Cinco momentos marcantes de geopolítica do reinado de Elizabeth 2ª

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REUTERS/Peter Nicholls

A rainha também foi a última monarca do Império Britânico

Elizabeth 2ª foi a segunda monarca na história a reinar por mais tempo, atrás apenas de Luís XIV, conhecido como “Rei Sol” na França. O mundo se despediu ontem (8) da rainha, que ocupou o trono por 70 anos e participou de momentos marcantes na história.

Ela assumiu o reinado quando tinha apenas 25 anos após a morte de seu pai, o rei George 6º (1895-1952) e presenciou períodos que vão desde a Segunda Guerra Mundial ao brexit (saída do Reino Unido da União Europeia).

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Além de ser conhecida pela longa duração de seu reinado, a rainha Elizabeth 2ª também foi a última monarca do Império Britânico. Ela passou grande parte do começo de seu reino se despedindo do império que foi acumulado sob seus antepassados, que se estendia do Quênia a Hong Kong.

Veja os momento marcantes de geopolítica da rainha Elizabeth 2ª:

1) Crise de Suez (1956)

O Egito tentou nacionalizar o canal de Suez, que era controlado pelo Reino Unido. No período, britânicos e franceses se uniram para enviar tropas contra a tomada pelos egípcios, mas, por pressão dos Estados Unidos, Londres voltou atrás e desistiu da operação.

“Não se sabe ao certo quais foram os conselhos dados ao primeiro-ministro naquele momento, mas o que fica claro depois desse episódio é que a rainha Elizabeth 2ª governaria um império em decadência. O reino não tinha mais a influência de antes”, afirma Vinicius Rodrigues Vieira, professor de economia e relações internacionais na FAAP.

2) O retorno de Winston Churchill

Winston Churchill foi primeiro-ministro do Reino Unido entre 1940 e 1945, e liderou o país durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1951, ele retornou ao cargo, no qual permaneceu até 1955, quando renunciou ao mandato antes de completar 80 anos.

“Era um desafio enorme uma mulher tão jovem assumir o lugar do pai dela, sobretudo pelo papel de liderança que ele teve junto ao Churchill, que é um ícone tão grande da história. Conseguir administrar esse feito é, sem dúvidas, um evento geopolítico marcante de seu reinado”, diz Leandro Consentino, professor do Insper e especialista em Relações Internacionais. 

3) ‘God Save the Queen’ (“Deus salve a rainha”, anos 1970)

ieira também destaca o fato de Elizabeth ter mantido a monarquia de pé ao longo dos turbulentos anos 1970. A época foi difícil, com inflação, custo de energia e desemprego em altos patamares. Foi naquele momento, inclusive, que surgiu o movimento punk, com a banda Sex Pistols no auge do sucesso graças à música “God Save the Queen” (Deus salve a rainha), que era uma crítica ao cenário político do período.

“Ela se manteve firme e comemorou o jubileu de 25 anos naquela década sem sofrer grandes abalos, mesmo com as greves promovidas por vários movimentos sindicais. No fim, o prestígio dela manteve a união”, acrescenta o professor. 

4) Guerra do Golfo (1990)

Na Guerra do Golfo (1990), a rainha Elizabeth 2ª rompeu uma tradição e fez um pronunciamento à nação. No modelo britânico, o primeiro-ministro é quem lida com as questões de guerra, mas ela era a comandante suprema das Forças Armadas. 

“Esse foi um momento em que ela exerceu o papel de ‘Chefe da Nação’. A monarca usou a mídia e o seu prestígio pessoal para acalmar a população britânica diante de um momento de grande incerteza, quando produtos e comida desapareceram das prateleiras”, relembra Vieira, da FAAP.

5) Brexit (2020)

O quinto momento é o brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, que marca o fim de décadas de aproximação entre os britânicos e os europeus. Este foi um dos episódios em que a rainha exerceu sua neutralidade e não se manifestou sobre o que foi decidido pelo Parlamento e pelo povo por meio de referendo.

“Não se sabe se a rainha era a favor ou contra, não sabemos com certeza dessa questão. Mas é um ponto que suscita dúvidas, porque o Reino Unido perdeu poder com o brexit”, diz Vieira. 

Monarquia em risco?

A rainha Elizabeth 2ª tinha uma grande popularidade, acima de 70%. O agora rei Charles 3º tem em torno de 42%. Apesar do país não ter um movimento republicano partidário forte que ameace o fim da monarquia em si, a extinção do Reino Unido como um conjunto de nações pode sofrer riscos.

“A morte da rainha tende a aumentar essas forças. Para isso não acontecer, depende do Charles e também da capacidade da primeira-ministra [Liz Truss] de manter a população unida em torno do trono”, complementa Vieira.

Para Carlos Honorato, professor da FIA Business School, a monarquia precisa ser mais dinâmica agora: “O sistema pode perder sua força, já que há quem diga que ele serve apenas como um gasto de dinheiro. Eles vão ter dificuldades e o nível de crítica aumentará. A monarquia precisa se modernizar para continuar em jogo.”

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