Para Fernanda Feitosa, criadora e diretora da SP-Arte, conviver com a arte sempre foi natural. Sobrinha dos pintores Roberto Feitosa e Mário Camargo Pacheco, e colecionadora há muitos anos, não foi uma surpresa quando ela decidiu, em 2004, largar a advocacia e seguir para o mundo artístico. “Eu achava muito interessante a efervescência das feiras no exterior. Pensava comigo ‘por que não fazer isso no Brasil, onde temos uma produção artística tão rica e vasta?’”, conta. Sua empreitada se tornou a maior feira de arte do Brasil e uma das maiores do mundo, e traz agora uma edição inédita, mesclando fotografia e artes plásticas sob o tema “Rotas Brasileiras”.
Dezoito anos atrás, quando fundou a SP-Arte, o mercado artístico brasileiro era fragmentado e concentrado. “Existe um mercado antes e um mercado depois [da SP-Arte]. Em um evento como esse, você faz com que os agentes, às vezes isolados numa mesma cidade ou região, se encontrem. Isso aproxima todos, além de promover uma profissionalização.”
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A evolução da feira busca acompanhar as mudanças sociais no Brasil. A edição de agosto deste ano, por exemplo, marca a primeira versão “temática” do evento e a união da SP-Foto com a SP-Arte. “Pós-pandemia a gente se volta pro País, e ao voltar pro Brasil a gente encontra um país muito rico, plural, diverso, com contexto de produções culturais muito diferentes umas das outras – e às vezes pouco trânsito de uma região para outra.”, explica, ressaltando o esforço de criar uma rede diversa e “fora da bolha” para essa edição.
O resultado é positivo: muito além de colecionadores e figurinhas do meio artístico, a SP-Arte tem atraído jovens interessados por artes e pautas sociais. Segundo Fernanda, foi resultado de uma escolha consciente. “Quando você tem recortes em sintonia com as pautas de hoje em dia, tem também uma correspondência de interesse desses jovens.”
De fato, Fernanda consegue transitar por diferentes ambientes com a mesma leveza e trazendo e aplicando aprendizados em cada um deles. “Eu sou uma pessoa exploratória e muito aventureira” explica, se referindo aos momentos de lazer em que gosta de se conectar com a natureza e contemplar, mas que também serve para descrever sua vida profissional.
A seguir, os principais momentos da conversa com Fernanda:
Rotas Brasileiras
“Adotamos uma iniciativa afirmativa. Fizemos uma curadoria em formato de rede; a SP-Arte é uma comunidade que atua o ano todo, então nos baseamos numa rede de galerias e curadores que tinham atuação, por exemplo, no Norte-Nordeste.”
Novos públicos
“O público [da SP-Arte] se rejuvenesce a cada edição da feira, e isso tem a ver com as propostas curatoriais que a gente traz. Quando você tem recortes em sintonia com as pautas de hoje em dia, você tem também uma correspondência de interesse desses jovens. É um trabalho de ano inteiro porque é uma construção de comunidade e de identificação com ela.”
O poder da arte
“Quando você gosta de arte, tem algo mais contemplativo em você mesmo. O fato da minha família gostar de arte provoca essa sensação de contemplar, e estar na natureza é contemplar a paz do silêncio, do encontro.”
A mulher de sucesso
“A gente vive numa sociedade que demanda que nossos sinais exteriores sejam reflexo de sucesso. Mas acho que sucesso é ter a paz interior de que você está construindo um legado a partir da sua existência – e isso é uma coisa que vem com o tempo. O sucesso é uma coisa que a gente vai conquistando junto com essa maturidade.”
Com Sofia Mendes
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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