Quem é Sergio Massa, o ministro da Economia que tenta salvar a Argentina

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REUTERS/Matias Baglietto

Sua expertise está no setor público, onde dispõe de uma grande rede de contatos que lhe permitirá construir consensos.

Sergio Massa sempre foi um personagem ambíguo na Argentina, particularmente dentro da coalizão governante, a Frente de Todos. Carismático e enérgico, ele foi acusado de ser excessivamente oportunista e extremamente ambicioso.

Ele nunca escondeu suas intenções de chegar à presidência. Na eleição de 2015, ajudou a fragmentar o campo peronista facilitando a vitória de Mauricio Macri sobre seu inimigo político Daniel Scioli.

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Crítico feroz do kirchnerismo – assim como o presidente Alberto Fernández – ele concordou em se juntar a uma coalizão eleitoral com Cristina Fernández de Kirchner e outros setores peronistas que derrubaram Macri, mas nunca conseguiram produzir uma estrutura coesa e eficiente para dirigir o governo.

Ansioso para ganhar influência, ele foi alvo de desconfiança de Cristina e Alberto, que bloquearam sua entrada em postos-chave ao longo do naufrágio em câmera lenta que foi o governo Fernández-Fernández. Mas a persistência lhe permitiu construir a imagem de um “salvador”, o único capaz de tirar a Argentina da confusão crítica em que está.

Por algum motivo, ele parece ter finalmente quebrado a resistência psicológica de seus companheiros e “sócios” da Frente de Todos, e agora vai tomar as rédeas de olho na eleição de 2023.

Assim como Donald Trump, o ex-presidente argentino Mauricio Macri gosta de dar apelidos, talvez um hábito aprendido durante os dias em que comandava o popular time de futebol Boca Juniors. Em um de seus atos políticos mais duradouros, Macri apelidou Massa de “ventajita”, que se traduz aproximadamente como “vantaginha”, ou “vantagem mesquinha”. A imagem de Massa ficou prejudicada, e ele até hoje reconhece os danos políticos causados ​​por esse apelido.

Dói porque é verdade, embora isso provavelmente possa ser dito da maioria dos políticos na Argentina e em todo o mundo. Massa foi um político astuto que construiu poder no município de Tigre, nos arredores de Buenos Aires, e uma forte presença no governo federal pela mão de Néstor e Cristina Kirchner, antes de romper com o casal apenas para vencê-los nas eleições de meio de mandato de 2013 e se tornar o catalisador da vitória presidencial de Macri em 2015, como mencionado acima.

Ele substituiu Alberto Fernández como chefe de gabinete em 2008. Sua posição em relação ao kirchnerismo endureceu à medida que ele se distanciou de Néstor e Cristina, alegando em comícios eleitorais que prenderia funcionários corruptos e removeria de cargos oficiais membros da organização política La Cámpora – que responde a Máximo Kirchner, filho do casal.

Macri nunca entrou formalmente em uma aliança política com Massa em 2015, pois seu principal conselheiro político, Jaime Durán Barba, o convenceu de que poderia assumir a Casa Rosada (sede da presidência da República Argentina) sozinho. No entanto, ele o trouxe para uma de suas primeiras viagens ao exterior, ao Fórum Econômico Mundial em Davos, onde o recém-eleito presidente foi saudado como o matador do populismo de esquerda na América Latina.

Ele emprestou seu apoio legislativo a Macri e à governadora da província de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, até a campanha eleitoral de 2017. Até então consolidado como um dos líderes da oposição, ele buscou criar uma coalizão moderada em 2019 junto com o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna e outros, apenas para ser atraído de volta ao lado de Cristina e dos kirchneristas em uma luta anti-Macri.

Pragmático, Massa dirigiu a Câmara dos Deputados ao lado de Máximo Kirchner e é conhecido por ter um ótimo relacionamento com Cristian Ritondo, presidente do bloco Pro no Congresso, e Horacio Rodríguez Larreta, prefeito da cidade de Buenos Aires e principal candidato da oposição para 2023.

Ele tem fortes laços com o setor privado, que muitas vezes foram chamados de espúrios, e uma boa rede de relacionamentos em Washington, incluindo Rudy Giuliani. O boato que circulava há algum tempo era que Massa buscava ir do Legislativo para o Executivo, a fim de ganhar visibilidade e mostrar eficiência em um governo criticado por sua consistente procrastinação.

Ele havia sido um forte crítico do ex-ministro da Economia Martín Guzmán, mas o ajudou a fechar o acordo final com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Por fim, ele se sentiu traído por Guzmán e o acusou de contribuir para o atual mal-estar econômico.

Enquanto a classe política como um todo perdeu a confiança do povo – não apenas na Argentina –, Massa tem taxas proibitivas de reprovação pública com os piores dos piores: Cristina, Macri, Alberto, Kicillof e Máximo Kirchner. Fato injusto ou não, ele também ganhou o apelido de “ventajita” por parte do público que comemora cada movimento seu com uma enxurrada de memes nas redes sociais.

Alvo de desconfiança da oposição, ele sabe que esta é uma oportunidade importante para sua aspiração presidencial. Ele parece profundamente ciente de que a Argentina está presa em uma crise econômica fatal, na qual a inflação deve ser derrotada a todo custo, o que significa reduzir os gastos deficitários e recuperar a confiança.

Sua expertise está no setor público, onde dispõe de uma grande rede de contatos que lhe permitirá construir consensos, e no setor privado, onde conta com o apoio de vários dos empresários mais influentes do país.

Ele completou 50 anos recentemente, tornando-se relativamente jovem para um político que aspira à presidência. Sua ambição é tal que ele está disposto a arriscar, apesar de uma crise que é tanto econômica quanto política.

Alberto e Cristina não pareciam ter outra escolha, já que a taxa de câmbio peso-dólar saiu do controle, a inflação continua a subir e não havia mais ninguém disponível. Ele foi inicialmente bem recebido pelo mercado.

Este artigo foi publicado originalmente no Buenos Aires Times, o único jornal de língua inglesa da Argentina.

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