Minha jornada: “Não limito minha carreira ao job description”

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A executiva fez carreira em RH e foi uma das responsáveis por preparar o público interno e externo para o IPO da Decolar, em 2017

No ano passado, Josefina Schaer liderou o primeiro relatório de sustentabilidade e impacto social do grupo Despegar, empresa de origem argentina que controla a Decolar no Brasil tem também escritórios no México, Chile, Uruguai, Colômbia, Peru e Chile, mas atua em 19 países da América Latina ao todo. Como diretora de relações institucionais , cuidou do terreno interno – e externo – para que a empresa fizesse seu IPO, em 2017, quando a Despegar levantou US$ 332 milhões (R$ 1,7 bilhão) na bolsa de valores de NY.

Apesar de ter sido contratada para liderar o departamento de recursos humanos da empresa no início daquele mesmo ano, as habilidades de Schaer com pessoas foram logo requeridas para que ela estivesse à frente das relações institucionais, o que inclui investidores, fornecedores e outros stakeholders. “Era um momento importante, pois tínhamos alguns meses para preparar a abertura de capital e cuidar da cultura e do engajamento interno, mas também das relações externas.”

A executiva está hoje em um lugar que não imaginava quando entrou na faculdade de sociologia, há pouco mais de 15 anos. “O papel que desempenho hoje é algo que está sendo criado à medida que entendemos o que é necessário fazer, então não vejo um teto ou um job description. Posso ir por lugares que não foram estabelecidos.”

Essa transição de carreira (antes ela havia liderado o RH da consultoria Accenture), deu estofo e clareza para que Schaer entendesse melhor as pessoas e a comunicar. “Minha experiência me deu clareza para traduzir para dentro da empresa o que acontece fora dela”, diz. Ao mesmo tempo que trouxe espaço e aprendizados, essa exposição para além das paredes do escritório exigiu que desenvolvesse habilidades que não tinha. “Tive que trabalhar minha personalidade porque sou mais introvertida e tímida e hoje tenho que aparecer em eventos e me relacionar com muito mais gente, principalmente fora da companhia.”

Nessa trajetória, a executiva aprendeu também a lidar com os problemas que atingem a carreira feminina em quase todos os mercados. “Aos poucos a gente percebe que temos menos tempo para falar, então temos que ser mais rápidas e objetivas. Temos que dar mais explicações, então precisamos nos preparar mais. Até mesmo a maneira como nos vestimos tem que ser mais cuidadosa.”

Para que as próximas gerações de mulheres possam ser menos afetadas por esses preconceitos, uma das suas bandeiras é investir na formação de meninas em tecnologia. “Hoje precisamos de mais mulheres na base da empresa para que elas possam chegar à liderança um dia, então temos uma parceria com um programa que leva meninas do ensino médio para incentivá-las a vir para o mercado de tecnologia.”

Ainda que a Despegar tenha hoje 44% de mulheres em seu quadro, quando se chega na gerência sênior esse percentual cai para 25%. Entre os country managers dos escritórios em cada país, há uma mulher à frente de Argentina e Uruguai e outra que lidera o escritório responsável por Peru e Chile. As duas maiores operações, México e Brasil, são lideradas por homens.

Hoje ela está também à frente também da área de sustentabilidade, com olhar para ESG. Entre as ações para trazer mais mulheres para a alta liderança e para a companhia como um todo, foram implementadas alguns benefícios, como a licença de cinco meses para o cuidador principal da criança e de um mês para o secundário (seja o pai ou a mãe). “Estamos tirando um retrato do impacto social da empresa para entender o que podemos mudar para conseguir mais igualdade.”

Turning point 
“Assumir a área de relações institucionais foi muito divertido e também muito cansativo. Tive que mudar minha personalidade e meu jeito de pensar.”

Quem me apóia
“Meu marido é um grande apoiador, além de me desafiar profissionalmente. No trabalho, eu busco criar equipes com pessoas muito experientes em suas áreas e que saibam mais do que eu no nicho em que atuam.”

Primeiro cargo de liderança
“No RH da Accenture, uma empresa com milhares de funcionários no mundo e que me mostrou como era importante lidar com dados.”

Causa que abraço
“Hoje quero entender o impacto social e ambiental da empresa para traçar metas e liderar mudanças.”

Onde quero chegar
“Não vejo um teto ou um job description para o que faço hoje. Acho que estou construindo esse futuro à medida que vamos realizando e entendendo o que é importante.”

 

 

Quinzenalmente, a coluna Minha jornada conta histórias de profissionais que conquistaram espaço em seus mercados e áreas de atuação.

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