Novvo investe R$ 1,5 milhão para curar a ressaca do happy hour

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Foto: Novvo/ Divulgação

Felipe Rebelatto, CEO e fundador do Novvo

O ano é 2015. Felipe Rebelatto, consultor sênior na Deloitte, resolve ir para um happy hour no meio da semana, sabendo que às 6h da manhã do dia seguinte vai precisar estar de pé para não se atrasar para uma reunião com o cliente. Enche o copo, esvazia o copo, até que a confraternização se estende pela madrugada adentro.

Às 6h da manhã, Rebelatto acorda devagar se antecipando à dor de cabeça que irá enfrentar ao levantar, mas a dor e indisposição não chegam. “Eu estava bem e animado para uma pessoa que dormiu poucas horas, sem entender o que tinha feito de diferente para não ser derrubado pela ressaca”, conta Rebelatto.

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O consultor da Deloitte listou tudo o que tinha comido e bebido ao longo do dia anterior e repetiu a rotina – inclusive o happy hour – outras vezes para tentar descobrir o que evitou a famigerada ressaca. Até que ele identificou um suplemento alimentar manipulado que tomava antes dos treinos na academia e poderia ser o responsável pelo bem-estar depois da bebedeira.

“Eu precisava ter certeza, então fui atrás de pesquisadores e especialistas que pudessem me dizer qual era o componente que tinha ajudado a evitar as dores e a indisposição e como isso acontecia”, diz Rebelatto.

E ele descobriu. O suplemento para a academia continha um ingrediente natural que aumentava a capacidade de absorção de aldeídos no organismo, possibilitando a neutralização do acetaldeído, que é a principal toxina causadora dos sintomas da ressaca. Junto com o pesquisador que identificou a molécula, Rebelatto investigou se existia algum remédio ou outro produto com uma patente registrada para aquela fórmula e não achou nenhuma.

Foi então que ele decidiu que iria registrar a patente e iniciar um negócio: o Novvo.

A pílula antirressaca

O Novvo é um suplemento alimentar, com aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), classificado como antioxidante para a prevenção dos sintomas da ingestão de bebidas alcoólicas. A agência determinou que uma dose é composta por três cápsulas, e para melhor efeito, deve ser feita a ingestão de nove pílulas ao longo de 24 horas.

Desenvolvido por um laboratório canadense contratado por Rebelatto, as pílulas possuem ingredientes naturais para a absorção de aldeídos, além de outras substâncias que ajudam na antioxidação, na proteção do organismo contra radicais livres e na produção da glutationa (substância essencial para o bem-estar no dia seguinte). O suplemento também contém vitaminas do complexo B, C e E, entre outros ingredientes.

Rebelatto afirma que não se trata de um remédio e nem de uma pílula “milagrosa”, mas de um suplemento que alivia os sintomas se ingerido corretamente: a primeira dose deve ser ingerida duas horas antes do primeiro copo. Pode ser reforçada depois de três ou quatro horas se a noite se prolongar.

Em desenvolvimento desde 2015, o lançamento do Novvo aconteceu em abril deste ano. Até então, todo o processo de pesquisa, desenvolvimento, patente, compra de insumos e trâmites legais custaram R$ 1,5 milhão aos sócios.

São eles Felipe Rebelatto, CEO e fundador; Rodrigo Hidaka, diretor de finanças; Thiago Pereira, ex-nadador e medalhista Olímpico dos Jogos Pan-Americanos que entrou como sócio-investidor; e Luciano Pignelli, cientista e pesquisador que ajudou no desenvolvimento da fórmula.

Para o lançamento, Rebelatto criou uma estratégia de ativação de marca focada em dois grandes eventos: o Carnaval da Sapucaí e o Baile da Vogue. ”Depois de dois anos sem festejar, os consumidores estavam com energia de sobra. Ambos os eventos seriam um início importante para a marca”, diz o fundador do Novvo.

Foram distribuídos 12 mil pacotes das pílulas – cerca de R$ 200 mil em custos – para apresentar o produto e validar entre o público. Ao todo, os gastos totais com o estreia chegaram a R$ 700 mil.

Desde então, Rebelatto conta que outros eventos já buscam parceria para distribuição do Novvo entre os convidados. “Já estivemos em festas em Noronha, casas de show no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de alguns restaurantes e bares.”

A pílula antirressaca é uma novidade no Brasil e também lá fora. Em julho deste ano, a farmacêutica inglesa De Fairy Medical viu seus estoques de Myrkl se esgotarem em 24 horas uma semana após o lançamento do produto.

A Myrkl é vendida na Europa. A pílula antirressaca de lá também promete minimizar sintomas como dor de cabeça, desidratação e tontura com a ingestão de dois comprimidos antes da bebedeira.

Um pacote com 30 cápsulas, ou 15 doses de Myrkl custa £ 30 (R$ 190,00). Aqui, 18 doses do Novvo estão sendo comercializadas por R$ 156,10.

Expansão do Novvo

Com três meses de operação, Rebelatto conta que a média de vendas diárias está em R$ 2 mil, com uma taxa de clientes recorrentes no último mês de 22%.

A expectativa do fundador é atingir o breakeven (quando os custos equivalem às receitas) em dezembro deste ano, com uma projeção de faturamento em 2022 acima de R$ 1 milhão. Para 2023, a meta é aumentar as vendas em 230%.

Para isso, o foco dos negócios agora está na estratégia digital e na parceria com pontos de venda físicos. Além do ecommerce próprio e do Instagram, o Novvo será comercializado a partir de setembro em plataformas de delivery como iFood e Rappi, e em marketplaces de produtos de bem-estar como o da Raia-Drogasil.

Já os pontos de venda física são em bares, restaurantes, casas de shows e casas noturnas. “Estamos fechando parcerias em núcleos urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife”, diz Rebelatto.

O CEO do Novvo também espera que os eventos do segundo semestre, como a Copa do Mundo, o Natal e o Réveillon, sejam estratégicos para o crescimento das vendas. “O mais difícil a gente já descobriu, que é a fórmula antirressaca. Agora o maior desafio é conseguir fazer com que o público prove o produto, entenda e comprove para que ele serve”, diz o fundador.

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