Alok fala sobre o principal projeto de sua carreira: tocar na ONU

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Alok fez sua apresentação no rooftop da ONU, início de projeto que ainda contará com um documentário

Conectar música, tecnologia e conscientização. Essa é a premissa de “O Futuro é Ancestral”, projeto realizado pelo Instituto Alok e o Pacto Global da ONU, em Nova York, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, na sexta-feira (16). No evento, empresas, instituições e especialistas falaram sobre como a indústria do entretenimento pode contribuir para a ressignificação do imaginário sobre a identidade dos povos originários e sua importância para um futuro justo e sustentável. O projeto também contou com o apoio da BeFly, ecossistema de negócios focado em turismo.

Na programação, Alok gravou uma performance no rooftop do edifício da ONU, ao lado dos artistas indígenas Mapu Huni Kuî, Owerá MC e Grupo Yawanawa, a ser lançado globalmente no próximo ano, com todo o lucro revertido para os artistas indígenas. O conteúdo será levado ao mundo, no intuito de evidenciar a urgência da promoção e defesa dos direitos dos povos indígenas de ocuparem múltiplos territórios na sociedade contemporânea.

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“Levar a sabedoria ancestral da floresta ao mundo faz parte não apenas dos meus objetivos artísticos, mas dos meus princípios como cidadão. Desde que tive contato com a cultura dos povos originários, entendi a importância da preservação e disseminação de seus conhecimentos e de desconstruirmos conceitos, crenças e narrativas que contaminam a visão que adultos e jovens do meu país, e de todo o mundo, têm sobre os indígenas. O futuro pode ser tecnológico e sustentável, mas para isso precisamos ouvir a voz da floresta”, diz Alok, que também é presidente do Instituto Alok.

Em entrevista à Forbes Brasil, Alok ressalta que esse é o projeto mais importante de sua carreira.

Forbes Brasil – O quão representativo é poder cocriar com artistas indígenas e como isso é importante para sua carreira e repertório?
Alok – É o meu projeto mais importante pois representa um legado cultural. Os indígenas são aproximadamente 5% da população mundial, no entanto, eles preservam cerca de 80% da biodiversidade do planeta, ou seja, a sabedoria milenar que possuem certamente é a ferramenta-chave no enfrentamento da crise climática. Artisticamente eu funciono como plataforma para potencializar as vozes indígenas e fazer a arte e cultura dos povos originários chegarem mais longe. A gente não precisa entender Yawanawá ou Huni Kuin para compreender os cantos, sentir o que eles desejam transmitir. Através da música conseguimos ampliar o alcance da cultura e saberes indígenas e então, gerar conscientização. Esse trabalho colaborativo tem me transformado como indivíduo, mas repito, não é algo para mim, é um convite a todos para fazerem parte desse projeto, por isso dos desdobramentos em música, documentário, ações sociais e agora esse fundo lançado em parceria do Instituto Alok e Pacto Global.

FB – Qual a importância de conectar a música para conscientização social e ambiental, sobretudo no momento em que vivemos?
Alok – A música e as expressões artísticas além de conscientizar, também mobilizam a nossa sensibilidade, nos tiram do senso-comum para desbravar outras possibilidades. Os cânticos indígenas são curas. A sabedoria milenar da floresta, a ancestralidade oral dos povos originários têm muito a nos ensinar na maneira de nos reconectarmos à natureza, ao nosso entorno, ao enfrentamento das questões climáticas. Precisamos ouvi-los, colocá-los no centro das pautas ambientais, torná-los protagonistas das próximas narrativas que traçaremos para a humanidade. Mas de uma forma mais objetiva, é reafirmar a presença indígena na sociedade e em todos os espaços públicos. Mostrar ao mundo que eles estão no topo mais alto da sede da ONU é simbolicamente forte. É um alerta ao mundo de que precisamos pensar nas demandas climáticas coletivamente, ouvir o que os indígenas têm a nos dizer.

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FB – Me chamou a atenção o desdobramento do projeto que inclui Web3, pode falar um pouco mais do impacto da tecnologia na música e na conexão das músicas?
Alok – Existe uma tecnologia que é milenar. Já ouvi pessoas dizendo que os indígenas são coisa do passado, é absurdo isso! Esses projetos vão integrar essa sabedoria com os campos tecnológicos e artísticos para repensarmos o futuro, o bem-estar dos povos da floresta e a preservação da biodiversidade. Para mim o futuro é um indígena numa canoa andando no rio Amazonas com um aparelho super sofisticado que rastreia os pássaros e olhando a borda do rio, se vê vários centros de pesquisa integrados com a natureza, buscando soluções e curas para a humanidade. Quando me aprofundei na comunidade gamer, percebi a aderência que tinha entre os indígenas, o interesse deles no e-games. Criei o Game Changer e reservei parte das vagas à times compostos exclusivamente por indígenas e estabeleci ali uma comunicação com esses jovens jogadores. Eles, em geral, estavam descentralizados, em um ecossistema próprio com pouco acesso aos meios de comunicação. O game entrou como um atrativo importante de inserção nos campos tecnológicos e da internet. A minha comunicação com a juventude indígena, a partir daí, ficou mais direta.

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