, lembrando que os cafeicultores que negociam com a companhia recebem um prêmio sobre o preço de mercado pelo café de qualidade, uma prática pioneira da empresa italiana.
Para a safra que será colhida no próximo ano, disse ele, o setor está na expectativa da chegada das chuvas de primavera, que se forem abundantes devem resultar em boa florada, algo essencial para a colheita de 2023.
Ele comentou que não tem chovido nas principais regiões cafeeiras, o que traz algumas preocupações. Disse também que poucas regiões receberam chuvas em agosto, o que resultou em floradas precoces, mas que representaram parcela relativamente pequena do parque cafeeiro.
“Se vierem as chuvas que estamos esperando, provavelmente vamos ter uma boa safra, qualidade é outra coisa…”. disse.
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