Queda do Ibovespa impulsiona programas de recompra de ações

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Os papéis das empresas têm sentido a pressão da migração dos recursos da renda variável para a renda fixa.

A recompra de ações ocorre quando uma empresa de capital aberto usa o próprio dinheiro para comprar parte de seus papéis negociados na Bolsa de Valores. Só neste ano, 79 companhias anunciaram programas desse tipo, segundo dados divulgados na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Os maiores motivos para o movimento, segundo analistas consultados pela Forbes Brasil, são dois: o desconto no preço dessas empresas no mercado acionário e o excesso de dinheiro em caixa.

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A Suzano (SUZB3), por exemplo, que adquiriu 20 milhões de ações por R$ 967 milhões, apresenta queda de 24,11% em 2022 e um caixa operacional recorde no segundo trimestre (R$ 5,1 bilhões).

“Várias ações brasileiras estão sendo negociadas a múltiplos bem baixos em relação às suas médias históricas, o que pode ser um motivo para as empresas optarem por fazer recompras junto com os pagamentos de dividendos”, explica Rebecca Nossig, analista de Estratégia de Ações da XP.

A Bolsa barata tem impulsionado esses descontos. Os papéis das empresas têm sentido a pressão da migração dos recursos da renda variável para a renda fixa, reflexo de uma Selic a 13,75% ao ano no Brasil.

Além disso, o cenário global também tem diminuído o apetite por ativos de risco. Se em 7 de junho de 2021 o Ibovespa bateu seu recorde aos 130.776 pontos, este ano o índice chegou aos 96.120 pontos – menor patamar desde 2020, quando os mercados eram assombrados pelas incertezas da Covid-19.

Além dos descontos das ações, Nossig explica que as empresas brasileiras também estão conseguindo gerar bastante caixa, principalmente as do setor de commodities — que apresentam recuperação após um período desafiador.

A Vale (VALE3) está entre as empresas que anunciaram o programa de recompra de ações. Em abril, a mineradora divulgou o maior programa de recompras da lista: até 500 milhões de papéis poderão ser adquiridos pela empresa.

Companhias do setor financeiro também estão realizando recompra de ações neste ano. O Itaú (ITUB4) informou neste mês a intenção de comprar até 75 milhões de papéis preferenciais.

Santander (SANB11), Banco Pan (PAN11) e Bradesco (BBDC4) também aparecem na lista. Henrique Tavares, analista da DVInvest, explica que os bancos, assim como as demais empresas, têm entregado fortes resultados ao longo deste ano.

“Eles têm anunciado programas de recompra justamente por enxergar que o preço das ações está muito descontado, os papéis não estão sendo negociados a um valor justo”, acrescenta o analista.

Tavares afirma que esse movimento é uma alternativa interessante quando a empresa enxerga valor futuro no próprio negócio, além de também ser uma forma de sinalizar aos investidores que, segundo avaliação dos gestores, a companhia está “muito barata” no mercado acionário.

“Na prática, compensa para a empresa comprar a ação com desconto porque, quando ela estiver precisando se capitalizar de novo, ela pode realizar um follow-on com os preços mais elevados. E, com isso, a companhia ganha um spread, sendo uma ótima oportunidade de fazer dinheiro”, diz o analista.

Nossig, da XP, também destaca que, entre os motivos de uma empresa realizar a recompra, também está o de retornar recursos para o acionista. “Com menos ações no mercado, a participação do acionista aumenta. Além dos dividendos, a recompra de ações é considerada outra forma de a empresa recompensar seus investidores.”

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