Pilotos são disputados por aéreas, e salários chegam a R$ 50 mil

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A falta de pilotos está levando companhias a procurar gente fora de seus países de origem e salários anuais podem passar de R$ 1 milhão

Pilotos e copilotos de aeronaves estão entre alguns dos profissionais mais disputados do momento em todo o mundo. Nos Estados Unidos e em diversas companhias europeias, a falta já faz com que parte da frota de aviões fique estacionada e comprometa o faturamento das empresas. Por aqui, o cenário ainda não é tão caótico, mas as empresas começam a disputar os melhores profissionais.

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A Azul Linhas Aéreas está nessa disputa. Recrutou 225 profissionais nos últimos 12 meses, o que corresponde a mais de 10% da equipe, que hoje tem 2.100 pilotos para 900 voos diários em 160 aeronaves. A Azul prevê novas contratações até dezembro, mas não divulga quantas.

“O salário de um piloto no início de carreira varia de acordo com o equipamento em que ele irá voar mas fica em torno dos R$ 10.000. Já um profissional experiente pode chegar a ganhar R$ 50.000 ou mais, dependendo da aeronave e região em que voar”, afirma o diretor de operações da EJ, Gustavo Gorni.

Com mais de cinco mil pilotos formados no Brasil, a EJ – Escola de Aeronáutica Civil, localizada em Itápolis, notou a alta na procura por seus cursos. “O aumento da demanda aérea fez com que muitos ex-alunos e profissionais nos procurassem para atualizar suas habilitações”, diz Gorni.

Latam vai contratar os pilotos que demitiu

Para dar conta do aumento na demanda e sustentar a maior participação de mercado no Brasil, que hoje é 36,3%, a Latam espera contratar 72 pilotos até dezembro. Durante o ano de 2022, até agosto, a companhia já recrutou 196 profissionais. Harley Meneses, diretor de Operações da Latam Brasil, explica que parte desses profissionais já atuavam na empresa e foram demitidos durante a pandemia.

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Agora, há um novo chamado. “Nós ficamos dois anos sem contratar em função da pandemia e agora estamos chamando colaboradores que foram desligados em 2020, na reestruturação”, explica. A companhia tem 1.624 pilotos e o executivo afirma que um dos diferenciais para o recrutamento de talentos está na oportunidade de carreira internacional oferecida pela empresa.

A perspectiva é que o setor aéreo siga em ritmo de recuperação e volte a ter lucro em 2023. Dados recentes da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) mostram que os aeroportos brasileiros transportaram 7,6 milhões de passageiros em julho de 2022, uma alta anual de 30%, que ajuda a entender o compasso de retomada.

Disputa por pilotos é global

Segundo Faye Malarkey Black, CEO da RAA (Regional Airline Association), associação que representa 17 aéreas regionais nos Estados Unidos, a disputa por pilotos é global. “Muitas empresas com atuação internacional estão contratando pilotos estrangeiros e isso acaba deixando as regionais em desvantagem, pois os salários das grandes companhias são mais atrativos.”.

Na lista de empresas internacionais recrutando gente estão Emirates Airlines, Frontier Airlines, Copa Airlines, Delta Air Lines e American Airlines. Segundo a RAA, as principais companhias aéreas do mundo anunciaram planos para contratar entre 12 mil e 13 mil comandantes neste ano e em 2023 e cerca de 8.000 em 2024. A Boeing prevê que serão necessários 600 mil novos pilotos nas próximas duas décadas para as mais de 40 mil aeronaves que irá entregar.

O que falta é achar os profissionais habilitados, que podem estar em qualquer país, desde que tenham formação e a experiência necessária. Segundo Black, se antes a prioridade era contratar pessoas do país de origem da empresa, com a falta de gente essa demanda caiu. As vagas são, principalmente, para quem fala inglês fluentemente. E os salários podem ir de US$ 80 mil anuais para quem está no início de carreira, a US$ 300 mil para os mais experientes.

Formação custa R$ 120 mil

Para a Black, a explicação para a falta de pilotos disponíveis do mercado internacional passa pelos valores altos de capacitação e desinteresse pela profissão, que requer prática e constantes atualizações. “Menos pilotos estão entrando na área do que estão deixando. A pandemia acelerou muitas aposentadorias e atrasou os treinamentos.”

Segundo a escola de pilotos Voe Floripa, de Florianópolis, com todos os cursos requeridos a formação custa cerca de R$ 120 mil. Este é o investimento para o profissional estar apto ao mercado de trabalho com base nos requisitos mínimos, que podem variar de acordo com a companhia. A Voe Floripa viu a demanda de alunos dobrar nos últimos meses.

A carreira começa com o curso de Piloto Privado (PP), que pode ser feito à distância por pessoas com mais de 18 anos e segundo grau completo. Depois disso, o aluno segue para fazer uma prova na banca teórica da Anac. Ao ser aprovado, precisa conseguir o certificado médico aeronáutico (CMA) antes de começar a voar.

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A formação segue para 40 horas de voo, que incluem a etapa de preparação para o voo solo, voo solo, navegações e voos noturnos.

Depois de conquistar a licença inicial de Piloto Privado, que conta com um exame prático, o aluno interessado passa para os próximos passos da carreira, que podem ser piloto comercial e instrutor de voo, por exemplo. Para ser piloto comercial é necessário ter 150 horas de voo.

Na Latam, por exemplo, são requeridas 500 horas de voo e outras certificações complementares. Já na Gol, além das 500 horas é necessário ter inglês fluente e desejável ter feito curso superior.

A disputa por pilotos tende a acontecer também na aviação executiva, que está em expansão. A Prime You, uma das maiores da América do Sul em compartilhamento de jatos executivos e helicópteros, o volume de negócios dobrou em 2021. “A área de aviação executiva também mostra números animadores e cresce desde a pandemia. Temos várias aeronaves executivas chegando ao Brasil e isso vai aumentar a procura”, diz Gorni, da escola EJ.

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