Moda e metaverso: limites, desafios e oportunidades híbridas

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A Gucci é uma, dentre as dezenas de marcas de moda que estão apostando em plataformas imersivas

Uma das indústrias mais avançadas quando o assunto é experimentação no metaverso, a moda já coleciona cases e projetos envolvendo plataformas imersivas, NFT, games e outras tecnologias relacionadas. De acordo com a Boston Consulting Group (BCG), os ecossistemas associados ao metaverso, que incluem tecnologias como AR e VR, por exemplo, devem gerar mais de R$ 2 trilhões em negócios até 2025.

Apesar do potencial, essa indústria ainda vive muitos desafios, discussões e, sobretudo, reflexões do impacto que ela possui nas marcas de moda e no comportamento das pessoas. Reunidos em um evento realizado no espaço de inovação State, em São Paulo, nesta semana, o Metaverse Fashion Talks, organizado por Giovanna Graziosi Casimiro, da Decentraland e Joyce Franco, especialista em inovação, algumas das principais lideranças de tecnologia e moda do Brasil discutiram o tema.

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Paulo Borges, idealizador do São Paulo Fashion Week, pontuou que o metaverso representa a oportunidade de as pessoas serem o que elas são, ou querem ser. “No caso das marcas, elas podem experimentar possibilidades impensáveis no mundo físico. Por que não ser apenas digital? Ou ter um ateliê e estar no ambiente imersivo participando de forma experimental. Esse modelo de 250 pontos de venda como meta de sucesso não existe mais. E o mesmo serve para a semana de moda”, pontuou.

Em novembro do ano passado, o SPFW recebeu um desfile inspirado em “roupas” de personagens do jogo Free Fire

Em novembro do ano passado, em entrevista exclusiva para a Forbes Brasil, Paulo já havia destacado a relevância do metaverso para a moda e como ela vinha lidando com inovação. “A moda para mim é o ambiente que mais suga tudo que está acontecendo no mundo. Ela vive disso. Do desejo de achar as narrativas e as inovações. Hoje, mais do que nunca, ela não é um sistema fechado, no sentido de que pode criar o que quer, não, ela precisa estar onde as pessoas estão e dar o que elas querem. E é nítido esse movimento que começou com o streetwear que se adentrou ao alto design no mundo inteiro e nos ensinou muita coisa.”, afirmou.

Comunidades e novas lógicas de produção

Outro tema abordado foram as novas dinâmicas de produção criativa. Para Giovanna, da Decentraland, o mais importante neste caso é falar de comunidades. “Na Decentraland, o poder está na comunidade. Se você tem uma marca, é criativo, aquele espaço te pertence. Durante a Metaverse Fashion Week, por exemplo, a própria comunidade decidiu que queria uma passarela somente para os criativos do Decentraland. E a nós, coube o suporte.” Giovanna se refere a um dos mais emblemáticos eventos de moda recentes que já ocorreu em uma plataforma imersiva.

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Realizado em março deste ano, o MFW reuniu mais de 40 marcas entre Dolce & Gabanna, Tommy Hilfiger, Forever 21 e Paco Rabanne. “O MFW foi uma grande experimentação, com marcas tradicionais e inovadoras. Nós nos dedicamos a aprender como cada uma se apropriava desse espaço. O desafio maior era fazer elas entenderem como contar suas histórias nesse novo mundo. Além do sucesso de PR, cerca de 7 bilhões de visualizações, eu destaco a visibilidade que o evento trouxe para a comunidade de criativos independentes, engajados nesse novo meio”, afirma Giovanna.

Balenciaga é outra marca que realizou várias ações envolvendo games e imersão, entre elas com Fortnite

Outra referência em metaverso e moda no Brasil e responsável pelo Brazil Immersive Fashion Week (BRIFW), cuja terceira edição ocorre em novembro deste ano, Olivia Merquior destacou a importância da representação neste novo contexto. “Se falamos em representação no metaverso, que significa se expressar em espaços virtuais, precisamos discutir quais são as novas possibilidades para as personas que queremos ser. A BRIFW é um espaço para experimentar coisas. Como no metaverso, nada está pronto, pois ainda é preciso desenvolver as soluções em conjunto. A gente pensa nas plataformas imersivas como um ecossistema de código aberto, em que as pessoas possam criar suas experiências de forma independente e livre”, ressalta Olivia.

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Representação, avatares e humanização

Estilista e uma das mentes criativas da moda brasileira, Isaac Silva reforçou seu entusiasmo com a tecnologia, inclusive sua coleção “Acredite no seu axé” já desenvolveu vários projetos de experimentação. Porém Isaac fez um alerta em relação ao metaverso. “Se o metaverso não for sustentável e humanizado já não faz sentido que sigamos falando sobre ele”. Isaac também destacou a importância da imersão como elemento de identidade, representação e acesso.

Leonardo Sorreano, especialista em avatares e parte da equipe de estratégia da Satiko, explica que, atualmente, eles assumem personalidade própria a partir das trocas com a comunidade. “O estrategista de avatares precisa estar atento ao que a comunidade do avatar traz. No caso da Satiko, não devemos excluir a audiência da Sabrina Sato, mas não limitar a ela. Estrategicamente, se a Sabrina e a Satiko tiverem no mesmo lugar, apenas as mesmas marcas vão querer contratar ambas.” Pedro Alvim, do Magazine Luiza, destaca que “a avatarizacao não é recente. Há tempos acompanhamos manifestações de avatares que extrapolam o universo da marca. A Lu é assim, transita por diversos segmentos, vende de alfinete a foguete. E natural vê-la usando todos os produtos da Magalu”.

Já Cairê Moreira, designer da Renner, vem fazendo experimentos com avatares desde 2016. “Os vejo como ferramentas para contarmos boas histórias. O que seria o metaverso ou a rede social senão canais pra contarmos histórias? Criando boas histórias, criamos comunidades.”

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