Ações da BRF caem mais de 10% após resultado trimestral “dúbio”

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Rodolfo Buhrer/Reuters

Logo da BRF fotografado em unidade de Curitiba

As ações da BRF desabavam nesta quinta-feira (11) mesmo após resultado trimestral mostrar melhora operacional acima das previsões do mercado. Analistas ponderam que ainda há um espaço para a empresa percorrer antes de atingir níveis de rentabilidade normalizados.

Às 13:13 (horário de Brasília), BRF (BRFS3) caía 10,49%, a R$ 15,36, com o pior desempenho entre as ações do Ibovespa, que subia 0,16%. No pior momento, os papéis chegaram a R$ 15,05 .

No ano, a ação acumula um declínio de mais de 30%.

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O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia de alimentos alcançou R$ 1,368 bilhão no período de abril a junho, alta de 7,7% ano a ano e acima das expectativas de R$ 1,202 bilhão.

Ainda assim, a companhia de alimentos teve prejuízo líquido de R$ 468 milhões, com desempenho pior do que o esperado, impactados por dois eventos não recorrentes no trimestre: dívida designada como “hedge accounting” e hiperinflação na Turquia.

Analistas da XP Investimentos consideraram os resultados da BRF positivos, mas “dúbios”, observando que a empresa apresentou uma sólida melhora no segundo trimestre ajudada pela base comparativa mais fraca do primeiro trimestre, mas também crescendo no faturamento e Ebitda ano a ano.

No entanto, destacaram em relatório a clientes que as margens do setor vêm melhorando constantemente desde março, com preços mais baixos da ração –milho e farelo de soja– e preços mais altos da carne de frango.

“Portanto, apesar do Ebitda ajustado acima do esperado, vemos a estratégia de ‘ajuste na cadeia produtiva e no equilíbrio dos estoques’ do primeiro trimestre deixando um retrogosto amargo, apesar do claro benefício do viés retrospectivo”, afirmaram Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.

A equipe da XP também acrescentou que, apesar de os fundamentos terem melhorado para a BRF após a acomodação dos preços das rações, juntamente com o aumento da demanda e preços mais altos, “um turnaround costuma ser muito mais profundo e demora mais do que parece à primeira vista”.

Analistas do Itaú BBA também avaliaram que o pior parece ter passado para a empresa, que sinaliza estar no caminho certo para entregar uma recuperação sequencial de lucratividade. Mas apontaram que há mais espaço a percorrer antes de a BRF atingir níveis de rentabilidade normalizados.

Gustavo Troyano e equipe classificaram como “impressionante” o turnaround da companhia após os resultados do primeiro trimestre de 2022, mas avaliaram que uma parte significativa da melhora na base trimestral já era esperada pelo mercado. O Itaú BBA tem recomendação ‘neutra’ para as ações BRFS3.

Um pouco mais otimistas, analistas do Bradesco BBI que têm recomendação ‘outperform’ para os papéis e afirmaram que os resultados devem continuar melhorando sequencialmente

Leandro Fontanesi e Victor Romano citam perspectiva de fortes exportações brasileiras de frango, em razão de casos de gripe aviária na Europa e Estados Unidos, que podem manter a oferta global de frango baixa e apoiar a troca de proteínas mais caras, como carne bovina, para frango.

Eles também veem tendência de queda dos custos dos grãos, dado o aumento das taxas de juros nos EUA, o enfraquecimento da demanda chinesa por grãos e os preços mais baixos do petróleo.

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