Segundo spoilers da Rede Globo, os próximos capítulos de Pantanal serão pura emoção. Na trama, Trindade abandonará Irma, grávida do primeiro filho do casal. Alegando que a atitude seria para proteger o bebê, o peão deixará a moça desamparada durante a gravidez.
Apesar de se tratar de uma novela, o abandono paterno é mais comum do que se imagina. E, muitas vezes, o pai não espera a criança nascer para ir embora, abandonando a família quando mulher ainda está grávida, como acontecerá com Irma.
Por isso, a fim de entender os impactos desse comportamento na vida dessa futura mãe, ouvimos Ligia Dantas, psicóloga e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH). Acompanhe e entenda essa conversa.
Não é do dia para a noite
Segundo a especialista, é difícil que o término da relação aconteça de uma hora para outra. Normalmente, esse relacionamento vai se deteriorando por algumas razões e dando indícios do que pode acontecer, como o abandono, por exemplo.
“No caso do abandono durante a gestação, o homem não assume esse papel de pai, afinal, já existe um bebê ali. Com isso, há uma ruptura não só do vínculo familiar, mas em todos os planos do casal, naquela idealização da mulher sobre a família”, comenta Ligia.
Os impactos do abandono da mulher grávida
Antes de tudo, é bom lembrar que essa gestante já está instável, porque a própria gestação causa oscilações nos hormônios. “Com uma ambivalência de sentimentos, isso pode ser intensificado e a mulher passa por um sofrimento psíquico muito grande com o término desse vínculo”.
A psicóloga ressalta, inclusive, um cuidado ao tratar a situação e expõe que atribuir o adjetivo “abandonada” à mulher deixada pelo parceiro acaba denotando ainda mais vulnerabilidade nesse momento.
Outro impacto importante, segundo ela, é o da dúvida. Afinal, antes, o filho era um plano comum, mas, agora, se tornou apenas da mãe. Isso, aliado à instabilidade emocional da gravidez, pode ecoar na dúvida “o que eu faço agora?” e em sentimentos contraditórios.
Essa mulher precisa de apoio
É claro que os desdobramentos da ficção, na maioria das vezes, não caminham com aquilo que acontece na vida real. No caso de Irma, por exemplo, é bem provável que ela tenha um final feliz ao lado do amado. Já nas relações reais, alguns cuidados são essenciais para essa mulher que vivenciou o término na gestação.
“Ela deve procurar apoio psíquico e também sua rede de apoio, como amigos e familiares, que possam observá-la para checar se há algum traço de depressão gestacional. Isso existe e, muitas vezes, precisa de medicação — uma que não cause danos ao feto”, indica a especialista.
Além disso, a busca por um psicólogo ajudará essa pessoa a encarar seus medos, entender essa maternidade de um novo ponto de vista — agora, solo — e até reconhecer qual será o papel desse pai nessa nova história. Assim, um lugar de escuta, sem julgamentos, se faz bastante necessário.
Fonte: Ligia Dantas, psicóloga e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), que atua na área de Reprodução Humana Assistida, na Clínica Mater Prime.