Dia do Sexo: produtos e negócios exploram erotismo pós-Covid

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Dia do Sexo é comemorado hoje, 6 de setembro. Na foto, vibrador da Lilit, uma das sextechs protagonistas do Brasil

Como previam os bureaus de tendência, após meses e meses de confinamento, uma nova onda comportamental glamouriza o erotismo e aquece a indústria do sexo. Na moda, marcas de luxo investem em lingeries e peças mais curtas, decotadas e justas que exibem o corpo. Em outra frente, o mercado de sexual wellness mostra-se promissor: a taxa de crescimento anual é de 12,4%, com vendas globais estimadas em US$ 125 bilhões nos próximos três anos, segundo a agência de pesquisas internacional Global Sexual Wellness Market Analysis and Forecast. Os números são reflexo do desejo crescente pelo autocuidado e pelo prazer. 

Em São Paulo, os empresários Facundo Guerra, Cairê Aoas e Lily Scott preparam-se para reabrir o antigo Love Store, no centro da cidade, com o novo nome de Love Cabaré.  “Atualizamos o campo conceitual do sexo e vamos oferecer um palco a artistas que trabalham no campo do desejo e não do prazer”, conta Facundo.

Serão espetáculos extremamente corporais ligados ao fetiche, uma plataforma para todos conhecerem expressões com mágicas, drag queens e bondage (técnica de dominação com cordas). “Nosso slogan será: a casa de todos os corpos. Vamos celebrar o corpo polimorfo. Não mais os corpos brancos, magros, héteros e cis, como acontecia antes na boate. Abriremos espaço para a diversidade de cores, nacionalidades, gêneros”, afirma ele.

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Desde quando abriu o Vegas Club em 2005 na Rua Augusta, Facundo Guerra se especializou em reinventar ícones da noite paulistana, cartões postais e pontos turísticos da cidade (entre eles, o Mirante Nove de Julho, o Blue Note no Conjunto Nacional e o Bar dos Arcos, nos porões do Theatro Municipal).

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Projeto do Love Cabaré teve investimento na ordem dos R$ 4 milhões, assinado pelo arquiteto Maurício Arruda. Ele faz alusão à butique londrina Biba, famosa nos anos 70

Dessa vez, a revitalização do Love Store contará com cerca de trinta suítes da marca Lush, nos andares superiores, funcionando 24 horas como uma espécie de motel anexo. “Fizemos uma pesquisa de mercado na Coreia do Sul e vimos muitos prédios verticais”, conta Cairê Aoas. 

SEX AND THE CITY 

Na moda, roupas que valorizam o corpo, com comprimentos mini, cavas e recortes inusitados e altamente sexy dominam passarelas, feeds fashionistas e ganham as ruas. Uma atitude confiante e provocante é vista nas celebridades do momento, assim como nos desfiles mais comentados das últimas semanas de moda internacional. O sexy faz parte de uma nova estética contemporânea, trazendo à tona uma atmosfera fetichista e estreitando as fronteiras entre o sexo e o fashion.

Neste movimento, a grife australiana Dion Lee ganha os holofotes e as atenções das novas estrelas de Hollywood, como Zendaya, além de modelos e influenciadoras poderosas – no Brasil Flavia Alessandra, Camila Coutinho e Camila Queiroz são algumas das clientes. Entre rendas, couro, redes e fendas tudo o que o fetiche tem direito, a sensualidade encontrou a elegância com inovações têxteis que possibilitam a construção de peças flexíveis e elásticas.

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Foto da grife australiana Dion Lee, que derruma fronteiras entre o sexo e o fashion, apostando em peças cavadas, justas, flexíveis e provocantes

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Entre as marcas mais famosas, a sensualidade segue fortíssima, exemplo dos vestidos esculturais e reluzentes de Michel Kors ou das micro saias da Burberry, uma das primeiras marcas a povoar as passarelas com micro comprimentos.   

MEU CORPO MEUS NEGÓCIOS 

As sextechs e femtechs (uma categoria de software, diagnóstico, produtos e serviços que usam a tecnologia frequentemente para se atender a saúde da mulher e questões ligadas ao sexo), estão crescendo no planeta, inclusive no Brasil. O mercado de sexual wellness deve arrecadar US$ 108 bilhões em todo o mundo até 2027, de acordo com levantamento realizado pelo instituto Allied Market Research. 

Diante de tantas mudanças de comportamento da sociedade, o protagonismo feminino impera nesse mercado, com mulheres liderando o ecossistema de empresas e startups que criam e inovam no campo da sexualidade. Há dois meses, o setor no Brasil foi fortemente impactado com a fusão de duas startups conceituadas do meio, a Feel e Lilit comandadas por mulheres.  

Marina Ratton, CEO da Feel, e Marília Ponte, fundadora da Lilit, ensaiam parcerias comerciais desde 2020, que incluem a venda de produtos em ambos os sites e ações conjuntas com influencers. A Feel é pioneira no desenvolvimento de produtos íntimos naturais e veganos como lubrificantes, enquanto a Lilit lançou no país o primeiro vibrador desenvolvido por e para mulheres.

Marília Ponte e Marina Ratton, fundadoras das sextechs Feel e Lilit, respectivamente

A união das marcas prevê uma expansão da gama de produtos e serviços próprios, além de novas parcerias com outras startups focadas no bem-estar íntimo feminino. “Temos uma perspectiva em cima da sexualidade que é muito sinérgica. Nossa união vem de encontro reflete uma nova visão da mulher com necessidades que vão muito além do quarto, e do prazer”, ressalta Marília. 

A grande estrela da Lilit é o vibrador Bullet, que conquistou varejistas de peso como Magazine Luiza e o e-commerce de moda Amaro, apresentando um faturamento na ordem de R$ 1,7 milhão. Quanto ao volume de produção da Feel – que pode ser encontrada em canais de venda como Renner e Beleza na Web – é quatro vezes superior ao de janeiro de 2021, depois de ter recebido uma rodada de investimento, captando R$ 550 mil por meio da plataforma de equity crowdfunding Wishe Women Capital. Um dado curioso é que entre os investidores da empresa, 84% são mulheres.

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Produtos de cuidado íntimo da Feel e vibrador Bullet, da Lilit

De fato, esse é um mercado cada vez mais aquecido. Segundo a Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme), o faturamento do setor em 2021 foi de R$2 bilhões, com mais de 1 milhão de vibradores vendidos no país. A comercialização deste item em particular aumentou cerca de 50% entre março e agosto de 2020, e mais de 12% em 2021. Em termos globais, o setor de sexual wellness deve arrecadar US$ 108 bilhões até 2027, segundo dados do instituto Allied Market Research.  

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No Brasil quem acaba de investir nessa seara é a cantora Anitta, que lançou a Puzzy, uma deo colonia para a região íntima feminina em parceria com a Cimed. Todo o processo de pesquisa e desenvolvimento do produto foi realizado pelo Instituto Cláudia Marques, centro proprietário da Cimed, e durou cerca de um ano, envolvendo uma equipe multidisciplinar para garantir que o produto não cause ardência.

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Colônias Puzzy para a região íntima, da Anitta com a Cimed

Segundo os fabricantes, sua fórmula é sem álcool e hipoalergênica, além de não conter parabenos. “A Cimed é líder no segmento de cuidados íntimos, com o lubrificante e sabonete íntimo, e agora estamos levando a categoria de fragrâncias que podem ser usadas nas regiões íntimas para as farmácias brasileiras.A parceria com a Anitta representa nossa estreia na indústria do bem-estar”, dizJoão Adibe Marques, presidente da Cimed.  

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Artigo publicado na edição 99 da revista Forbes, de julho de 2022.

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