Brasil poderá vender farelo de soja à China em até 2 meses

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Jorge Adorno/Reuters

Carregamento de soja

Após a recente abertura do mercado chinês para exportação de farelo de soja do Brasil, a habilitação das indústrias que poderão embarcar o produto ao país asiático deve ocorrer entre um e dois meses, disse nesta segunda-feira o ministro da Agricultura brasileiro, Marcos Montes.

Segundo ele, as vistorias nas unidades produtoras serão realizadas por autoridades do governo do Brasil.

“Faltam inspeções do governo, não é habilitação chinesa, é o próprio governo… é natural uma visita, vistoria, (que) um mês, dois meses, ainda vai levar”, disse o ministro a jornalistas nos bastidores de um evento em São Paulo.

O início dos embarques, de fato, vai depender da agilidade dos processos de inspeção e da “resposta dos empresários que têm esse interesse”, acrescentou Montes.

A abertura do mercado chinês para o farelo foi confirmada na última semana. A medida foi longamente esperada pelo setor, que até o momento vende soja em grão para China, mas quer expandir vendas do produto de maior valor agregado.

Montes ainda ressaltou que exportações de milho para a China podem acontecer entre dois e três meses, visto que estão avançando as adequações nos protocolos para que o produto da segunda safra 2021/22 possa ser enviado.

Exportação de farelo de soja

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, explicou que, inicialmente, as habilitações das esmagadoras de soja seriam realizadas diretamente por autoridades da China, porém o Ministério da Agricultura (Mapa) negociou a regra e as aprovações poderão ser feitas pelo Brasil.

“Então, o Mapa vai visitar as plantas com os fiscais que ele já tem e vai habilitar. Se a planta estiver seguindo todos os requisitos, eles colocam no sistema para os chineses”, afirmou.

Até o momento, não há um cronograma para a realização das visitas técnicas nas unidades, porém uma reunião entre o governo e o setor está prevista para acontecer na sexta-feira.

Segundo Nassar, a expectativa é que este detalhamento seja disponibilizado na reunião. Ele concordou, no entanto, que em dois meses é possível ter uma lista de unidades habilitadas.

Quanto ao embarque do farelo, de fato, Nassar acredita que vai depender da situação do mercado.

“Quando a soja estiver mais cara que o farelo, ele (China) vai comprar farelo”, disse. Sendo assim, os volumes enviados aos chineses podem ser diferentes de acordo com os tamanhos das safras e o comportamento dos preços.

“A demanda deles (chineses) é que vai mandar.”

Do ponto de vista de produção, o presidente da Abiove disse que a ideia não é tirar o farelo que é utilizado no mercado interno para exportar para a China, é trabalhar com excedentes.

Em 2022, o processamento de soja do Brasil deve girar em torno de 48 milhões de toneladas, mas a capacidade produtiva é de 55 milhões.

Caso a demanda por biodiesel aumente no ano que vem, também haverá elevação de produção para o farelo –considerando que ambos são subprodutos relacionados no processo industrial da soja.

“Acho que com o biodiesel crescendo um pouco, vamos chegar logo nos 55 milhões de toneladas processadas… Se isso acontecer, serão 4 milhões de toneladas a mais de farelo, de uma produção atual entre 35-36 milhões de toneladas, é um volume bom.”

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